quinta-feira, 22 de março de 2012

Escrevendo um Românce: 18ª Parte

CAVALEIROS E EXORCISTAS

©2012 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

DERRAMAMENTO DE SANGUE

Os cavalos dos soldados de Atila deram refugadas enquanto os alazões de Aquiles e Michelangelo avançavam corajosamente. Leonardo desembainhou a sua espada e como reação a tal desfeita pelos cavalos do inimigo gritou: ‘avante soldados!’.
O choque de metal contra metal das espadas ecoou pelo pátio do castelo. Uma balburdia de guerreiros que mais lembrava as pinturas de Paolo Ucello tomava o meu olhar assustado. O sangue espirrava para todos os lados manchando o chão e os guerreiros. Um guerreiro apareceu tentando inutilmente segurar um jorro vermelho que brotava como uma fonte do pescoço atingido por uma espada inimiga.
Aquiles tentava desferir golpes em três soldados ao mesmo tempo enquanto Michelangelo com sua clava machucava alguns outros. Bonelli parece ter me visto e foi correndo em minha direção. A disparada do cavalo parecia dar a impressão que o animal estava desgovernado. Diana deitou no chão acreditando que seria pisoteada pelas patas da montaria, contudo Bonelli deu uma refugada e a montaria parou bem perto de nós.
Outro soldado veio, era Enrico, com seu escudo perfurado por uma lança e com ar de fúria. Buldica sorriu e foi correndo montando na garupa de Enrico. Este olhou e nos cumprimentou:
-         Sois resistentes mesmo! Pensamos que tinham virado comida de canibais ou tivessem sido enforcados.
Diana foi logo emendando no assunto:
-         Não seriamos presas tão fáceis! Depois contaremos nossa estadia aqui! Agora, nos tire deste Inferno!
Bonelli concordou com a cabeça e lhe deu a mão para que subisse na montaria. Na mesma hora Enrico jogou uma espada e um escudo em minha direção. Fiquei surpreso com tal atitude. Ele então explicou:
-         Francisco, nos leve para dentro do castelo. Temos que pegar Atila agora!
Acenei com a cabeça e fui me armando. Depois, apontei a entrada e disse que teríamos muitos soldados internos para enfrentar. Bonelli sorriu e partiu na frente.
No outro lado do pátio vi de relance monsenhor Aquiles lutar com Leonardo. O menino demonstrava coragem ao lutar de igual para igual com o mestre. Aquiles percebeu que teria dificuldade. Lutar encima de um cavalo não é uma boa maneira de batalhar: a montaria se move demais e o equilíbrio é difícil. Aquiles dava golpes fortes, mas o menino evitava todos. Com sua juventude e agilidade conseguiu ferir o ombro do mestre. Este então mudou de tática e com um contra golpe acertou o ventre do jovem guerreiro.
Leonardo caiu do cavalo e ficou estático no chão. Ouvimos então um grito vindo do nada. Era Fátima, esposa do guerreiro, que gritava pelo nome do marido. Sem medo de ser atingida por um dos guerreiros, ela correu em direção a Leonardo e abraçou o corpo inerte. Na hora a pena do casal me veio à alma. Por dentro chorei pelo fim de tão belo amor!
Fátima, grávida de seu amado guerreiro, chorava e suplicava a Deus para que ele não fosse embora! Enquanto ela lamentava um soldado guarani aproveitou a situação e atravessou um lança que transpassou suas costas. Não sei se era isto que ela queria, mas Deus fez com que se unisse ao marido falecido no mesmo instante.
Revirando os olhos Fátima caiu por cima do marido e os dois ficaram uma só carne no campo de batalha. Depois desta cena resolvi seguir Bonelli e Enrico pelo castelo adentro. Queria acabar logo com aquilo! A cada passada dentro do castelo defrontávamos com guerreiros inimigos. Derrubávamos um a um até poder chegar na torre onde Atila estava escondido.

No meio do caminho passamos no salão principal e falei a Bonelli que ali estava a relíquia sagrada dentro de uma caixa. Ele desceu da montaria e pediu para ajuda-lo a procurar. Enrico disse que iria atrás de Atila e continuou com Buldica como acompanhante. Mal ele subira a escada e foi atingido no peito por uma flecha lançada pelo arco de Conrado e seus soldados que já estavam descendo da torre. Buldica com agilidade de um tigre pulou do cavalo enquanto Enrico caia inerte com sua espada em mãos.
Bonelli correu para socorrer o amigo. Viu Enrico no chão e gritou o nome do monsenhor Aquiles. Como mágica ele veio com Michelangelo atravessando os átrios do castelo com sua montaria e matando soldados que apareciam na sua frente! Conrado então tentou atingir o mestre com uma de suas flechas. Contudo, o monsenhor parecia ser protegido por anjos e nenhuma arma o atingia.
Conrado tentou novamente, mas eu estava mais perto e para proteger o mestre enfiei a espada em sua barriga. Enfim, o arqueiro largou sua arma e caiu no chão. O monsenhor parou o seu alazão e desesperadamente foi socorrer Enrico. Michelangelo segurava sua mão e pedia para o amigo não se render diante da morte. Enquanto sofria, Enrico suspirou palavras para o seu amigo de batalha:
-         Michelangelo estou morrendo! Não consigo respirar. O desgraçado me atingiu em cheio!
Michelangelo começou a chorar e segurando a mão do amigo retrucou:
-         Francisco vingou a sua morte, amigo! O maldito que lhe feriu está no Inferno agora! Não se preocupe tudo ficará bem.
-         Amigo! Eu não queria morrer assim sem antes ver a cabeça de Atila arrancada do corpo! Prometa que fará justiça!
-         Eu prometo! A sua morte não será em vão.
-         Ótimo! Dê-me o beijo de adeus e ficarei bem.
Michelangelo sempre foi um grande guerreiro, mas também nutria sentimentos fortes por Enrico. Segundo nas tradições macedônicas os grandes guerreiros eram amantes no campo de batalha e assim, sendo na despedida de um lhe era dado o um beijo. Bonelli, guerreiro afeminado e corajoso do grupo pediu o direito e então, consentido por Michelangelo ele beijou Enrico nos lábios.
Após o ritual voltamos a o que queríamos realmente buscar. Apontei a caixa que se encontrava em uma mesa diante do trono de Atila e disse ao monsenhor que a relíquia estava ali. Monsenhor perguntou o que mais eu sabia. Eu disse que vi milagres saírem da caixa e que poderíamos usa-la para ressuscitar nossos companheiros mortos. Aquiles fez um sinal da cruz e foi em direção ao objeto cobiçado. Ouvimos então passos de soldados vindos em um corredor. Era Atila com seus outros guerreiros vindo armados e com os olhos cheios de ódio para conosco!






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