domingo, 29 de maio de 2011

Plastimodelismo: esculturas de papel


Quando eu era menino adorava as action figures. Aqueles bonecos de plásticos de super-herois e que muitas vezes eram alvo de preconceito por parte de muitos pais. Os meus, por exemplo, achavam que 'esse negocio de boneco' era algo afeminado. Que somente as meninas podiam ter estas coisas e que 'homem que é homem' brinca de carrinho ou bola de futebol.
Cresci meio frustrado com isto. Meus amigos de rua e de escolas tinham os bonecos do He-Man, dos ThunderCats, Rambo e Comandos em Ação. Para aplacar a frustração eu confeccionava os meus proprios brinquedos: pegava vasilhames de desodorante e outras coisas velhas e fazia meus bonecos de herois. Cheguei a fazer tantos brinquedos que minha mãe achava que eu estava guardando lixo no quarto. Ironicamente ela sempre achou a ideia de fazer brinquedos criativas e apoiava as minhas criações. Eu tinha o Jaspion, o Pirata do Espaço, naves espaciais... Tudo feito por mim.
Depois, meus pais me deram bonecos do Playmobil e até uns bonecos do Transformers mas aí, já era, eu estava tão fascinado pelas minhas proprias criações que os bonecos que passavam na tv não me animavam mais.


Ultimamente graças a um amigo do trabalho eu estou no ramo da plastimodelismo. Para quem não conhece o termo é sobre a arte de fazer miniaturas de objetos reais como castelos, carros, aviões... Existem vários sites e blogs onde podemos conhecer fãs desta arte muitas vezes marginalizada.
Ontem eu construí um cavaleiro medieval, todo em papel, levei umas quatro horas para faze-lo. O plastimodelismo parece dificil no inicio pois, as vezes o objeto construido requer muitas peças e que são muito pequenas. 
   
Como requer uma paciência do praticante, algumas pessoas desistem de montar devido o cuidado das peças. Porém, não tem nada mais motivador depois que você vêr a sua obra constuida. É por isto, que estou levando o plastimodelismo para a escola. Uma turma do fundamental da EJA trabalhou e gostou, agora vou continuar a ideia e ver o que eles podem fazer!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Expressionismo, Simbolismo e Surrealismo: medo e fetiche

Alguns movimentos artisticos conseguem chamar atenção mais que outros por alguns motivos na história. Uns são 'bancados' por autoridades clericais ou burguesas, outros por mecenas. No fim, a relação poder financeiro e ideologia de uma classe dominante transparece em muitos trabalhos artisticos.

Porém, existem aqueles casos, ou anomalias do mundo da arte que fogem ao controle das classes poderosas. Um exemplo da qual citei em um artigo anterior foi o Realismo. Aliás, depois do fim do século XVIII muitos artistas tentaram 'sair da saia' do clero e dos reis e imperadores. Esta busca por independência na maioria das vezes irá gerar um conflito. Teremos artistas incompreeendidos e que não gozarão do estatus que mestres como Leonardo Da Vinci, Michelangelo e Dürer tiveram em vida.

O exemplo clássico é do Van Gogh. Quando se quer fazer uma crítica negativa ao mundo das artes ele é sempre citado. A não valorização em vida de seu talento criou imagem de que todo artista irá morrer pobre e falido. Logicamente, se examinarmos com mais afinco a história da arte iremos encontrar em quase mesma proporção artistas que consiguiram exito ao lado de fracassos.
Mas o que o expressionismo, o Simbolismo e o Surrealismo tem com isso? As vanguardas européias, foram a forma mais transparente que o artista encontrou para dizer que não queria ter seu trabalho sufocado pelos mandos de um mecena. Nã á toa irá surgir muitas exposições das chamadas artes rejeitadas ou degeneradas. Estas obras na maioria das vezes não tinham o mundo greco-romano como influiencia e quando tinham eram para ser alvos de crítica do artista. Esta crítica ao mundo grego serve de combustivel para também criticar a sociedade como um todo: questionamentos a religião, a ciência, a familia, ao governo...
         
Os Simbolistas e os Expressionistas mostram o íntimo do ser humano nem sempre nobre ou heróico como gostavam os amantes da arte clássica. As imagens grotescas de nu ao lado de monstruosidades como Odilon Redon e Fusili mostram foram mal vistas no início e somente com o aparecimento do Expressionismo e do Surrealismo ganharam estatus de grande arte. O Expressionismo como o título sugere, é a maneira como o artista enxerga o mundo não com os olhos mas, com o sentimento que muitas vezes pode ser de medo ou repulsa. Edward Munch com o 'Grito' trouxe o medo da solidão e da loucura para o mundo das artes.

