terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O Que Significa 'Ficção Científica'?

Resultado de imagem para isaac asimov o homem bicentenario
A Ficção Científica é um gênero literário que inicialmente abarcaria contos e romances de teor não realista (ficção) dando ênfase na ciência  e tudo que nela se propõe falar. A ficção científica a grosso modo, poderia também ser não um gênero, mas um subgênero já que antes dela já existia literatura de ficção não científica.
Os contos mitológicos, fábulas e lendas são a primeira vista os exemplos mais claros de ficção que a humanidade elaborou.
A ideia de um romance ou conto de ficção seria de relatar de forma metafórica usando elementos não realísticos- como conversas de seres inanimados ou animais falantes (no caso da fábula)- fatos do cotidiano comum de forma fantástica e assim mascarando um sentido moral.
Os primeiros contos de ficção originalmente eram orais e tinham como finalidade esclarecer e fortificar condutas culturais e religiosas. Os diálogos entre deuses e homens ou bruxas e crianças são uma forma de expor um pensamento que rege uma sociedade.
No caso mais especifico da Ficção Científica, o ponto central é falar de fenômenos estudados pela ciência e analisá-los pela ótica da moral da cultura que a concebeu. Provavelmente um dos primeiros romances do gênero pode ser creditado a escritora Mary Shelley (1797-1851) e seu famoso livro 'Frankenstein, O Prometeu Moderno' de 1818.

Na obra da escritora fica patente o espanto e o medo do advento da ciência que na Europa ganhou a forma de trem e barco a vapor, além dos primeiros experimentos com a eletricidade, fora as pesquisas com cadáveres na evolução da medicina vitoriana.
Em sua obra Shelley demonstra por meio do jovem e ambicioso Doutor Victor Frankenstein o desejo do ser humano de vencer a morte e assim se tornar tão poderoso a ponto de virar um deus ao conceber vida. Na obra de Shelley temos então as bases do que seria um romance de ficção científica:
1- um medico que procura resolver um problema universal;
2- o protagonista encontra uma possível solução de forma mirabolante;
3- a solução proposta pelo protagonista traz consequências terríveis.
No geral os textos de ficção cientifica quase que demonizam a ciência, sempre mostrando como algo ruim e que torna o ser humano soberbo.
H. G. Wells (1866-1946) trouxe o mesmo medo que Shelley nutriu pela ciência em sua obra 'A Ilha do Doutor Moreau' (1896). Nesta obra um doutor geneticista tenta criar o ser humano perfeito ao tentar desenvolver seres híbridos. Assim como Frankenstein, Moreau tenta driblar a natureza e impor a sua forma de visão de mundo por meio da ciência. No fim, assim como o personagem de Shelley o protagonista de Wells sofre com as consequências de seus atos.
Mas, os contos de ficção nem sempre olham de maneira desconfiada para a ciência. Júlio Verne (1828-1905) é considerado por muitos como o maior escritor do gênero syfy, tudo porque em suas obras a ciência é usada para grande aventuras como em 'Vinte Mil Leguas Submarinas' (1870) na qual o pirata do mar Capitão Nemo viaja pelos oceanos com um submarino ( o tal veiculo nem sequer havia sido inventado quando a obra foi lançada). Julio Verne ganhou ao contrario dos outros escritores uma 'aura' de profeta, já que, em suas obras várias invenções modernas que não existiam eram relatadas por ele ( exemplo clássico como o elevador e o fax).
Outro que ganhou ares de profeta foi Isaac Asimov (1919-1992) que aprofundou em suas obras a temática da robótica. A importância de seus livros hoje é tão grande que estudiosos da tecnologia se debruçam sobre as suas leis dos automatos. Livros como 'Eu, Robô' (1950) e 'O Homem Bicentenário' (1976) tentam mostrar como será o futuro quando os homens finalmente conseguirem desenvolver a inteligencia artificial e os robôs.
Lógico, que os benefícios da ciência ainda estão em discussão, tanto que o cinema se apropriou das referidas obras literárias e as regurgitou em formas de Exterminadores do Futuro, Robocop, Matrix etc. Ainda parece mais fascinante mostrar as máquinas aniquilando o homem como um castigo as leis divinas do que imaginar naves espaciais viajando no tempo e colonizando outros planetas.Talvez, os desastres ambientais e o crescimento do terrorismo e guerras mais sangrentas justifiquem este medo mórbido da ficção cientifica aos laboratórios de ciência.