domingo, 28 de setembro de 2014

Sessão Contos Bizarros: Um grito no Escuro


Seu Toninho já estava com 66 anos e bem prestes de aposentar ainda lembrava de quantos lugares trabalhou em Brasilia. Nos últimos 25 anos se tornou zelador de prédio e sendo assim, já tinha visto de tudo um pouco: briga de marido e mulher, inquilino fazendo malandragem na porta de prédio, prostituição embaixo de marquise... Era para ele não se surpreender com mais nada. Contudo, ele nunca mais esqueceu do seu último dia de serviço em uma repartição pública.
Disseram para seu Toninho que no prédio havia um fantasma. Filho de família evangélica, seu Toninho dizia que quem tem fé em Jesus não pode temer os 'espíritos maus'. Por isto, sempre que podia em algum momento de descanso estava bem próximo de sua mesa uma Biblia aberta.Aproveitava quando estava sozinho na repartição, sem nada para fazer, lia algum versículo ou salmo para aliviar e preencher o coração. Foi um dia antes do 'Dia de Finados' que aconteceu algo estranho. eram 01: 30 da madrugada, quando seu Toninho ouviu um gemido ecoando pelo corredor da repartição. De primeira soltou aquela pergunta assustado:
- Quem está ai?
O silêncio tomou de conta do ressinto. Seu toninho levantou da cadeira e deixou a Biblia em cima da mesa e foi ver quem estava emitindo aquele som. Pegou a lanterna e viu que o corredor estava meio escuro e apontou para a direção de onde ele achou que tinha saído o gemido. Não viu nada. Desconfiado voltou para a sua guarita e voltar a ler a sua Biblia.
Enquanto tentava achar algum versículo seu Toninho lembrava do que o pessoal falava sobre o tal fantasma: Dizem que durante a construção do prédio um ajudante de servente caiu no poço do elevador. A morte do rapaz chocou os seus amigos de trabalho porém, por ordem do engenheiro continuaram o serviço. Passado algum tempo outro trabalhador perdeu a vida caindo de um andaime. Muitos operários começaram a reclamar da falta de segurança do local. O dono da empreiteira deu de ombros para as fatalidades e mandou todo mundo continuar o serviço. Quando o prédio finalmente foi terminado havia ocorrido umas seis mortes no terreno da construção.
O caso nunca chegou a imprensa e o prédio foi inaugurado com toda pompa e promoção. Todavia, depois de alguns anos começaram a ocorrer fatos estranhos na edificação. Muitos gemidos durante a noite e até gritos e outros barulhos íncomodos se tornaram rotina assustando os frequentadores da repartição. Tinha gente que tinha visto até mesmo vultos e coisas do gênero. Foi daí que o boato de que o prédio era assombrado começou a se espalhar.
Seu Toninho fingia não acreditar nestas histórias. Porém, como todo crédulo que se preze sabia que neste mundão de Deus se existia o Diabo, podia muito bem também, existir fantasmas, vampiros e outros monstros lendários. Depois de muito procurar seu Toninho resolveu ler o salmo 23 e quem sabe ficar mais tranquilo.
Mal ele começou a ler o salmo ouviu um grito estridente vindo do corredor. O susto foi tão grande que deixou cair a Biblia no chão. Tremendo de medo seu Toninho pegou no revolver calibre 32 que guardava no coldre e soltou novamente bem alto a pergunta:
-Quem está aí? 
Sem ter uma resposta, seu Toninho pegou a lanterna e foi rapidamente ver quem é que estava fazendo aquele barulho todo.Enquanto adentrava o corredor olhava para todos os lados. A luz da lanterna dançava nas paredes e nas portas. A cada passo seu Toninho via o seu coração disparar e suando frio ele temia se defrontar com algo tenebroso.
Quando finalmente chegou no fim do corredor, avistou um elevador. O velho vigia foi se aproximando e logo percebeu que a porta estava aberta. viu que o interior do elevador estava escuro e então iluminou o chão. Para a surpresa de seu Toninho o elevador estava danificado pois estava sem o piso e quem não tivesse cuidado correria o risco de cair no poço. 
Preocupado com a situação o vigia procurou por alguma placa ou qualquer aviso que alertasse o caso. Quando procurava por algo seu Toninho viu então uma figura bem no meio do corredor. Com puro reflexo levantou a lanterna para ver quem era. Aterrorizado seu Toninho viu que a figura era de um homem completamente deformado e coberto de sangue vestido como um operário de construção. O ser estranho foi em direção de seu Toninho que sem querer acabou despencando no poço do elevador!
Encharcado de suor seu Toninho levantou da cadeira e percebeu que havia tido um sonho ruim com o boato do fantasma. Tremendo de medo ele viu que tinha dormido enquanto lia a Biblia. Olhou para o teto e soltou um suspiro de alivio. Porém, quando olhou para a parede viu uma enorme mancha de sangue vertendo. Depois deste fato seu Toninho se aposentou e dizem que ele sempre que pode conta esta história. Muitos não acreditam, mas a quem diga que exista sim o fantasma da repartição. 
  