Depois do Expressionismo, o estudo do homem e sua psique serão um mundo a ser desvendado. Será o período em que a psicanalise irá surgir e  a obra de Sigmund Freud, "A Interpretação dos Sonhos", enfluenciará artistas como Salvador Dalí e Man Ray além de forma indireta Marcel Duchamp. Estamos em pleno século XX e a eclosão das duas grandes guerras quando estes movimentos apareceram.
   
O fetiche (desejo por algo ou alguem que lhe de prazer e satisfação) e a crítica a valores familiares e religiosos serão imagens recorrentes no trabalho destes artistas surreais. Por trabalharem com os conflitos internos do homem estes movimentos de vanguardas seriam duramente criticados, pois no fundo ninguem quer confrontar os seus monstros internos. Não é por acaso que a base da arte Surrealista são os sonhos e pesadelos que na verdade são depositos de nossos medos e desejos mais intimos que guardamos para nós mesmos  e que não admitimos que temos!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Expressão artistica (brincando com o computador)

Como eu estava dizendo em meu artigo anterior sobre arte para a EJA. Penso que o mais importante para atrair os alunos para as aulas de arte e faze-los entender que a expressão é tudo! Claro, que a técnica é muito importante. Como bem pensou Aristoteles sem ordem não há conhecimento e verdade. Quando ele fala da tecné ele literalmente está falando de formas de saber que todos nós temos.




Por isto penso que o aluno possui a sua tecné. Muitas vezes adormecida ou vista como inferior em relação ao conhecimento 'absoluto' do professor. O aluno chega a achar que não possui conhecimento e que não pode ser criativo. Eu comparo o adulto a uma criança que infelizmente possui amarras que impedem que ele se liberte. Essas amarras podem ser sociais, religiosas e até econômicas.
Não pretendo fazer uma propaganda da autonomia pregada por Paulo Freire, ainda mais que nem sou tão leitor assiduo de suas obras. Porém, reconheço a importância da autonomia para que o aluno seja livre e assim possa ter acesso ao conhecimento que muitas vezes parece distante de sua realidade.
Aproveito a oportunidade para postar trabalhos feitos pelos meus alunos do fundamental para exemplificar o que venho falando. Nestes trabalhos usamos a tecnologia do computador, mais precisamente da ferramenta do paint brush. Apesar de suas limitações podemos através de modo ludico explorar a capacidade motora e criativa do aluno. Além do mais. percebemos que muitos alunos tem pouca ou nenhum contato com a máquina. O que para o nosso mundo competitivo e moderno é quase inconcebível.

Projeto de monografia Parte III

Continuando a postagem da monografia de pós-graduação intitulada de 'Das Palavras de Dante ás Imagens de Bosch'. Sei que é chato ler tudo em pedaços. Mas aqui é como novela em capitulos mesmo! Se Deus quiser pretendo transforma-la em um livro:

