sábado, 29 de janeiro de 2011

O que vemos e o que nos olha?

Vou contar uma história muito interessante. Um amigo me chamou ate a sua residencia, para ver a sua nova casa. Quando cheguei lá, ele me mostrou em sua sala um quadro de 1m X 50m. Nele podia-se ver uma figura de um santo ( ou monge) segurando um terço. A figura estava de costas para um gato branco pintado deitado do lado do monge a sua direita. No lado esquerdo do santo havia uma pomba. Esta estava pousada sobre um parapeito de um predio onde o monge também se apoiava. Meu amigo me disse: " Comprei esta obra por ser religiosa, acho que o santo é São Francisco de Assis, pois está cercado por dois animais." Olhei para a imagem e disse: "Talvez não seja um quadro religioso." Meu amigo me olhou e disse:" Claro que é! È um homem religioso segurando um terço e a pomba do espirito santo a seu lado." Daí perguntei: "E o gato? O que ele tem haver com a história?" Ele não soube me responder. foi aí que lembrei que em muitas pinturas antigas era comum pintar um gato para lembra um amante ou o no caso simblizar o mal. Logicamente nem sempre era assim, mas basta olhar, por exemplo, o gato preto da pintura da Olimpia de Manet e perceber isto. Se a pomba representava o espirito santo e o gato (possivelmente) uma amante, talvez o quadro expressasse a crise do monge sobre a sua fé e não a sua convicção sobre ela.  o pintor desconhecido que fez a obra talvez tivesse o entendimento de simbolos e os colocou para serem lidos para quem visse o quadro. Como professor de arte penso que a apreciação de uma obra vai além do bonito e feio, do gostei e não gostei, ainda mais que para expressar o gosto a pessoa precisa entender do que a obra trata. Este assunto é muito bacana e inesgotável poderia ficar dias falando sobre isto. Quem quiser expor a sua opnião estamos aí, enquanto isto indicarei uns livros de autores que acredito são importantes para este assunto:

A Pintura como Arte, RIchard Wollhem, Ed Cosac & Naify.
Neste livro o historiador de arte Richard Wollhem trabalha em um de seus capitulos mais bacanas o conceito da mancha e do ato de decifrar expondo o que o artista faz e o que o espectador vê. Será que o fruidor vê o que o pintor realmente quis retratar? O que na pintura é do nosso incosciente e o que e do pintor quando vemos?

Ernst Hans Gombrich, Arte e Ilusão, Ed Martins Fontes.
Outro que estuda a arte por uma analise bacana é o Gombrich. Neste trabalho ele percebe que mesmo um grande artista da renascença não consegue reproduzir o que vê. E sim ele segue um padrão de reprodução, que surge por fatores culturais e de forma pessoal de ver e retratar o mundo. Po que quando nos pedem para desenhar uma casa ela sempre e uma caixa eum triangulo encima? Isto é um padrão que ficou em nosso inconsciente de ver um objeto.

Erwin Panofsky, Significado Nas Artes Visuais, Ed Perspectiva.
Este livro do Panofsky parece ser voltado para a Idade Média mas, o modo de analise dele pode se aplicar em outros movimentos artisticos. De todo caso é interessante saber que muitas obras deste periodo usavam como modelo a arte pagã greco -romana e se convertiam em arte cristã ( uma escultura do Hércules com alguns ajustes se tornava o Cristo).

Giulio Carlo Argan, Clássico anticlássico, Companhia das Letras.
O Gombich e o Janson fizeram otimos livros sobre história da arte. Contudo, Argan consegue fazer um recorte e sem querer justificar uma suposta linha evolutiva entre a ate medieval e a Rnascença ( algum comum na maioria dos livros de história da arte) ele propõe como a arte grega entrou na arte humanista e ao mesmo tempo era negada e ajustada por genios como Brunellesch e Bruegel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário