sexta-feira, 4 de março de 2016

Quebrando a Zona de Conforto nas Aulas de Artes


Falar de aula de artes nas escolas sempre é algo importante, tanto para nós mesmo artistas ou iniciantes e principalmente para educadores. Vou relatar um pouco da minha experiência de docente em artes para ilustrar o título acima deste post.
Nos meus últimos sete anos venho desenvolvendo um projeto de artes para o seguimento EJA (Ensino Jovens e Adultos) e que com o tempo, e todo aprimoramento também vou fazendo teste com a modalidade infantil e fundamental 1.
O que venho fazendo é separando dentro da modalidade escolhida técnicas e linguagens artísticas. Com a modalidade EJA a forma de trabalho semestral e a permanência de alunos que começam na 5ª série e irem até o 3º ano do ensino médio de forma progressiva possibilitou fazer algo diferente do ensino convencional e, às vezes, ir até ao oposto que O Currículo em Movimento determina (o que pode ser desastroso e que não recomendo a um outro docente tal atitude).
Bem... O que fiz foi o seguinte: percebi que a sala de artes da escola em que frequento não era grande suficiente para guardar o trabalho dos meus alunos. Também percebi que mesmo sendo um professor de artes, tenho minhas limitações em saber de muitas técnicas e trabalhos práticos ( em 100 dias letivos um professor de artes não consegue ocupar todo o seu tempo com trabalhos práticos e por muitas vezes tem que recorrer a aulas teóricas, que são muitas vezes exaustivas para os alunos).

Depois de tal percepção pensei em como trabalhar artes de uma forma que não fosse somente um ato de aulas de oficinas e nem deixar de ser algo didático que um professor de artes tenha que realizar. Criei então minha própria forma de dar aula de artes dentro do quadro semestral da EJA da seguinte maneira, sabendo que sou o docente que cuida tanto do fundamental, quanto do médio da referida modalidade:
-Na 5ª série dou aula de desenho básico e fundamentos da linguagem visual (ponto, linha, desenho básico, perspectiva, sombreamento, aula de modelo vivo, retrato e tudo que é ligado ao desenho);
-6ª série dou aula de pintura ( teoria da pintura, estudo de cromatismo, pintura abstrata, pintura de naturalismo, pintura de retrato, reprodução de paisagem...);
-7ª série arte e sociedade (analise de obras e estudo de semiótica para leigos, conceitos de símbolo, ícone e como a arte utiliza isso na publicidade, design etc...);
-8ª serie arte escultórica ( origem da escultura, técnicas de modelagem e materiais para confecção de obras escultóricas);
-1º anos até o 3º do ensino médio (história da arte e semiótica voltada para o ENEM).
Para você que é docente e que deve estar lendo do outro lado como eu fiz isso, pode parecer ( e deve) a primeira vista ser difícil. Os alunos podem se sentir chateados em ter que ficar uma série inteira vendo um mesmo assunto.
Porém como se trata de EJA, e cada série tem que durar 6 meses, os alunos não sentem tal baque de início. Na EJA as aulas são vistas como lineares ( o aluno que está vendo desenho básico na 5ª série percebe que tudo que aprendeu tem sentido na 6ª série pois está mais apto para fazer melhor trabalhos na área de artes).
Assim como este mesmo alunos quando chega no ensino médio já tem maturidade para entender melhor a história da arte.

Enfim, existe também a quebra de conforto do aluno que tem certa aptidão para o desenho e que prefere ficar no que já conhece (todo professor de arte conhece um aluno que gosta de grafite e não gosta de arte acadêmica por preguiça de aprender coisas novas).
Tenho muitos alunos que dizem frases do tipo ' eu não preciso de aula de artes pois sei desenhar'. Na verdade este aluno apenas sabe alguns macetes de aprendizagem e que por não querer sair da zona de conforto não quer aprender técnicas novas.
Quando eu era moleque achava que desenhava super bem, até frequentar aulas de atelie e ver que tinha alunos que sabiam de coisas que eu não conhecia. Depois de ver que não era tão bom assim como imaginava passei a perseguir novas técnicas e estudar com seriedade as coisas.Vejo isto hoje em minhas aulas e percebo que todo mundo nunca pode se sentir bem na zona de conforto. Tem que arregaçar as mangas e trabalhar para melhorar a cada dia!
Nas aulas de pintura, muitos alunos que só gostavam de desenhar  passam a apreciar a pintura. Tem alunos que nunca se imaginaram desenhando algo, esculpindo ou pintando por se acharem sem talento e conseguem. E isto não é mágica! É simplesmente estudo e treinamento.

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