A teologia está explicita na obra de Dante Alighieri. Os maiores teólogos da Igreja foram Santo Agostinho (354-430), Alberto Magno (1200-1280) e Tomás de Aquino (1225-1274). Em 1240 Alberto Magno começou a ensinar em Paris divulgando a filosofia aristotélica que mais tarde apareceu nas obras de Tomás de Aquino, já que este mais tarde estudou em Paris. “Ordenar é o oficio do sábio” frase proferida pelo filosofo grego seria o seu lema para organizar a hierarquia angelical e a divisão do Inferno e do Paraíso. No fim, Tomás de Aquino mesclou em seus tratados filosóficos elementos de Alberto Magno e Santo Agostinho.
Agostinho era um defensor ferrenho da fé sobre a razão. Sua obra A Cidade de Deus era impregnada do pensamento platônico, na qual o mundo terreno era uma representação imperfeita do Paraíso. Por isto, ele acreditava haver duas cidades: a cidade terrena (pecaminosa) e a cidade de Deus (o Paraíso simbolizado pela Jerusalém Celeste). A esta idéia de dois mundos concretos e divisórios o poeta Dante descreveria na Comédia. Tomás de Aquino estudou além dos filósofos gregos o matemático Ptolomeu (ac. 85-dc. 165). Vale citar que Ptolomeu era categorizado como autor profano pela Igreja. Porém, sua matemática serviu como epstema para sustentar o pensamento geocêntrico (a Terra como centro do sistema solar).
Como demonstra a influência de Tomás de Aquino em sua obra Dante em sua poesia se ocupa com as hierarquias angelicais (tronos, querubins, serafins e arcanjos) e as ordens de divisão no Inferno e no Paraíso ligados a tipos variados de pecados (os sete pecados capitais: Luxúria, Inveja, Ira, Avareza, Preguiça, Gula e Vaidade). Na Comédia de Dante todas estas ordenações aparecem demonstrando sua simpatia pela teologia de Agostinho e Tomás de Aquino.
 Um ponto importante que irá caracterizar o cristianismo medieval e que ficará transparente em obras de arte do século XIV e XVI e que inicia com as Cruzadas é a identificação dos fieis da Igreja com um Cristo sofredor na cruz, como relata Le Goff: “(...) a religiosidade evoluiu a tal ponto que dessa época em diante passa ao primeiro plano a representação do Cristo sofredor: o século XIII é o século da Paixão”.(LE GOFF, 2008, p. 100) já não bastava o servo trabalhar para o senhor feudal e associar sua lida na lavoura a uma purgação para poder purificar o espírito e assim ir para o céu: “O trabalho, para o homem medieval, não tem realmente valor material: é ingrato, pesa sobre o corpo. Em compensação, apresenta uma face espiritual, inventiva (...)” (APUD, 2008, p. 77).
Para que a vida não se torne um eterno sofrer na Terra o Purgatório se tornou o lugar ideal para que o homem cristão medieval e vacilante pudesse ter uma chance as muitas moradas no Paraíso. Tanto Santo Agostinho, Cesário de Heisterbach como Tomás de Aquino, os doutores da Igreja, legitimaram um lugar entre o Inferno e o Paraíso, onde o homem possa expurgar seus erros entre os sete pecados estabelecidos nos dogmas católicos.
Esta preocupação do homem com a morte, a partir da legitimação do Purgatório se estende com temor ao desconhecido e um apego somente à teologia e crenças adversas. Estas crenças ganharam força com as derrotas nas Cruzadas em tomar Jerusalém e principalmente com a Peste Negra que dizimara grande parte da população nas cidades da Europa. O jornalista francês Jean-Luc Majouret no artigo A morte obsessão onipresente(2008), percebe que as invasões bárbaras e as guerras santas fizeram o homem medieval ter uma percepção de vida após morte negativa com visões aterradoras com bestas e seres demoníacos:

A cristandade se converteu numa fortaleza sitiada - na realidade, pelos turcos e pelos tártaros; na fantasia pelas forças do Mal. Nesses anos, em Toscana, Tadeo di Bartolo pintou os afrescos da igreja de San Giminiano, colocando no centro do Inferno um Lúcifer gigantesco, com cabeça de ogro chifrudo e mãos poderosas a dilacerar os condenados. A seu redor, os demônios estripavam os invejosos, faziam os avarentos vomitar, impediam os gulosos de comer os pratos de uma mesa copiosamente servida, açoitavam os adúlteros enfiavam estacas acesas no sexo das levianas. As visões de Hieronymus Bosch não tardariam.(MAJOURET, 2008, p. 55-56).

O homem da Idade Média vivia pelos preceitos ditados pela Igreja. Toda a sua fé gira em torno de dogmas que às vezes esbarram em contradições. Logicamente que estas contradições não surgiram na própria Idade Média, mas antes mesmo da formação da sociedade européia. A própria formação greco-romana, cheia de amálgamas culturais e que depois foram adotados pelo homem europeu.

