sábado, 19 de dezembro de 2015

José Mojica Marins e o Cinema Autodidata


Quem acompanha a programação da TV à cabo sabe que muitas emissoras tem investidos em seriados brasileiros. De certa maneira isto é bom, pois assim temos algo para nos identificar e não ficarmos presos a series norte americanas que mesmo tendo muita qualidade, ainda espelham o modo de vida dos EUA.
Por esta razão, talvez para criar uma identificação maior, o canal pago Space resolveu transmitir uma série sobre a vida e a obra do cineasta José Mojica Marins.

Talvez, o nome não lhe traga alguma lembrança, mas é só eu citar um nome: Zé do Caixão, que a coisa muda de figura. Pois é... José Mojica Marins é o famoso e folclórico Zé do Caixão, Personagem que se tornou ícone do terror made Brazil.
E 'MADE BRAZIL'  com z e pompa. Tudo porque, os trabalhos desse cineasta é super estimado no exterior (principalmente nos EUA e na Europa). O que poderia desde já nos dar muito orgulho, já que reclamamos que não temos muita representação fora do nosso quintal.

Mas nem tudo é flores na vida do Zé do Caixão. Para começar o Mojica nem pensava em estudar cinema. Tudo que aprendeu sobre o oficio de ser ator/diretor, foi na base do 'faça você mesmo!'. De tanto ajudar o pai que trabalhava como projetista de película em uma sala de cinema, o garoto passou a gostar e de querer fazer filmes.
Com um grupo de amigos e atores amadores que encontrava na famosa Boca do Lixo, o cara rodou muitos filmes. Começou fazendo filmes estilo bangue bangue italiano, e somente depois passaria a fazer o gênero terror explicito.

O seu primeiro filme 'Á Meia Noite levarei a Sua Alma' de 1964, inaugurou o gênero no Brasil. O personagem Zé do Caixão surgiu de um sonho que o cineasta teve com a sua própria morte ( é o que diz as lendas). No início Mojica não queria fazer o personagem, porém nenhum ator conseguia interpretá-lo, então ele mesmo resolveu usar uma capa preta, colocar unhas postiças e um chapéu. Surgia aí um personagem brasileiro cheio de características estranhas e até engraçadas. O que motiva o personagem é a busca da mulher ideal que irá gerar um filho perfeito para dominar o mundo.
Depois deste filme, Mogica dirigiu a continuação 'Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver' de 1968. Depois ele lançou o antológico 'O Estranho Mundo do Zé do Caixão' 1969 e na década de 1970 'O despertar da Besta'. 

Por um bom tempo os filmes do Zé do Caixão eram sucesso, mas com a perseguição da ditadura e a maior entrada dos filmes americanos no circuito nacional os filmes de Mojica logo foram esquecidos. Demorou duas décadas até sair 'Encarnação do Demônio' de 2008 o filme que fecharia a trilogia do Zé do Caixão em busca da mulher perfeita.
Infelizmente, Mojica esteve doente e até hoje não conseguiu realizar novos filmes. Sem ter um apoio de uma Rede Globo para produzir filmes, seria bacana agora que o cinema nacional tem mais espaço passar algum filme maluco do Zé!
Enfim, muita gente diz que o cinema nacional teve Glauber Rocha como grande realizador de um cinema moderno e autoral. Eu pelo contrário, prefiro o velho Mojica!

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