quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sessão Sai Capeta VI: O Grotesco na Arte


Para muitas pessoas o sinônimo de Arte é a beleza, a harmonia e a tranquilidade. As pessoas que associam a Arte a estes termos geralmente apreciam pinturas de paisagens, esculturas gregas  e temas de natureza morta. A partir do século XVIII o que era chamado de 'gosto refinado' e intelectual começou a ser derrubado como um muro. Pintores como Paul Gauguin e Van Gogh começaram com o que os criticos de arte e amantes da arte 'bela' chamavam de grotesco.

Mas o que é o grotesco? Etmologicamente a palavra evoca o que seria distorcido, feio e desagradavel.
Durante muito tempo o artista era obirgado a retratar somente a realidade em suas obras. Essa realidade, seria a figura humana de homens e mulheres de corpos perfeitos e bem simetricos. Também era obrigação do artista retratar animais, plantas e paisagens em geral mostrando toda a perfeição da criação divina.
      
Quando olhamos uma obra de Leonardo Da Vinci como 'A Dama com Arminho' achamos que ele está retratando fielmente a natureza. Porém, se olharmos mais detalhadamente, veremos que a figura da obra possui uma cabeça muito grande, dedos exageradamente finos e ombros muito curtos. Se pensarmos na figura real da dama ela em sí não é simetrica ou perfeitamente bela.
  
O mesmo se pode dizer da 'Venus' de Botticelli: uma garota de pescoço muito alongado, ventre dilatado e ombros muito curtos. Anatomicamente a Venus não é perfeita ou bela.
  
Outro que também não seguiu a reprodução fiel da natureza era Michelangelo e suas mulheres exageradamente musculosas que para os que não apreciam o fisiculturismo feminino seria demasiado estranho e pouco digno de beleza.
      
Quando Van Gogh apareceu com os seus primeiros quadros foi ridicularizado e visto como pessimo artista. Depois dele veio o Expressionismo Alemão que se preocupava mais em mostrar o que o artista sentia do que via e por isto, caprichava na deformação e na estilização de figuras. Antes desses já na Renascença pintores como Bosch e Bruegel retratavam monstros e seres bizarros. No fim, se pensarmos direito a simetria e a harmonia existem somente na mente humana e não no mundo real, tanto é verdade que artistas mesmo como Leonardo por mais que copiassem e treinassem olhando a natureza percebiam nela a falta de simetria e tratavam de representar pessoas de uma forma não natural até chegar no que chamamos de arte do belo. Por isto, aprecio tanto pintores como Goya, Parmegianino e Bosch porque a monstruosidade não é real mas, é mais interessante do que pinturas de naturezas mortas e belas mulheres classicas que apenas tentam inutilmente imitar a natureza.


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