domingo, 22 de abril de 2012

Sessão Quadrinhos: O Brasil precisa de heróis ?


Comprei na Bienal de Leitura uma edição da revista da personagem Velta, criada pelo desenhista Emir Ribeiro lá na década de 70. A revista era um relançamento de algumas historias criadas pelo desenhista ainda quando jovem na casa dos 16 anos. Saboreando cada página pude ver a evolução do traço de Emir Ribeiro e também constatar que assim como ele, eu também sonhava ser um ilustrador de historias em quadrinhos e quem sabe ter a minha obra alçada no mesmo nivel de importância de um super herói norte americano.
    
Quantos meninos que desde de moleques criam os seus heróis fazendo os seus gibis caseiros dentro do seu quartinho enquanto as outras crianças jogam bola ou soltam pipa? Pois é, como docente de arte eu vejo na minha sala de aula muitas crianças que possuem imaginação e brincam de criar os seus heróis. Eu até que tento estimular deixando que os alunos façam os seus gibis, mas muitos ficam acanhados ou achando tudo uma bobagem.

Outro ponto importante que eu quero explicitar é como o cinema e os gibis norte americanos moldaram nosso modo de ver o mundo. A grande maioria dos desenhistas e ilustradores dos anos 70 até o inicio dos anos 2000 ainda tinham como referência os heróis da Marvel ou da DC Comics. Sendo assim a maioria dos heróis brazucas tinham comportamento e aparência dos super homens e fantasmas do EUA. Hoje com o advento dos mangás muitos ilustradores agora imitam o modo japonês de ser.
   
Alguns heróis devido o dificil meio de expandir no mercado de quadrinhos acabam virando uma especie de simbolos de uma determinada região do Brasil, como o Gralha que é bastante conhecido no Sul e no Sudeste, porém desconhecido aqui no Centro-Oeste; ou a propria Velta que tem as suas aventuras narradas em João Pessoa na Paraiba. Como o nosso país tem dimensões continentais podemos ver que cada herói se comporta como se vivesse em um mundo a parte.
  
Se o lob e o poder das Sindicates não fosse tão massacrante nas linhas editoriais do nosso país poderiamos ver em cada banca de todo Brasil as aventuras do Quebra Queixo, Leão Negro, Raio Negro e claro, Velta e icones antigos como o Capitão 7. Felizmente a internet está aí para nós que gostamos de criar nossos heróis. Com a globalização e a liberdade que as redes sociais fornecem muitos moleques estão criando os seus personagens e postando na internet de forma independente. Muitos podem duvidar que a rede possa ser um meio seguro de mostrar e sobreviver do próprio trabalho, mas olha os Combo Rangers ai. Surgiram na web e ficaram conhecidos.

Não posso ser ingenuo e sei que somente alguns autores conseguiram romper o descredito e o lob das editoras como fizeram o Ziraldo criando o Menino Maluquinho e a Turma do Pererê ou o Mauricio de Souza que de longe foi quem se deu melhor no dificil mundo das HQ's brasileiras.Contudo, a esperança ainda deve mover os sonhos. Quem acompanha o nosso blog sabe que estou escrevendo o meu conto intitulado Cavaleiros & Exorcistas. A cada postagem eu mostro uma parte de uma saga que estou ainda escrevendo e também ilustrando. Antes disso eu gostava de desenhar gibis desde de menino e gosto de criar e contar historias.

Quando menino as minhas referências eram os quadrinhos americanos e os desenhos japoneses. Com o tempo e o refinamento por novas linhas de quadrinhos e livros de literatura eu atualmente me inspiro nas obras medievais de Dante, nas pinturas de Bosch e na literatura de espada & fantasia que tem o Conan como ícone. Mas o que pude realmente notar no que eu faço hoje e que difere do que eu produzia na infância é a busca de criar personagens com bases mais brasileiras nas suas origens.
Não procuro mais fazer super heróis fantasiados com poderes mirabolantes e nem vilões maquiavelicos. Penso que devido a nossa formação cultural e de nossas poucas referências de heróis históricos infaliveis nós deveriamos criar personagens mais humanos e com defeitos e até anti-heróis se possivel. Os nossos heróis deveriam ser donas de casa, policiais, professores, bombeiros, empregadas domésticas e não super homens cheio de traquitanas para pegar bandidos pés de chinelo! Talvez com a mesma globalização que fez que conhecessemos os povos podessemos nos conhecer melhor e aí quem sabe criar o nosso mundo de heróis made in brazil. 

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