1.3-Demônios e diabos

            O que seria do belicismo se não houvesse Deus e o Diabo? Não existiria. O homem do medievo transitava em meio à batalha titânica entre duas forças superiores. Para compreendermos como isto se manifestava voltemos aos princípios de base da mentalidade medieval: a hierofania, o belicismo, o simbolismo e o contratualismo.
A visão sobrenatural da natureza e a sua linguagem de leitura desta pelo homem medieval seria a hierofania e o simbolismo, na qual o homem divinizava e interpretava fenômenos naturais dando-lhes um ar místico. A posição humana diante do bem e do mal e como o homem lida com estas forças através de pactos são o belicismo e o contratualismo.
O temor e a hierofania de certa forma fortalecem o belicismo. Para o homem medieval a crise da colheita em épocas desfavoráveis, a peste e a escuridão da noite sem luz artificial para iluminar eram os esconderijos perfeitos para criaturas estranhas: os demônios. O Diabo seria uma mistura dos elementos bíblicos com mitos pagãos que a Igreja precisou anexar para poder se expandir na Europa. Elementos da Grécia foram convertidos ou sofridos releituras por teólogos. O próprio conceito de demônio que para os gregos significava o espírito de herói como atestou Luther Link em O Diabo: a máscara sem rosto (LINK, pg. 25-26, 1998) foi convertido em possessão por um ser maligno. Mas, a demonização iniciou-se bem antes da própria Igreja.  
No século II a.C em Roma o culto a Baco era ao mesmo tempo incorporado e negado. Por ser um resquício da cultura grega, o culto a Dionísio, foi sendo assimilado pelos romanos. Porém, o crescimento na comunidade de adeptos de Baco que pejorativamente eram vistas como heréticas pelo senado romano, devido a seus rituais de orgias e homossexualismo e até possíveis sacrifícios humanos levou a medidas extremas de prender e expulsar de Roma e até ações violentas de morte aos cultuadores de Baco.
De certa forma a maneira como os romanos culturalmente viam outras culturas de forma negativa, porém sofrendo sincretismo acabaram refletindo na Idade Média, tempos mais tarde. Se a Roma do século II proibia o homossexualismo e era totalmente favorável a formação familiar monogâmica e por vezes perseguia povos como os essênios e os hebreus. A Igreja repetiria ações semelhantes ao persistir na perseguição aos judeus e demonizando ritos de outras religiões (não podemos esquecer que a Inquisição e as Cruzadas foram modos de ataque da Igreja contra inimigos não cristãos).
Tudo isto por causa da Cristandade, a defesa dos ideais da Igreja, que incluíam a demonização e a destruição do ‘inimigo herege’. Os demônios que nem sempre se pareciam com as criaturas híbridas da arquitetura laica das igrejas góticas ou com as pinturas dos artistas mais fervorosos. O Diabo não possui uma face definida, aliás, de acordo com a necessidade da Igreja ele mudava de aparência: poderia ser o deus Baco, um deus babilônico ou mesmo um animal feroz. O que mais chama atenção seria a relação dúbia entre o Diabo e Deus: “Por inferência, o Diabo é usado por Deus, trabalha para Deus em certo sentido, não está em conflito com ele. Se isto parece teologicamente infundado, não obstante é a base comum da maioria das discrições do Inferno. Assim, não surpreende que a Igreja não tenha dado contornos nítidos à iconografia do Diabo. O mal do Diabo requer evasivas” (LINK, 1997, p. 21).
Outro ponto importante é o conceito de pecado, aliás, o termo ‘pecado original’ foi estabelecido pelo papa Tertuliano e a relação do homem com o Diabo sobre os erros humanos e como Cristo se tornou o centro da salvação humana. Para alguns teólogos como Agostinho e Tomás de Aquino, havia um resgate a se fazer que era resultado do pecado e da justiça divina, e por outro lado uma dívida entre Deus e o Diabo. Enfim, o que permaneceu é a crença do resgate o que influenciou escritores que debruçaram sob o tema –o próprio Dante era um destes casos.
Para o homem do mundo híbrido laico-cristão, recorrer seja a qualquer uma das forças não era ruim. Pelo contrário, talvez o conceito de mal fosse o grande ponto de discussão, já que o próprio conceito de demônio nem sempre designava algo prejudicial para as culturas não cristãs. A própria Igreja não consegue distinguir a ação do mal praticando a Inquisição, onde milhares eram mortos na fogueira, ou incentivando as violentas cruzadas. Tudo por uma afirmação de fé no belicismo. Em destruir o ‘difamador’, o que era a tradução literal para o Diabo. Realizar o mal em favor de um bem maior não parecia contraditório para os homens da Idade Média.
O conceito de mal estaria bem melhor estabelecido nos dias de hoje, mas, não ainda bem delimitado no comportamento humano ou na ação dos seres superiores com bem coloca o estudioso Jeffrey Burton Russel em seu livro O Diabo: A percepção do Mal da Antiguidade ao cristianismo Primitivo (1991): “A essência do mal é a violência contra um ser senciente, um ser que pode sentir dor. O importante é a dor. O Mal é percebido logo pela mente, e sentido imediatamente pelas emoções; é como um ferimento causado deliberadamente. A existência do mal não exige maior prova: existo, portanto sofro com o mal” (RUSSEL, 1991, p. 01).
O belicismo seria responsável por criar personalidades únicas em meio à sociedade medieval, no caso os eremitas e os monges. Enquanto os monges se abrigavam em conventos perto da cidade e às vezes suscitavam descrença e duvidas na população por atitudes que colocavam a fé na Igreja em xeque. Os eremitas ou anacoretas tomavam a fé cristã ao pé da letra, se isolando e se abstendo do mundo material. Muitos deles se dirigiam para o deserto assim imitando a Cristo que foi para o deserto ao ser tentado pelo Diabo, como estava descrito no Evangelho de São Mateus. O mais popular destes eremitas foi Santo Antão (251-356) ou Santo Antão do Egito, considerado o pai dos monásticos.
Sua vida se tornou lenda entre as comunidades da Idade Média, fazendo dele um ícone de fascinação para escritores e pintores do período. O misto de ter sido tentado pelo Diabo e depois realizado milagres fez de Santo Antão um símbolo do belicismo. (continua)


