sábado, 23 de fevereiro de 2013

Os Inventores Anônimos


Aproveitei mais um final de semana para ver o que acontecia nas galerias de arte de Brasília. Saí de casa já disposto a ver a falada exposição do artista chinês Cai Guo-Qiang. Muitos podem não conhece-lo ou ter dificuldade para pronunciar o seu nome, porém o cara é conhecido por seus trabalhos com cenográfia.
Um dos seus trabalhos mais conhecidos foi quando desenvolveu o espetáculo da abertura dos jogos olimpicos de Pequim.

Depois ganhou inumeros prêmios internacionais e condecorações e grandes exposições nos maiores museus do mundo (já recebeu, inclusive um Nobel, por seus trabalhos artisticos). Por muito tempo ele ficou conhecido por usar a polvora como suporte para seus trabalhos ( coisa que começou a fazer quando estudou no Japão na década de 80). São vários painéis de desenho feito com material explosivo e que impressionam como são realizados.
Para Cai Guo-Qiang a ideia de trabalhar com a polvora tem haver com a antiga tecnologia desenvolvida pela China como meio de valorizar a sua cultura milenar. Com o mesmo intuito ele fez a exposição chamada de 'Da Vincis do Povo', onde ele andou por toda a China para conhecer inventores anônimos que vivem em comunidades rurais e urbanas.
Ele descobriu como ele define "verdadeiros gênios" que sem muito estudo acadêmico ou dinheiro, criaram em suas casas aviões, robôs e outras máquinas com sucata ( e ainda funcionam)! Nesta exposição pude conferir um robô que pinta como o artista americano Jackson Pollock, um cachorro mecânico em referência a Joseph Boyais e um robô que puxava uma carroça (todos construidos por camponeses e pessoas comuns). 

Das obras mais interessantes estão aviões e submarinos construidos em tamanho gigante e até naves espaciais concebidas por 'professores pardais' de garagem. Qual foi a minha alegria ao ver estas obras, pois sou entusiasta da robótica e de trabalhos de baixa tecnologia ( não faz muito tempo e postei neste blog o robô eletrico que construí em casa). Se eu podesse gostaria de ter participado da exposição do Cai Guo-Qiang.
A exposição 'Da Vincis do Povo', ficará de 05 de fevereiro até 31 de março de 2013, no CCBB (Setor de Clubes Sul). 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

O Ato de Desenhar e o Estilo



Por muito tempo na históra da arte, a ideia de reproduzir o que o olho via (ou acreditava ver) era o sinônimo de arte de qualidade e de quem a realizava ser chamado de 'o artista'. Colocar no papel a reprodução de um retrato exato de alguém ou desenhar fielmente uma árvore ou qualquer outro elemento da natureza era quase uma prova de fogo que separava o joio do trigo ( o bom artista do péssimo artista).
Os estudos deixados por Leonardo Da Vinci em seus famosos livros de anatomia e ciência, e os esboços deixados por Michelangelo e Dürer no século XV, deixam isto bem claro. Todo o artista daquele período e do posterior tinham que se esmerar no ato de captar visualmente um objeto e colocá-lo no papel. Somente a partir do seculo XIX este formato de averiguação de qualidade técnica seria questionado pelos chamados artistas pós-modernos.

Ainda no século XV (mais precisamente entre o fim da Renascença e o ínicio do Barroco) surgem alguns espamos do que poderia se chamar de Estilo. O termo seria bastante citado na França moderna, mas o que podemos entender literalmente sobre o termo é que se trata antes de tudo de um modo ou forma individual de expressão ou visão sobre a maneira de se vestir pensar, e no caso especifico a que dirijo, desenhar.
O movimento Maneirista representado por El Greco e Parmigianino, já demonstrava um desejo de um grupo de artistas que à sua maneira (daí que veio o termo) por em prática o aprendizado técnico dos antigos mestres como Rafael e Michelangelo.

Na busca de tentar copiar a tecnica dos mestres os maneiristas acabaram por criar uma forma de expressão que ao mesmo tempo era criticada ou mal entendida, que depois seria a base para muitos artistas que procuravam novas formas de representação. A evolução da era industrial e da produção em grande escala e a força das máquinas como a máquina fotográfica que desmitificava o olhar humano, sem esquecer dos trabalhos dos impressionista  (Cezanne e Monet) derrubaram a convicção de que o homem realmente desenhava ou pintava fielmente a natureza.
 
