terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Escrevendo um Romance 14ª Parte

CAVALEIROS E EXORCISTAS


©2011 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.


O MILAGRE DE ATILA

Diana não conseguiu mais dormir e passou o resto da noite ao lado de sua irmã tentando amenizar as suas feridas. Buldica suava frio e o seu corpo tremia. Poderia estar doente? Diana disse que não, mas a perda de sangue e o cansaço poderiam lhe tirar o animo e sendo assim, Buldica estaria demonstrando uma grande fraqueza.
Enquanto observava as duas eu pensava no beijo que havia dado em Diana. Olhei para o crucifixo que levo na cintura e no habito que uso. Lembrei-me do meu primeiro dia no mosteiro e de que como estava eufórico com as aulas de aritmética e filosofia. Pensei no orgulho que meu pai, um humilde lavrador dos campos de Florença, ao saber que seu rebento seguiria carreira religiosa. Agora vejo passar toda a minha vida diante dos meus olhos e percebo que por mais que eu fosse convicto na minha escolha, jamais pude ter uma real certeza.
Poderia eu ser realmente um servo de Deus? Por que não hesitei em beijar Diana? Será que no fundo do meu intimo o que eu queria realmente não era estar com ela, afinal? Todos os meus votos diante da Santa Sé foram em vão? O que sinto por Diana nunca senti por ninguém. Nunca em Florença cortejei uma donzela, aliás, nenhuma mulher me interessava até então. Ficava mais tempo contemplando a natureza e tentando alcançar Deus com os meus estudos das Escrituras e orações.
Percebo que Diana nota a minha distância e olha para mim como se cobrasse a minha ajuda. Não sei o que fazer e resolvi me reservar na minha ignorância. Diana levanta e vem até minha pessoa, senta ao meu lado e começa a falar:
-         Atila machucou demais a minha irmã. Quando sairmos daqui vou atravessar uma lança entre seus dois olhos. Eu juro que vou fazer isto! O que vai acontecer conosco amanhã, Francisco?
Eu não conseguia dizer nada, pois estava hipnotizado olhando para os seus olhos. De repente voltei em mim e resolvi responde-la:
-Jurar é pecado sabia?
-         O que?! (Diana ficou contrariada)
-         Você disse que juraria matar Atila. Jurar é pecado mortal!
-         Não se preocupe com o meu pecado Francisco. Temos é que sair daqui e encontrar Aquiles!
-         Não se preocupe com Aquiles. Se bem conheço o monsenhor deve estar planejando um meio de nos resgatar e dar cabo de Atila.
-         Será que ele conseguirá entrar neste castelo? Ele é muito fortificado e possui muitos guardas.
-         Este castelo é menor e mais frágil que os castelos que vi na Itália. Não será difícil para o monsenhor encontrar a fraqueza dele e derrubar isto tudo como poeira ao vento!
Depois que eu disse isto Diana ficou mais tranqüila e voltou a dormir. Na verdade eu não sei se o monsenhor conseguirá tal feito. Nunca fui com ele para uma cruzada ou saquear castelos no oriente. Contudo, creio que ele saberá o que fazer.
Quando finalmente estava conseguindo dormir ouvi um tilintar de metal entre as grades da cela. Era o soldado nos chamando para acordar. Trouxe umas tigelas cheias de uma mistura, bem parecida com lavagem (as moscas sobrevoavam a comida). Diana se negou a comer, porém tentou alimentar a sua irmã combalida.  O soldado riu e disse ironicamente que ‘cadelas’ só deveriam roer ossos e não tomar sopa.
Fiquei enfurecido e ataquei o guarda puxando-o pelo braço. Ele mais forte revidou e meteu o cabo de ferro em minhas costas. A batida foi forte e eu caí. Diana correu e me socorreu e prometeu que quando fosse libertada mataria o guarda insolente.
O guarda disse para sairmos da cela, pois Atila queria ter uma audiência conosco. Eu e Diana íamos saindo, mas o guarda disse para levarmos Buldica junto. Eu falei que ela estava muito fraca. O soldado disse para eu leva-la nos braços, e assim eu o fiz carregando aquela enorme e musculosa mulher por masmorra adentro.
Quando encontramos Atila sentado em seu trono como um monarca ele nos avistou e sorriu. Perguntou como foi a nossa estadia e se sentíamos falta de alguma coisa. Não levei em consideração o seu escárnio e já fui perguntando o que ele queria conosco. Ele levantou do trono e mandou que eu colocasse Buldica encima de uma enorme mesa de madeira de lei que se encontrava no canto do salão. Eu meio que desconfiado a levei Diana ficou preocupada e tal logo perguntando que ele iria fazer. Atila disse para ela se calar e que tinha tudo sob o seu controle.
Buldica estava imóvel deitada na mesa. Atila passou a mão sobre a sua cabeça com uma delicadeza estranha. Gritou para o guarda trazer uma caixa que estava próxima de seu trono. O guarda correu como um relâmpago e trouxe esbaforido a caixa. Atila resolveu abri-la e mostrar o seu conteúdo: era nela que ele guardava a coroa de Cristo.
Ele pediu para o guarda colocar a coroa na sua cabeça, esse prontamente, fez o mandado. Em seguida Atila pediu para que prestássemos a atenção. O ex-templário fechou os olhos e colocou suas mãos sobre Buldica e em seguida pediu para que Deus realizasse um milagre de cura.
A coroa de espinhos de repente ficou dourada como ouro e Atila parecia também brilhar. Dos dedos se suas mãos saiam raios luminosos. Na hora pensei que tipo de bruxaria seria aquela e que trama diabólica ele estaria realizando contra nós.
Passado a cena mágica, Buldica estava de olhos abertos e sem nenhuma marca de ferida em seu corpo. Ela levantou e olhou para Atila como se estivesse em transe. Atila disse a ela que tudo estava bem. Diana não acreditando passou as mãos sobre o corpo da irmã e em seguida em prantos e a abraçou.
Atila disse então para que ficássemos calmos que ele não faria mal algum e pediu desculpas por ter castigado Buldica e nos postos na cela. Em seguida chamou a índia Fátima e pediu que fossemos levados por ela para tomar um banho e vestimos roupas confortáveis.
Não entendi como tal milagre aconteceu, toda forma, o poder de Deus reside na relíquia e agora sei porque a Igreja estava tão preocupada. Não sei o que será de Buldica e Diana agora depois deste fato. 




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