sábado, 7 de maio de 2011

Projetos educacionais em artes para EJA

Quando iniciei este blog, a ideia era de com ele eu podesse corresponder com amantes das artes, literatura, cinema, teatro e cultura em geral. Acho importante que eu como docente de artes exponha o seguinte pensamento: a função de um professor de arte não é criar artistas pois, a escola não é uma oficina ou um liceu. Também não vejo como função de professor de arte enfeitar murais ou escola somente com o pretesto de deixa-la 'bonitinha' para os pais dos alunos verem.

Muitos professores de artes acreditam que colocar o aluno para fazer releituras de obras famosas já estariam estimulando o aluno a gostar de artes. Tive experiencias com crianças e agora com jovens e adultos e percebo uma coisa comum: a ideia de arte para muitos deles ainda é ligar ao mundo figurativo, mais especificamente a reprodução de uma suposta realidade. O que se assemelha a busca passada pelos gregos pela mimese.
Penso que a reprodução da realidade não é o mais importante. A técnica de linguagem visual é uma parte do todo do que é a arte. Existem muitos artistas que tecnicamente desenham ou pintam muito bem porém, sua arte não emociona ninguem. Por que? Porque como provou Courbet, Monet, Paul Gauguin e claro Duchamp, a tecnica não pode engolir a poética.
Em um artigo que postei aqui chamado de 'Arte conceitual: que diabos é isso?' em fevereiro, eu procurei demonstrar que a poética é a intenção que leva o artista a produzir algo. Os egipcios tinham a religião e a morte como motor para criar sua arquitetura. Os renascentistas os principios humanistas e no nosso mundo pós-moderno os ecos de critica e ironia das vanguardas sobre a sociedade.

Sem uma intenção não existe uma produção artistica. A arte somente pela técnica em si é vazia. E ninguem mesmo os leigos em arte não gostam de coisas vazias. O que nos faz gostar de um Leonardo da Vinci não é a capacidade figurativa mas, o porque dele ter dado a Monalisa um mistério visual único.
Em minhas aulas gosto de falar aos meus alunos sobre a intenção e como o mundo molda o artista e vice e versa. Adotei trabalhar com projetos nas quais estimulo as criações individuais e críticas deles. Muitos podem não entender as aulas de inicio mas sei que muitas coisas acabam ficando em suas mentes. Isto para mim é arte.
Um exemplo é um projeto de xadrez para o ensino fundamental em que os alunos criam suas próprias peças de tabuleiro. O aluno vai olhar para si mesmo e criar o seu rei, sua rainha e peões. Muitos alunos por jogarem RPG e videogames criam seres fantásticos e inspiram-se em obras literárias como a de J. R. Token. As peças de tabuleiros acabam  se transformando em  pequenas esculturas que transmitem o mundo do aluno.
Outro projeto é estimular a confecção de caixas de guarda bijuterias, para comemorar o dia das mães. O aluno fica livre para buscar em si mesmo sua estética para dar forma a caixa: o uso de cores, o tamanho da caixa é a identidade do aluno e como ele vê  data comemorativa.

Também trabalho com a fotografia para aguçar no aluno o olhar de ver que em sua cidade existe obras   a céu aberto e que nem sempre a arte é algo elitizado e distanciado de suas vidas. Em suma cabe ao professor testar ideias e fazer as pessoas refletirem sobre as suas vidas e a sociedade em que estão inseridos, pois e disso que é feita os trabalhos artisticos.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Sessão sai capeta II: Eram os deuses Astronautas?

O mundo possui muitos mistérios! Relatei anteriormente neste blog sobre os fenômenos sobrenaturais que assombram nossa vã filosofia. Dentre estes muitos mistérios um dos mais interessantes é sobre  a relação de divindades e alienigenas, que vez ou outra aparecem nas discussões de ufólogos e detratores.
 
Mas de onde surgiu a ideia de que deuses e E.T's teriam algum parentesco? Tudo começou no final dos anos 60, quando o escritor alemão Erich Von Däniken lançou o seu controverso livro 'Eram os Deuses Astronautas?'. Neste livro Däniken propôs que muitas culturas magnificas como a egipcia, a babilônica e as da américa central teriam sua evolução atribuida a contato com seres superiores de outro planeta. É por causa deste contato entre seres do espaço e estes povos que Däniken explica  como o homem conseguiu erigri pirâmides e estátuas gigantes e conceitos matemáticos complexos.
  