domingo, 21 de setembro de 2014

A Arte de Fazer Monstro de Durepoxi 5: Criando um alienígena

Ola meus queridos companheiros de blog! Trago mais uma experiência na área em que mais faço trabalho artístico atualmente: a confecção de estatuetas de durepoxi.
Aqui eu mostro a minha ultima criação. Trata-se de um monstro espacial feito de arame ( um amigo meu disse que ele ficou parecido com um dos personagens do Ben 10, como eu não assisto o desenho...). De toda forma eu explicarei como de costume como fazer um:
1- arrume um rolo de arame, de preferência bem flexível e que pode ser cortado com facilidade por um alicate de unha ou alicate de eletricista;
2- corte o arame e forme a base (as pernas e a coluna). tente construir as pernas certificando que a estátua poderá ficar de pé. Caso não consiga mante-la em pé faça como eu que fiz uma cauda como base de apoio;
3- construa a parte superior da estátua (tronco e braços) se quiser pode fazer também a cabeça de arame (eu optei por pegar um boneco de plástico e usar a cabeça dele na minha estátua);
4- use o durepoxi inicialmente para colar as juntas das partes superior e inferior;
5-depois de seco por 30 minutos (tempo para ver se o boneco ficou legal ereto) cubra todo o resto do esqueleto de arame com o durepoxi ( aproveite e vá moldando criando a musculatura e outros detalhes do corpo do monstro);
6- espere secar mais 30 minutos e depois de seco pinte a sua estátua com tinta acrílica;
7- depois de pintá-lo espere 50 minutos e pronto! Está feito o seu alien monstrer.
faça o esqueleto de arame flexível.
faça detalhes no monstro 
cubra o esqueleto de arame com durepoxi
depois de seco pinte o monstro alien.

domingo, 14 de setembro de 2014

Foto Arte: Muito mais que o Self

Já postei um artigo e alguns trabalhos voltados a fotografia. Esta forma de registrar os fatos e o mundo ao nosso redor que ao mesmo tempo e divertida virou uma obsessão para a maioria das pessoas. Recentemente passei por duas situações que me fizeram pensar sobre o poder da fotografia:
Um grupo de alunos da qual eu dou aula ficou mais de uma hora na sala tentando fazer uma self. Mudavam de poses aqui e acolá, trocavam a posição dos bonés e no fim , depois de meia hora conseguiram tirar a bendita foto! Sorte minha que a aula que eu apresentei já havia acabado e por ironia era sobre Daguerre e sua primeira máquina fotográfica.
Ontem a tarde fui ao CCBB para ver a famosa exposição do fotografo fotojornalista Sebastião Salgado. Chegando lá me deparei com monte de gente segurando máquinas fotográficas e celulares tirando fotos das fotografias tiradas por Sebastião. É isso mesmo! A foto da foto!
Ao mesmo tempo que estas situações me parecem surreais (e até bizarras) me fazem entender por que a garotada (principalmente eles) adoram tirar foto o tempo todo de si e dos eventos que participam. É uma necessidade de mostrar que existe e está em algum lugar importante, é quase um pertencimento para ocupar o que parece esvaziado, acho...
Termino esta postagem mostrando algumas fotos que faço quando não tenho nada para fazer. Geralmente prefiro cenas estranhas do cotidiano ou algo que me provoca espanto. Entáo, pegue o seu celular e brinque com a sua máquina.


