quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Sessão Contos Bizarros: Quem Vê cara, não vê coração!


Flávio desde garoto dava problemas para a sua mãe. Mulher humilde e trabalhadora sempre ganhou a vida como doméstica, dona Cândida nunca deixou de tentar ser um bom exemplo para Flávio. Mas o moleque sempre preferiu aprontar mais que estudar.
Se juntou a uma gangue da cidade e com pouco mais de 12 anos começou a cometer pequenos furtos em lojas da região do Recife. Com o tempo o garoto foi ganhando mais confiança na impunidade e já estava cometendo roubos à mão armada dentro de ônibus e postos de gasolina.
Dona Cândida coitada... trabalhava o dia inteiro e nunca sabia das coisas que o filho aprontava. Dizia para a sua patroa, que Flávio era um menino tímido e estudioso. Mal sabia ela que o garoto estava se tornando um criminoso conhecido pela cidade e principalmente pela polícia.
Um dia a verdade apareceu. Flávio foi preso depois de roubar um carro e sequestrar a dona do veículo. Foi um verdadeiro filme de perseguição, mas a polícia enfim prendeu-o. Na TV a patroa de dona Cândida assistiu a tudo. Para a tristeza da sua doméstica o filho dela finalmente havia mostrado a sua derradeira face.
Flávio já tinha mais de 18 quando pegou a sua primeira detenção. Depois disso a coisa só foi piorando, como as cadeias brasileiras dificilmente recuperam alguém o rapaz continuou no rumo do crime.
De ladrão o garoto se tornou um assassino. Começou a matar depois dos roubos e não parou mais. Dona Cândida que sempre teve pressão alta um dia não aguentou tanta decepção por parte do filho; teve um mal súbito e faleceu!
Flávio sentiu um remorso, mas depois preferiu descontar a raiva e a frustração na sociedade.Continuou roubando e tirando vida de inocentes. De vez em quando, seu coração sentia um vazio. Mesmo quando se ostentava com dinheiros e bijuterias que não eram suas, o cara sentia que sua vida não tinha um proposito, uma razão. Ele se perguntava:
'Onde está Deus para me dizer o que devo fazer de minha vida?'
'Onde estava o meu pai que abandonou a mim e minha mãe?'
'Minha mãe foi embora. Estou só. E agora?'
Enquanto as respostas não vinham, Flávio continuou em seu caminho de roubos e mortes. Um dia chegou aos seus ouvidos que um senhor muito rico guardava toda a sua fortuna em sua casa. Diziam que o idoso morava só, porém era tido por estranho por seus conhecidos, pois não recebia visitas e nem falava com outras pessoas.
Flavio então resolveu arquitetar um plano para invadir a casa do velhote e roubar tudo o que estivesse em sua casa. Descobriu que o idoso morava em uma enorme mansão em uma área rural. Ficou feliz em saber que a casa do velho também era desguarnecida e nem sequer tinha cães ferozes para proteção.
Depois que viu que era fácil demais entrar no recinto, Flavio partiu para encontrar o que realmente queria. encontrou o velhote sentado em um sofá confortável e fitando a parede admirando um quadro enorme. O assaltante sondou a sala e viu que tinha de tudo: boa tapeçaria, belos quadros, estátuas, muita coisa de valor mesmo!
Esperando que o velhote não reagisse a sua ação, Flávio partiu para cima dele. O inesperado aconteceu! o velho o surpreendeu segurando um rifle e disse com sua voz rouca:
'Acha que eu estou despreparado para você?'
Mesmo tendo uma arma também, Flavio não teve tempo de segurar o gatilho. Preferiu não desafiar o velho e esperar uma oportunidade para virar o jogo. Levantou as mãos  e as pôs sobre a cabeça.
O velho que tinha o rosto marcado e olhar cerrado resolveu conversar com o bandido de arma em punho:
' Você não é o primeiro que tenta me assaltar garoto. Só porque não tenho cães de guarda não significa que eu seja bobo'.
Flávio meio que temeroso resolveu conversar com o idoso:
'Calma aí chefia! Eu não queria te fazer mal nenhum. Eu sou de boa!'
O velho sorriu com sua boca meio torta e seus dentes amarelados, levantou-se do sofá em que estava sentado e se dirigiu para mais perto de Flávio:
'Com certeza você deve ser gente boa mesmo! mas, por via das dúvidas, vou verificar como é o seu coração!'
Flavio não entendeu o que o velho disse até levar um tiro na cabeça disparada por ele. O corpo do meliante caiu ao chão e manchou o tapete de veludo que ele tanto achara bonito. O idoso pegou o corpo do rapaz e com dificuldade o levou até um frigorifico que ficava no porão da casa.
Lá o velho com uma serra elétrica e facões fatiou o corpo de Flávio. Em seguida colocou as partes mais carnudas e alguns ossos no congelador, enquanto o coração foi para uma panela de pressão para virar ensopado. O idoso em um mês o devorou com todo gosto do mundo.
Nunca mais ouviram falar de Flávio, a polícia até o hoje o procura. Contudo, é a lenda de que ele foi devorado pelo velho da mansão escura corre solta pela região.




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