segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Escrevendo um Romance 10ª Parte

CAVALEIROS E EXORCISTAS

©2011 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.


O SEGUNDO ENCONTRO DE AQUILES E YARA

Já estava amanhecendo quando o pajé serviu em um pote de barro as ervas misturas com água e mel para o monsenhor Aquiles beber. Ele parecia resistir as goladas e engulhava a cada digestão do remédio.
Enfim, após a luta entre estomago e liquido, o monsenhor descansou. Dormiu como uma criança como não fazia há muitos dias. Michelangelo ficou mais tranqüilo e com pensamentos de esperança foi avisar os outros.
Continuamos a trabalhar na aldeia. Fui colher umas verduras frescas para o nosso almoço, quando um índio me veio dizer que o monsenhor havia despertado. Vossa Santidade sabe que não acreditava no poder das ervas mágicas do pajé, mas depois mudei de idéia e pretendo levar algumas como presente para Roma.
Monsenhor Aquiles estava com a aparência melhor que antes. Perguntou o que aconteceu como se sua memória tivesse sido devorada pela febre e o desânimo. Contei-lhe os últimos momentos até onde ele acordara. Pasmado com o que lhe falei ele não acreditara no que lhe aconteceu.
Enrico e Michelangelo perguntaram se ele sentia fome e resolveram leva-lo para um banquete na cabana grande. Eu o olhei indo embora e pensei se valeria apenas tocar no assunto da deusa Yara. Pensei e conclui que falar da deusa poderia leva-lo a febre novamente e então resolvi esquecer tudo relacionado a ela.
O tempo passou e Aquiles continuou treinando espada e ajudando os guaranis. Nem parecia que ele esteve doente alguns dias atrás. Em nenhum momento ele tocava no assunto ou no nome de Yara. A febre realmente havia apagado a sua memória, ou talvez, na pior das hipóteses, o monsenhor estaria fingindo.
Passado mais alguns dias, Aquiles veio até a mim e com um olhar amedrontado dizia que ainda tinha a Sucubus lhe assombrando o sono. Francamente falou que não havia esquecido Yara e que por mais que tentasse o pecado do desejo persistia. Com pesar senti novamente pena do monsenhor e resolvi falar sobre o encontro que tive com Yara para cura-lo da febre.
Ele ouviu tudo em silêncio e depois cerrou os dentes ao saber que o amor que tinha por Yara estava sendo disputado por seu maior inimigo: Atila.
De sua boca brotou impropérios que jamais pensei que um monge poderia dizer. Ameaçou a e rogou pragas a linhagem de Atila e jurou que quando o encontrasse seria para ver seu rosto ser desfeito pelo golpe de sua espada.
Para acalma-lo disse que Yara o estava esperando na beira do rio. O monge de inicio indagou por que não falei antes. Eu disse que temia pela sua saúde. Depois, ele se fez entender e me perdôo e em seguida em desabalada correria foi para a mata.
Preocupado eu o segui pela floresta adentro. Quando pensei tê-lo perdido o encontrei na beira do rio ajoelhado esperando por sua amada. O fenômeno mágico aconteceu e novamente Yara apareceu para o monsenhor fazendo um sorriso largo aparecer em sua velha face.
Ele entrou no rio e nadou até onde estava a sereia. Os dois se entreolharam e quase simularam um abraço. Contudo, Yara estava com um olhar ríspido e assim sendo resolveu iniciar a conversa. Disse que sabia dos sentimentos que o monsenhor nutria por ela e que este amor seria impossível de se concretizar.
Aquiles indagou se ela não sentia nada por ele. A sereia ficou calada e depois respondeu que também sentia algo pelo monge, mas também nutria sentimentos por Atila. Aquiles não entendia como uma deusa poderia gostar de um ladrão assassino.

Ela pediu para Aquiles não reprimir seus sentimentos, pois ela afirmara que o amor não escolhe. Aquiles apelou então para que ela tivesse discernimento entre o bem e o mal e que ela deveria ver Atila como um representante de Satã na terra.
A sereia replicou que ela estava acima dos conceitos dos homens e que o Satã não fazia parte de seu mundo. Porém, entendeu que Aquiles é um homem que quer a paz mesmo fazendo o uso da força para tal intento.
Aquiles disse que sua febre fora causada por Satã que viu que ele estava amando o impossível. Chorou diante da deusa como uma criança pedindo uma cura para a paixão que ardia em seu coração. A sereia como que sentisse culpa aproximou os lábios nos do monsenhor. O beijo o acalmou e por um instante o tempo parecia parar diante de tal momento mágico.
Após o beijo Yara mergulhou e somente a sua cauda de peixe apareceu para em seguida sumir nas profundezas do rio cristalino. Mais uma vez Aquiles ficou sozinho com o seu olhar pesaroso e vendo que não mais veria Yara, saiu da água cabisbaixo. Fui ao seu encontro e contei que vi tudo. Ele não disse nada e colocou a mão em meu ombro e foi embora. Percebi que depois deste encontro muita coisa iria mudar.


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