domingo, 7 de setembro de 2014

Sessão Contos Bizarros: O Fantasma da Fotografia


Foi na última festa da escola que aconteceu um estranho fenômeno que assustou Amanda. No inicio do ano Marcos, o seu namorado, havia falecido em um acidente de moto perto de Vargem Bonita. Rapaz trabalhador e que sonhava em se formar em farmácia e que há muito tempo prometera a Amanda que iria pedir a sua mão em casamento assim que ela terminasse o ensino médio.
O amor entre os dois era sempre motivo de conversas acaloradas no Facebook  (e olha que eles se conheceram no Orkut em 2007). O pai de Amanda, seu Estáquio, era viúvo e sempre batalhou para dar tudo o que podia para a filha única. Por isto, ele se preocupava com os namoros da filha (temia que ela engravidasse antes da hora ou tivesse relacionamento com algum cara sem futuro). Porém, quando conheceu o Marcos ficou extremamente feliz ao saber que ele era um garoto de boa índole e tinha projetos de futuro brilhante. O rapaz era 4 anos mais velho que sua filha que estava ainda no do ensino médio. Amanda, que era uma menina esperta, sempre dizia para o pai não se preocupar e que com o Marcos ela seria feliz.Com tanto tempo de namoro todo mundo começou a cobrar de Marcos um pedido de casamento à Amanda. Não querendo ouvir mais brincadeiras nas redes sociais e nem o olhar de dúvida do pai da menina resolveu pedir a sua mão em casamento com um anel que mandou fazer especialmente para ela.
Feito o pedido e aceito pela noiva, toda a galera que os conhecia resolveu parabenizá-los. Um dia antes do casamento um colega de Marcos o convidou para ir a uma festa que estava acontecendo em Vargem Bonita. Lá o garoto bebeu muito e resolveu voltar no mesmo dia para casa. Os amigos pediram para ele descansar e que bebida e estrada eram misturas perigosas. Contudo, Marcos se achava o 'cara da estrada'  pegou a sua moto e partiu. Mal conseguiu sair de Vargem Bonita a moto de Marcos se chocou com um caminhão que vinha em sentido contrário. 
Amanda que estava super feliz com o casamento e com pouco dinheiro que conseguiu com o trabalho que tinha de caixa em uma lanchonete alugou um vestido de casamento, teve o seu sonho desfeito assim que soube da morte do seu amado. Seu Estáquio ficou inconsolável, pois tratava Marcos como um filho. A família do rapaz entrou em choque. Tudo mudou para Amanda.
Depois de três meses da morte do noivo a garota andava triste e quase sem motivação para os estudos. Seu pai começou a ficar preocupado e temendo que a filha entrasse em uma depressão profunda. Amanda resolveu em luto não sair mais de casa. Não atendia a telefonemas de amigos e não mais tinha conta no Facebook. Começou a andar desleixada e quase não saia da cama.
Seus amigos de escola então começaram a visitá-la e com o tempo conseguiram convence-la a sair de casa e enfim, voltar a escola e continuar a sua vida. Mais motivada, mas sem nunca esquecer Marcos, Amanda resolveu organizar uma festa de despedida de bimestre na escola. Soube que seu pai iria mudar de cidade e já tinha feito uma busca por uma nova escola para ela. Então para agradecer a força que teve dos amigos durante o luto fez uma festa na sala de aula.
Salgados e bolos se misturavam a brincadeiras e músicas alegres. No meio da festa Amanda chamou todo mundo para tirar uma foto. Ela tirou no mínimo umas vinte com os amigos e depois com paciência ela iria compartilhar quando voltasse para as redes sociais. Depois que a festa acabou Amanda já estava em casa eufórica e ao mesmo tempo cansada de tanta diversão. Antes de dormir resolveu colocar as fotos que havia tirado na festa em seu computador. 
Enquanto olhava uma por uma teve uma surpresa que lhe assustou. Em uma das fotos havia um vulto que aparecia sempre no fundo da cena. O fenômeno óptico se repetiu em pelo menos em 10 fotos que tirou. Sem entender o por que daquele efeito estranho em uma fotografia digital, Amanda resolveu aumentar as imagens para ver de perto. Seus olhos então não acreditaram no que viram. Era algo que somente nos filmes ela tinha visto: O estranho vulto ampliado na verdade era o rosto do Marcos que apareceu em todas as fotos!
O rapaz aparecia sempre ao seu lado e sorrindo em um fundo escurecido. Dizem que Amanda tentou entender aquele fenômeno, mas como havia mudado de escola seus amigos nunca mais souberam o que houve com ela e nem com as fotografias que nunca chegaram a ser compartilhadas.