Os deuses na verdade seriam estes seres espaciais visto com submissão e respeito pelos povos primitivos. O que talvez explicasse os aspectos fisicos estranhos (gigantes como os titãs, ou seres alados como anjos, dragões e demônios). Para o autor todo o misterio da origem do homem e do universo estaria em respostas deixadas por estes seres superiores do espaços que foram eleitos como divindades.
   
Não tardou muito e historiadores, antropologos e arqueologos taxarem as teorias de Däniken de ilógicas e fantasiosas demais. Talvez por terem ganho este aspecto é que o cinema se apropriou das ideias dele. No recente filme que ja relatei THOR, os deuses seriam alienigenas que ultrapassam um 'buraco de minhoca', uma espécie de passagem para outras dimensões e chegam a Terra.

Este aliás não foi o primeiro filme a usar esta teoria como roteiro, basta lembra de Stargate. Neste filme um arqueologo consegue viajar no tempo e parar no Antigo Ègito. Lá ele encontra um faraó que na verdade é um ser extraterrestre. Outro filme é Sinais, na qual Mel Gibson, é um pastor que mora em uma fazenda que sofre um ataque alienigena. Antes dos ataques porém, aparecem na plantação da casa dele desenhos geometricos estranhos.

Até Indiana Jones encontrou seres do espaço na América Central em seu Caveira de Cristal. Muitos filmes usam e abusam das teorias de Erich Von Däniken e por alguma razão elas são muito divertidas no cinema!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Monografia de pós-graduação parte II (continuação)

