sábado, 15 de agosto de 2015

Sessão Contos Bizarros: O Monstro da Escuridão


Muita gente tem medo do escuro, mas como a Tatiana devem existir poucos. Desde  criança a moça já tinha dificuldade para lidar com o escuro. Costumava não conseguir pregar o olho  e quando podia, pedia para que sua mãe deixasse a luz do quarto acesa.
Sua mãe dizia que ter medo do escuro era besteira e que nada poderia acontecer a ela. Ás vezes, para aplacar o medo da garotinha, a mãe zelosa cantarolava musiquinhas de ninar e até orações com anjos de proteção evocava para sossegar a filha.
O tempo passou e Tatiana já era moça feita, bonita e atenciosa. Lecionava em uma escola próxima de sua casa no Rio de Janeiro. Dava aulas para crianças do maternal e do fundamental. No serviço estava sempre disposta e alegre e até contava piadas para as outras docentes!
Contudo, era só ela chegar em casa e olhar para um quartinho que tinha e que estava escuro e desocupado, que a moça começava a mudar a face de alegria para a preensão. Não conseguia  se dedicar ao diário escolar, e nem ao planejamento das aulas. Tampouco conseguia assistir a TV. Seu pensamento viajava em torno do quarto escuro e que insistia em lhe por medo.
Mas o que havia de tão assustador no tal quarto? Nem mesmo a Tatiana sabia. Sem ter coragem de ir até ele, a garota ficava somente em sua imaginação pensando em como ele era. O medo do recinto era tão grande que a moça dormia na sala em um sofá pequeno e desconfortável. No outro dia acordava toda dolorida, mas parecia estar mais feliz por não ficar dentro do quarto escuro. De tanto dormir de luz acesa na sala a professora, que já não ganhava muito, teve que desembolsar quase R$ 400,00 de luz !Mas Tatiana parecia não ligar, desde que não dormisse no tal assustador aposento de sua casa.
Um dia ela chegou bem cansada das aulas. Estava doida para tomar um banho e quem sabe dormir mais cedo em sua sala. Mal entrou no banheiro para tomar uma ducha quente e POW! Acabou a luz na rua em que ela morava.
Pelo jeito o pessoal da companhia de energia deixou a manutenção dos postes mais uma vez de lado, pensou irritada a moça que estava com o corpo todo ensaboado. A raiva de estar com o corpo cheio de sabão só não aumentou porquê Tatiana viu que tudo estava escuro.

O breu que tomava conta de tudo estava lá e não mais no quartinho que a professora tanto evitou encarar.A moça começou a tremer, primeiramente por causa do corpo estar molhado e em seguida pelo medo quase fóbico da falta de claridade. Olhando para todos os lados com os olhos arregalados e com pouca visibilidade, Tatiana tentava não se mover ficando quase como uma estátua. Contudo, quanto mais ficava imóvel, mais o medo crescia e a moça já começava imaginar coisas horríveis vindo em sua mente.
Poderia uma criatura, um bicho papão, sei lá vir me pegar. Dizia a moça para si mesmo. O tempo passava e nada da luz voltar nas casas. Desafiando o medo começou a tatear o banheiro e com ressalva conseguiu sair dele. Mais um pouco e tocando e andando de forma atenciosa percebeu que estava na sala. Nunca a sua casa pareceu tão diferente.
O objeto macio denunciou que era o sofá vermelho que comprara ha um ano. Sentiu uma coisa sólida bater em seus quadris redondos e viu que se tratava da estante que continha os seus livros e bibelôs. Mais segura e vendo que nada acontecia para dar temor, Tatiana, continuou a sua viagem estranha por sua casa. De repente teve uma dúvida.
Estou indo para a cozinha ou para o quarto? Pensou por um momento. Se estivesse indo para a cozinha poderia trombar no fogão ou no armário. Com certeza derrubaria as panelas e até quebraria uns pratos que comprou com muito custo. Mas e se... for o quarto escuro e sinistro? Só o pensamento provocou calafrios na espinha da moça que já estava com o corpo seco. Poderia ter algo lá que fosse tão ruim assim?
Tatiana sabia que como já estava imersa na escuridão o que tivesse de ocorrer não poderia fazer nada para impedir. Com o corpo tremulo seguiu em frente. Foi andando com cautela e com as mãos esticadas para evitar bater em algo. De repente um estalo se ouviu. Tatiana parou e tentou localizar de onde vinha o som. Olhou para o alto e para a frente e não conseguia diferenciar nada. Estava cega! Continuou a andar e então sentiu pisar em algo molhado. Não sabia o que era, mas a incomodava. Continuou a andar mais um pouco e então ouviu um outro estalo. Desta vez percebeu que este barulho veio do teto.
O teto da casa era alto e ha pouco tempo a professora tinha mandado consertar um telhado que estava quebrado. Será que foi alguém que jogou uma pedra? Todo pensamento absurdo passou pela sua cabeça para justificar o estranho barulho. Tatiana continuou a andar. Alguma coisa tocou o seu tornozelo. parecia algo pontiagudo. A moça começou a ficar assustada e logo começou a pensar que poderia ter baratas ou outro animal peçonhento no lugar. O soluço e um início de choro começou e Tatiana se desesperou.
Será que é uma aranha cabeluda? Odeio aranhas! E se for uma maldita barata cascuda? Como eu tenho nojo de barata! Tatiana xingava baixinho com medo do animal peçonhento ouvir e atacá-la. No meio do temor lembrou dos tempos de menina em que não conseguia dormir por causa do armário que tinha em seu quarto: era grande. Grande o suficiente para caber alguém como o bicho papão.
De repente um chiado e uns estalos se ouviram novamente. A garota percebeu que o som vinha de algo a sua frente. Onde está a minha lanterna que comprei no ano passado? Pensou enquanto ouvia o estalo que parecia estar mais próximo dela. Duas luzes então apareceram diante de sua frente. Tatiana prestou atenção e parecia algo um par de olhos. Sera um gato? Pensou quase que aliviada. Achando que era um bichano começou a chamar como quem já criou um. Porém, o animal não se manifestou.
Quando menos se esperava a luz da cidade voltou. E para a surpresa e temor de Tatiana, o estranho animal a sua frente era uma ratazana. Não um roedor qualquer, mas um bicho enorme maior que um cachorro pastor alemão! A moça deu um grito que poderia ser ouvido por toda a vizinhança. O monstruoso bicho a atacou.

Depois desse dia nunca mais Tatiana foi vista nas redondezas e nem mais na escola em que lecionava. Muitos consideram que o rato gigante não passa de uma lenda urbana contudo, tem gente que já viu e sobreviveu ao ataque do monstro!

Nenhum comentário:

Postar um comentário