segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Antony Gormley X Donald Judd: O Corpo e o Espaço


Está ocorrendo em Brasília, mais precisamente no CCBB, a exposição do escultor inglês Antony Gormley chamada de 'Corpos Presentes'. Nesta exposição quem for conferir poderá ter contato com os trabalhos  deste premiado artista que desde os anos 80 discute a relação corpo + espaço.
  
Confesso que gostei da exposição, mas o que me surpreendeu mesmo, foi os modelos feitos de diversos materiais que o artista fez para a base das futuras escalas medias e monumentais que o tornariam famoso. A maior parte de suas esculturas são feitas de metal (ferro fundido) tendo o corpo do proprio artista e de voluntários como molde. Assim quem vê suas obras ao longe acredita estar vendo seres humanos parados em meio a locais aparentemente estranhos. Quem frequenta a rodoviaria de Brasilia já deparou com as estatuas de homens nus na plataforma superior.

A proposta de Gormley é antes de tudo discutir a ideia de espaço e sua ocupação seja por objetos ou por nós mesmos. É aí que vejo uma certa semelhança e ao mesmo tempo uma oposição as obras de Donald Judd, considerado por muitos o papa do Minimalismo. na decada de 60 quando as obras do também inglês Henry Moore, estavam discutindo a forma com obras pós picassianas e longe do naturalismo clássico, Donald judd trouxe os seus cubos acépticos na maioria brancos ou de metais polidos e que se multiplicavam em séries regulares.

A ideia de discutir a repetição da produção em massa e ao mesmo tempo o esvaziamento da forma, fez que as obras de Judd provocassem espanto e ao mesmo tempo monotonia. O que há para se admirar em um cubo branco no meio de uma galeria? A mesma pergunta se faz hoje nas obras de Gormley quando nos deparamos com seus manequins de metal. Uma de suas obras mais bacanas exposta no CCBB, chamada de Critical Mass, discute a repetição ao mostrar seus homens de ferro em posições semelhantes colocados de forma diferentes no ambiente ( poses de homens rezando ou sentados colocados em posições diferentes criam um certo estranhamento e um ar de novidade como se estivessem sendo visto pela primeira vez). O mesmo tema aparece só que desta vez mais berrante em Amazonian Fields, milhares de bonecos de argila perfilados em uma sala formando uma população em miniatura feitas com a colaboração de artesãos do interior do Amazonas.
 
Talvez o mais proximo do Minimalismo que a obra de Gormley mostre seja a instalação Breathing Room, uma estalação feita com barras florecentes que lembram uma profusão de trapezios e cubos dando uma impressão de infinitude no espaço. Esta obra lembra e muito os trabalhos minimais de Judd e seus seguidores. Se a repetição e o discursso do espaço une Judd a Gormley, a oposição seria a forma: enquanto Judd quer esvaziar a ideia da escultura como uma representação do corpo humano e da tecnica deixando a reprodução á vista, Gormley esmera na produção de suas estatuas e mesmo que pareçam simples, na verdade passam por um processo de analise matemática e tecnologica e de busca de representação do ser humano.
Em suma, as obras de Gormley ainda discutem o corpo humano como tema do escultórico enquanto que Judd fala de limpeza e pureza dando a escultura uma forma não humana e mecânica possivel.

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