 Continuando o capitulo I da monografia intitulada 'das palavras de Dante às Imagens de Bosch':
Verdon também acrescenta que o termo servo não queria dizer propriamente escravo, o servo tinha impostos a pagar para uso da terra ao senhor feudal e assim existia uma espécie de contrato de serviço. O contratualismo era o modo de negociação do homem medieval que passava não somente nas instâncias da economia como na política e principalmente na religião. O acordo entre homens chegava inclusive a fenômenos sobrenaturais como pactos demoníacos ou pedidos para que um santo realizasse um milagre em troca da devoção de quem lhe pedisse ajuda. Mas, vejamos a relação homem e terra medieval.
 Com o aumento da produção na lavoura e o lucro do senhor feudal, foi necessário fortificar os feudos e assim castelos e muralhas foram sendo erguidos nas proximidades dos feudos. As milícias ou guardas reais vigiavam a região para impedir o ataque de bárbaros e ducados rivais. Com o crescimento da produção dos feudos o excedente precisava ser escoado e assim as cidades comerciais apareceram de acordo com a medievalista Sophlie Cassagnes-Brouquet no artigo intitulado Novas cidades, novos ricos (2008): “O crescimento urbano foi contemporâneo ao do campo e também ao aumento demográfico que o Ocidente conheceu na época. Colheitas mais abundantes alimentavam o escoamento dos excedentes vendidos na cidade” (CASSAGNES-BROUQUET, 2008, p. 43).
Com o surgimento do relógio no século XIV, o homem passou a observar o tempo sazonal e por fim se orientar melhor para a produção agrícola: “Na Idade Média o domínio do tempo avançou para o estabelecimento de novos calendários, com a base na semana, o ritmo de um dia de repouso para seis dias de trabalho...” (LE GOFF, 2008, p. 09). Os avanços tecnológicos provaram que não havia uma ruptura entre a Idade Média e o Humanismo, pelo contrário, um se prolonga no outro. Visto que muitas das invenções da Idade Média passaram por aperfeiçoamento nas mãos de filósofos que irão deflagrar e discutir o Humanismo como Filippo Brunelleschi (1377-1446) e Leonardo Da Vinci (1452-1519).
Com os estudos surge a divisão técnica, as guildas da Idade Média com o tempo dariam lugar às oficinas. Estas iriam moldar o futuro da arte de onde sairiam os mesmos Da Vinci e Brunelleschi. Além, de Sandro Botticelli (1445-1510), Rafael Sanzio (1483-1520) e Michelangelo Buonarotti (1475-1564).  A divisão entre mestres e aprendizes, escultores e cinzeladores mostrou que a setorização de trabalho era algo moderno e se estenderia para outros ofícios.
O profissional do comércio seria um divisor de águas no estrato social medieval. Com o poder de vender produtos e emprestar dinheiro, ele se transformaria em financiador da arte, da construção de cidades e claro em poderoso político. Somente nos séculos XIV e XV, surgiria o papel-moeda, já que as moedas feitas de metal e ouro circulavam pelas cidades, e conseqüentemente as letras de câmbio. Os mercadores irão dedicar o tempo com os empréstimos e tornando-se banqueiros e posteriormente administradores políticos, responsáveis por financiar invenções como a bússola e viagens com as caravelas e patronos das artes como os irmãos Medici, que governariam as cidades-estados.
Criar obras, financiar a ciência. O homem que estava rumando da Idade Média para o Renascimento era antes de tudo um ‘individualista’. O historiador Jean Delumeou (1968) percebe que o indivíduo do Renascimento se nega ao anonimato que era comum na Idade Média. Os camponeses trabalhadores que tinham seu sobrenome associado a um condado ou uma característica física, um sujeito sem identidade em meio à multidão que habitava o campo e as cidades, quase sempre sem perspectiva de futuro por não pensar em si próprio e associar sua vida a um sofrimento que derivava do pecado original.
O contrário surge com os homens emergentes que desejavam os louros da Vitória, a Fama e a Gloria. Estes homens seriam portadores da virtú, o sentimento de audácia e a vontade indomável de empreender façanhas.  Nos séculos XV e XVI o auge do Renascimento e do Humanismo, o coletivismo e deixado para trás. O homem deveria ser reconhecido por seus méritos. Um caso interessante são os cavaleiros que voltam das cruzadas ou da pilhagem como heróis e em sua homenagem ganham estatuas eqüestres ou mercadores que possuem túmulos com aparência de câmara funerária de imperadores greco-romanos. Percebem-se os exageros nas construções de arcos do triunfo e pinturas de retrato de pessoas celebres com o tema da glorificação da Fama e da Gloria, deusas que eram representadas por carros e louros.
No mesmo século XV surgiram também as guerras e pragas e a ideia de finalismo com a preocupação com o Juízo Final. Aparecia a Melancolia, o sentimento de solidão entre os pensadores e o desespero de salvar almas com o trabalho de cunho moral entre os mais tradicionais como Martinho Lutero (1483-1546), defendendo a salvação pela fé e não por obras, como pregava a Igreja. Isto porque, nenhum homem de acordo com Lutero, era digno para salvar a própria alma, cabendo tal tarefa somente a Deus. As obras de Hieronymus Bosch e Peter Bruegel (1525-1569) relataram este dilema.
O historiador Jacob Buckhardt em seu A Cultura do Renascimento na Itália (1991, p. 297) relata o surgimento da devoção das relíquias sagradas, um misto de fé pagã mágica ao ritual católico, na qual o pertence de algum santo é símbolo de devoção, beirando às vezes a coleta de partes de cadáveres de eremitas e monges consagrados. Segundo Hilário Franco Júnior (1986) os rituais de contratualismo estavam em seu auge onde a fé laico-cristã de se enterrar uma hóstia para obter uma boa colheita era tão comum quanto consultar os astros. O contratualismo era uma das estruturas básicas da mentalidade medieval: o homem medieval propõe um acordo para satisfazer seus desejos íntimos seja com um santo, anjo ou um demônio. Conseqüentemente essas ações escondiam um medo do desconhecido: “A concretude da religiosidade medieval (daí peregrinações, Cruzadas, culto de relíquias, etc, derivava do seu forte dualismo, da crença na onipresença de anjos e demônios, a quem procurava atrair ou exorcizar)”. (FRANCO JUNIOR, 1986, p. 152).
Havia homens que se entregavam à fé na hierofania e no sobrenatural e havia quem negasse tudo. Surgia o homem humanista por excelência, que questionava e desafiava tudo que era estabelecido, desde papas, reis e inclusive Deus. Nesse intere quem melhor representou este papel foi Erasmo de Rotterdam (1465-1536). Autor do célebre Elogio da Loucura escrito no século XV, onde a sátira e a ironia sobre a sociedade medieval foram pontos fortes. Nesta obra, Erasmo expõe que o homem de sua época estava ‘louco’, seja por Deus, pelo poder e todos os exageros possíveis que pôde detectar em sua época: “Talvez fosse melhor não falar dos teólogos, evitando remover este pântano pestilento, de tocar nessa matéria infecta. Raça orgulhosa e irritadiça, eles me atacariam em bloco com centenas de argumentos e, se eu recusasse retratar-me, me denunciariam de como herege (...)” (LIII – Loucura dos teólogos, p. 73).
Além de Erasmo, havia também Nicolau Maquiavel (1469-1527), que homenageou os Médici, família conhecida na Itália por atitudes controversas, em seu O Príncipe. Porém, a obra exata sobre a Idade Média seria escrita bem antes deles por Dante Alighieri em 1300.
1.2-Trivium & quatrivium

