quinta-feira, 16 de junho de 2011

A Crônica das 'Crônicas'


"Eu canto em português errado e acho que o participio não participa do passado". É com um dos versos de uma das músicas do poeta Renato Russo que resolvi falar de uma coisa que gosto muito e me custa demais: a escrita.
Está ocorrendo em Brasília o projeto 'Escritores Brasileiros', um projeto que envolve o nucleo cultural do CCBB e tem participação do SESC. Até o momento travamos um contato com cronistas que para  muitos eram desconhecidos, ainda mais se você não lê as crônicas publicadas em veiculos de grande circulação como O Globo, A Folha de São Paulo, O Estadão e revistas como Criativa, Marie Clarie e Veja.
Ontem conhecemos o escritor Fabricio Carpinejar, que me atraiu para ler suas missivas através de sua irreverência e bom humor. Ele brincou com a imagem do 'gaucho-machão' com um personagem que criou para legitimar a sua ideia de escritor: o escritor dever ser diferente, um paradoxo dentro da sociedade e não ser um comum.
Se voltarmos na história da literatura veremos que Carpinejar continua uma tradição de escritores excentricos e essenciais como Frans Kafka, Edgar Allan Poe, Cruz Sousa, Marllamé, Dante, Lima Barreto, Clarisse Linspector, Paulo Coelho, Oscar Wilde...um universo de emissores de mensagem que se misturam entre a propria enviada e o leitor que a recebe.
   
Mas o que é uma crônica? Ouso essa palavra há muito tempo e nunca consegui capturar a sua definição. Me lembro que a primeira crônica que li foi do Affonso Romano de Santana no Correio Brasiliense em 2007. Ele falava de Marcel Duchamp e seu famoso urinol. Foi desta crônica que tive inspiração para escrever minha monografia de curso de licenciatura em artes. Mas continua a pergunta: O que é uma crônica afinal de contas?!
Homero foi o cronista da guerra de Troia, Dante foi o crônista da sua viagem do Inferno ao Paraiso, Camões foi o crônista da saga portuguesa. Todo cronista relata um fato que está ocorrendo naquele momento mesmo que este fato depois vire passado. Ninguem tem certeza se Homero realmente viu a guerra de Troia, mas seu relato é como de um participante do fato. É improvavel que Dante tenha ido ao mundo sobrenatural, mas o seu relato na época assustava e fascinava os seus contemporãneos. Quando o cronista conta um fato por mais banal que pareça ( uma ida ao restaurante, uma mulher que dorme no ônibus, o sogro que é mau-humorado) ele está falando de algo que ele viu, sentiu e de forma direta ou indireta participou. É uma fofoca, que vira boato e depois torna-se verdade.
Talvez em minha total ignorância jamais irei saber o que é afinal uma crônica, porém acredito que todo mundo é cronista de sua vida e da dos outros.

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