quarta-feira, 23 de março de 2011

Páscoa: O sadismo no cristianismo

Estamos no mês da Páscoa. A Igreja propõe para os seus fieis a quaresma: o jejum e a oração para relembrar os 40 dias que Jesus ficou no deserto sendo tentado pelo Diabo. Para os judeus representa a saída do povo hebreu da escravidão do Egito. Nestes dias eles comem o pão ázimo (pão sem fermento) alimento que os hebreus comiam durante o exodo.

Para o comércio é o período do lucro com a venda de ovos de páscoa. Também ocorrem as encenações sobre a crucificação. As pessoas se reunem em arenas ou teatros abertos para ver o mártirio do filho de Deus. E é neste ponto que eu quero chegar.

O cristianismo se divide em dois grandes momentos: o primeiro é sobre o nascimento do Cristo, a sua vida pública e como ele tenta trazer para a sua comunidade valores sociais esquecidos ( a parábola do Bom Samaritano discute a divisão das tribos em grupos individuais e rixas entre elas; já o encontro de Jesus e Maria Madalena trata da aceitação do outro onde se questiona quem pode julgar o próximo); também mostra os milagres que ele havia feito.
             
O segundo momento fala do julgamento de Cristo pela comunidade ( ele é visto por uns como uma ameaça por tentar trazer as dicussões de valores) e por isto é condenado a crucificação. Depois de sua morte e ressureição os seus seguidores foram perseguidos e também morreram crucificados ou apedrejados em locais públicos.

Certa vez estava conversando com um colega de trabalho. Ele era protestante e estavamos discutindo sobre o filme 'A Paixão de Cristo' dirigido por Mel Gibson em 2005. Ele me dizia que o filme estava incorreto sobre a crucificação de Jesus. Ele dizia todo extasiado "aquele filme está todo errado, Jesus sofreu muito mais que aquilo!". Pensei comigo, aquele filme é muito violento, não acredito que Jesus não tenha sofrido mais que aquilo: ele levou 99 chibatadas, carregou uma cruz pesadissima por um terreno íngreme, foi cuspido e insultado, pregado na cruz e ainda teve as costelas perfuradas por uma lança. Mais sofrimento que isto não existe.
       
Eu me lembro que os padres neste mês costumam discursar sobre como Jesus sofreu por toda a humanidade. Muitas vezes o discurso parece mais de exaltação a dor do Cristo do que de refletir o porque do ocorrido. Muitos pastores bradam sobre o sofrimento cristão como se fosse um espetáculo, um show de horrores.
Faz muito tempo que não vou a Igreja, por que começei a não entender este discusso de dor e exaltação sobre Jesus. Hoje os atores da Globo querem fazer as encenações do Cristo, não pela mensagem dela mas, porque virou uma vitrine para aparecer. Os padres e pastores fazem discurssos sobre flagelação como se fossem sádicos. Eles focam toda a ideia deles no segundo momento que é a crucificação e esquecem dos valores sociais que Jesus tentou resgatar no primeiro.

Sei que posso estar sendo ingenuo, e até desinformado. Contudo, o que espero é que como cristãos passamos mais a vivenciar o 'amar o próximo' do que ficar exaltando o flagelo do filho de Deus. Chega de sadismo no cristianismo!

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