Em termos intelectuais o pensamento científico (a matemática, a ciência natural) parecia caminhar a passos lentos na Idade Média. Não em vão Voltaire (1694-1778) disse que a Idade Média era a ‘Idade das Trevas’ para os pensadores e intelectuais. O fatídico caso de Galileu Galilei (1564-1642) que ocorrera em 1600 ajudou a ter uma visão mais pessimista da era dos reis e papas. Os tratados filosóficos eram guardados nas catedrais e somente a Igreja tinha o acesso a eles. Os monges copistas e os monges responsáveis pelas iluminuras eram privilegiados. Eles podiam copiar textos e depois decorá-los, este serviço permitiu a eles terem poder na Igreja. A vida monástica acabou servindo como reduto de artesãos e cientistas a serviço da Igreja como o padre Guido D’Arezzo (995-1050) criador da partitura musical e os afrescos de Giotto di Bondone (1267-1337).
   Muitos dos benefícios que os monges copistas obtinham na área de guarda de livros e textos raros vieram de reis como Carlos Magno (747-814), grande divulgador cristão, e do imperador Teodorico, o Bizantino. Estes reis e imperadores, por meio de pilhagens em suas conquistas doavam para a Igreja documentos valiosos, especialmente pergaminhos escritos pelos grandes filósofos gregos, e depois estes eram convertidos em códices (livros formados de folhas dobradas e reunidos em cadernos). Como havia muitos mosteiros na Europa, a produção de manuscrito era numerosa. Os escolásticos1 ministravam aulas para os filhos de reis, duques, noviços e filho de algum camponês ou cavaleiro que via na vida monástica um futuro melhor para o rebento do que a espada ou a lavra. Com sorte o noviço se tornaria o próximo bispo ou papa, como atesta o medievalista Pierre Riché em um artigo intitulado Quando copiar era um estímulo intelectual (RICHÈ, 2008 p.60).


1                Escolástica: linha da filosofia cristã que busca responder as duvidas da fé. A escolástica é ligada a Igreja. A sua principal função é ser mantenedora dos valores cristãos e assim sendo legitimando-os.
Como professor, o escolástico ministrava o Trivium: Retórica, Gramática e Teologia; e também o Quatrivium: Geometria, Aritmética, Astronomia e Música. A área de humanas recebia mais atenção, por exigir dos homens letrados a capacidade de defender intelectualmente uma tese, principalmente teologia. Enquanto a área de exatas se destinava a trabalhos de cunho prático manuais. Com o passar do tempo a valorização do Quatrivium pela burguesia e pelos artistas se tornou a base do Renascimento. Em contra partida o Trivium ficaria marcado como a base educacional da Idade Média. (continua)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A morte de Bin Laden e os Norte-americanos

O mundo não pára! Já dizia o nosso poeta Cazuza. Somente neste ultimo fim de semana varias coisas aconteceram: o casamento da realeza inglesa, a canonização de João Paulo II e... a morte de Bin Laden!
Acordei com a minha doce mãezinha falando alto que o Bin Laden tinha morrido. Pensei comigo 'Isto é trote! Brincadeira de quem não tem o que fazer!'. Já não era a primeira vez que ouviamos a história de que o Bin Laden estava morto e coisa e tal.

Depois de tomar o meu café decidi ligar a tv e saber a verdade. A canonização do Papa deixou de ser noticia quente e o que se falava mesmo era da morte do Bin Laden e da euforia dos americanos. O meu irmão estava conectado na Internet e viu a mesma coisa. Só chovia noticia sobre o a morte do maior terrorista de todos os tempos!Os programas de tv e os noticiários estampavam a cara do terrorista e ao mesmo tempo mostravam os americanos dançando e comemorando com cartazes com o rosto do Obama com os dizeres 'Sim nós podemos'. Eles podem agora comemorar!

Parecia o carnaval ou a festa de 4 de julho em pleno mês de maio para os yankes! Pareço estar sendo irônico? Pois é. Não deixa de ser surreal a cena. Bin Laden morre na mão dos seus criadores. Não podemos esquecer o quanto os EUA bancaram os mercenarios arabes que rapidamente se tornaram terroristas para desestabilizar os inimigos do american on life.
Desde a Guerra fria que os americanos usavam com todo gosto os serviços de Bin Laden e outros terroristas para derrubar o crescente avanço da URSS e do comunismo. Além do mais os disturbios no território do Oriente Médio ajuda na disputa do ouro negro (petróleo) que os americanos e os aliados capitalista querem botar a mão faz tempo.

Agora com a morte de Bin Laden o mundo comemora, mas com ressalvas pois o medo agora é de uma ofensiva de outros grupos terroristas em solo americano e aliados. O mundo realmente não pára!