terça-feira, 22 de maio de 2012

Caricaturas, Charges e Cartuns: deformação e sátira


A ideia da deformidade na arte parece ser algo recente, porém começou ainda na arte icônica do periodo bizantino e passando pela arte renascentista dos países  baixos e do maneirismo italiano. Tanto os ícones bizantinos quanto na arte da renascença dos países baixos os artistas procuram ser mais emocionais do que tecnicos, claro que o pouco naturalismo na pintura dos retábulos icônicos tinham haver mais com o poder de persuação da Igreja do que o paganismo exasperado tipico dos artistas holandeses que procuravam mostrar os detalhes de um rosto e suas imperfeições.
   
Talvez venha daí o que seria chamado mais tarde de caricatura. A capacidade do artista de retratar um personagem mantendo suas nuances mais excenciais para mante-lo reconhecível e ao mesmo tempo colocar exageros anatômicos nele parece a primeira vista algo simples. Contudo, requer um censo de observação único.
 
Mas o que diferencia a caricartura da charge? O que é um cartum? Os três estilos parecem beber da mesma fonte e possuem a ideia de deformação como fator primordial. Como já foi dito acima na antiguidade já se trabalhava a deformidade fisica. Pintores como Bosch e Bruegel e maneiristas como Parmigianino faziam retratos de figuras ilustres e mesmo quando ficcionais com uma deformidade, às vezes, na maioria não intencional. De certa forma a deformidade destes artistas é muito mais uma tecnica de retratação tentando ir em outra direção da visão classica greco-renascença que tinham Rafael como símbolo.

Mais tarde no século XVIII com o surgimento da imprensa na Inglaterra surgem os chargistas: artistas que ilustram uma cena com humor apelando para a deformação de figuras. Estes artistas que pareciam se inspirar no pós impressionismo de Gauguin e Van Gogh pavimentariam o que seria chamado mais tarde de caricatura e cartum.

Ainda no século XX no período entre guerras o movimento expressionista alemão e o Realismo russo teriam como principal caracteristica a deformação e a sátira sobre governos e instituições tradicionais como a Igreja e a familia. Logicamente que a deformação expressionista era mais conectada a melancolia e a angustia sobre um mundo violento, enquanto as obras realistas feitas na Russia e na América do Norte tem o escárnio como fonte.

O escárnio do inicio do século XVIII e do pós guerra e o cinismo do mundo pop seriam as bases do que hoje vemos no cartum: charges em que personagens deformados ilustram um fato cotidiano com um olhar irônico.

No Brasil cartunistas como Henfil ou as charges dos irmãos Caruso e os cartuns de Angeli, são o exemplo mais sólido desta forma de linguagem artistica em nosso país. Sempre de forma contundente tocar o dedo na ferida de nossas instituições publicas e celebridades.

Nenhum comentário:

Postar um comentário