sábado, 6 de setembro de 2014

A Arte de brincar com Ilusão Óptica



Eu já postei a pelo menos alguns anos um artigo sobre arte anamórfica e algo sobre op art. Como de costume resolvo agora mostrar uma experiência minha com a técnica que muitos chamam de desenho 3D. Para os que não conhecem, o desenho 3D ganhou uma certa fama graças a artistas que tentam de certa maneira criar uma ilusão óptica na qual o olho é enganado.
A maioria das ilusões trabalham com proporção e perspectiva. Existem também os artistas que somente trabalham com o uso de cores quentes e frias. E claro, os artistas que como já citei em postagens anteriores fazem um tipo de pintura ou desenho que quando visto parece uma coisa sendo outra.
O hungaro Victor Vasarely é com certeza muito lembrado por seus desenhos que parecem se mexer na tela graças a habilidosa utilização de cores neutras e frias em contraste com cores quentes. Outro que ficou bastante popular foi o japonês Akioshi Kitaoka que faz obras bastante semelhantes a de Vasarely.

Outro famoso e Cornelis Escher, que para muitos é o maior mestre no assunto. Suas obras brincam com a perspectiva e criam questionamentos entre cheio e vazio e multiplos cenários em uma única obra.
Atualmente quem pesquisar na internet vai se deparar com a arte de rua dos grafites 3D. Artistas como Edgar Mueller e Kurt Wenner se tornaram referência no gênero.

Para encerrar a minha postagem mostro duas experiências que fiz na técnica. Lógico que por ser a primeira vez ainda tenho muito que aprender. Porém, fiquei satisfeito com o resultado inicial. Usei dois elementos simples para brincar: uma tampa de caneta e uma moeda.
Para fazer a técnica percebi, que tinha que desenhar os objetos de acordo com o ângulo que eles estavam ( na minha visão a moeda e a tampa estavam de escorço). Também fiz cada desenho um milimetro maior que a figura original, pois o nosso olho por ver o angulo em escorço acredita que os objetos, tanto o desenho quanto o objeto retratado são de tamanhos iguais. Quando colocado o desenho e o objeto um do lado do outro e de perspectiva de cima para baixo temos a impressão que o desenho parece bem próximo da figura criando a ilusão que temos duas tampas de caneta ou duas moedas. No caso os meus desenhos parecem sair da folha por um segundo de acordo com o ângulo de visão.