O estudo do sol e das cores pelos impressionistas e as fotos que mostravam como realmente era o ambiente, tiraram o peso de que o artista precisava realmente reproduzir ou seguir o olho como uma verdade absoluta. Os trabalhos em pastéis de Toulouse Lautrec, Gustav Klimt e até os quadrinhos de humor do século XX mostravam que o estilo dava um ar vivo as obras e um valor nunca antes dado aos artistas não acadêmicos. Somasse ainda as descobertas e estudos etnográficos de povos e culturas diferentes que tinham sua forma distinta de representar o mundo e confrontar o pensamento artistico europeu à ponto de influenciar grandes nomes como Picasso ( que admirava e se inspirava na arte africana e da Oceania), Matisse e os Expressionistas.

O estilo então, não era mais um ante acadêmissismo e sim uma forma alternativa de estudar a arte. No entanto para uma grande maioria  a ideia de representação fiel de natureza ainda é vista como a verdade artistica. Muitos ainda clamam pela volta da arte campestre e da chamada arte realista. Em sentido contrário, a arte abstrata encanta e ganha espaço ao mesmo tempo que ainda é vista como mera brincadeira por leigos. O grafite urbano, que nem de longe tem Leonardo Da Vinci como base técnica, também contribuiu para mostrar que a fidelidade ao olho humano é bastante questionável.
Enfim, todo artista tem um estilo, e sua forma de ver e representar individualmente a natureza tem de ser respeitada. A grande maioria dos artistas atuais são expressionistas ( ou agir conforme o termo), porém ainda há espaço para os naturalistas e fã da chamada arte clássica.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Exposição 2013: Lan, Darel & Acervo da Caixa

Nem bem voltamos a rotina do trabalho diário, e temos o feriado de Carnaval bem na nossa frente. Como de costume alguns festejos populares causam uma certa controvérsia: tem aquela galera que reclama dos festejos carnavalescos e outros que o adoram.
No fim o que fica é o descanço, já que ninguem em si reclama de mais uma boa semana fora do trabalho! Para os que não vão atrás dos blocos, temos atrações aparte bem interessantes. Uma delas é visitar as galerias de arte de Brasília que estão apresentando ótimas exposições. Mais precisamente, falarei de três exposições que estão ocorrendo na Caixa Econômica:
 
Simplesmente Lan
de 22 de janeiro a 10 de março
Nete periodo de Carnaval vale apena ver as charges e ilustrações do desenhista italiano Lan. Morando desde os anos 50 no Rio de Janeiro, Lanfranco Aldo Ricardo Cortellini Rossi Rossini (ufa!), utiliza o diminutivo Lan para ser conhecido por suas crônicas visuais sobre os morros cariocas. A sua visão de estrangeiro que se vislumbra com o exótico, mostra uma obra que corteja a beleza da mulher brasileira e a fusão do humor tipico de nosso país. fanático pelo Carnaval e pela gremiação da Portela, Lan utiliza sua técnica de caricaturista para registrar o dia a dia dos carnavalesco e retratos bem humorados de personalidades  importantes como Paulinho da Viola, Dona Ivone Lara e o icônico Cartola.
 
Darel, de Corpo Inteiro
de 23 de janeiro a 10 de março
A exposição do artista pernambucano Darel (Darel Valença Lins) reuni um acervo do artista que mistura técnicas variadas que vão de colagens, litogravuras, aquarelas e desenhos á lapis. No geral seus trabalhos são resutados de técnicas mistas e por si mesmo são interessantes. Depois de viver dois anos na Europa e de ter contato com artistas que lhe influenciaram no modernismo e até em elementos surreais e expressionistas, Darel passou a criar temas que vão do erótico ao inusitado com elementos que ora lembram cidades e outras máquinas. A maior parte do seu acervo vem dos anos 1960 até a década de 1990.
 
Sorte da Arte
12 de dezembro de 2012 a 3 de março de 2013
Quando se fala em Caixa Econômica nao há como não associar a loteria esportiva. Milhoes de brasileiros apostam no desejo de ganhar o grande prêmio da Sena, Loto ou a Mega Sena. Foi desta constatação que suirgiu a exposição do acervo intitulado Sorte da Arte. Responsável por guardar um grande acervo de importante artistas brasileiros, a Caixa coloca para o público obras de Antõnio Poteiro, Glênio Bianchetti, Francisco Rebolo Gonçalves... as obras são divididas por temas: independência, carnaval, festa junina e inconfidência.
Todas as  exposições ficarão no endereço: SBS Quadra 4 lote 3/4, sempre aberto de terça a domingo das 9:00 até as 21:00.