quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Escrevendo um Romance 12ª Parte


CAVALEIROS E EXORCISTAS

 ©2011 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

 O CASTELO PAX

Nem chegamos a andar muito e já avistávamos uma muralha que brotava entre a grande vegetação. Michelangelo não acreditou em tal engenho arquitetônico e se benzeu de pavor e admiração. As guerreiras da mesma forma ficaram amedrontadas com tal escultura gigantesca que para elas havia engolido o sol.
Aquiles disse que não deveríamos ter medo (o monsenhor já saqueou castelos árabes maiores que este nas cruzadas) e cavalgando direto para o enorme portão gritou o nome de seu morador:
-         Atila, abra o portão! Nós viemos em nome da madre Igreja falar contigo!
Um dos soldados ouviu e correu para avisar ao dono do castelo. Passado algum tempo, Atila apareceu. Estava com seus longos cabelos negros ao vento e com a sua indefectível cicatriz na face. Com seu olhar arrogante olhou para o monge mestre e sorrindo de forma irônica gritou:
-         Até aqui o papa envia os seus cães de guarda?! Vejo que está muito interessado em minha pessoa Aquiles. Abrirei os meus portões para que entre. Contudo, deixarás as suas tropas do lado de fora do meu castelo e somente os dois templários de confiança e as duas guerreiras lideres poderão entrar!
Aquiles pensou em negar tal pedido para um arrogante como Atila, mas como ele precisava entrar no centro e evitar uma luta direta aceitou o pedido. Buldica, Diana, Michelangelo e eu iríamos entrar, enquanto Enrico e Bonelli cuidavam da tropa do lado de fora do castelo.
O enorme portão feito de troncos roliços e gigantescos foi aberto e nós entramos. Na entrada dois guardas karanyos pediram que deixássemos nossas armas com eles. Michelangelo não gostou e hesitou entregar as armas. Aquiles viu que naquela situação era melhor obedecer aos guardas: tirou o seu elmo e entregou a sua espada e o escudo para os soldados. Depois, Michelangelo, as guerreiras e eu fizemos o mesmo e somente assim nos foi dada à liberdade para atravessar o pátio do castelo.
Enquanto caminhávamos percebemos que para cada um de nós havia uns dez ou vinte soldados na espreita, colocados em pontos estratégicos. Aquiles sussurrou que se tivéssemos que atacar Atila seriamos trucidados, pois com certeza ele deveria ter um exercito bem maior escondido, para proteger edificação tão grande.
Michelangelo ainda admirado apreciava a alvenaria e a engenharia empregada na construção do castelo: janelas altas como as góticas e um átrio bem aberto como as igrejas bizantinas. Realmente estávamos diante de uma ótima obra no meio da floresta!
Apareceu uma índia jovem e bonita, parecia bastante calma e nos indicou o caminho até o trono de Atila. Ali pude perceber a arrogância em pessoa. Atila segurava uma taça de prata cheia de vinho em uma das mãos e na outra um cetro feito de madeira todo estilizado. E na cabeça ostentava a relíquia sagrada, a coroa de espinhos de Cristo, na cabeça.

Aquiles viu a relíquia e com surpresa e raiva viu o seu inimigo portando na cabeça como um enfeite qualquer. Aquilo lhe fez o sangue ferver. Em seguida mudou o semblante para enfim, conversar com seu opositor:
-         Vejo que tens a relíquia roubada realmente em teu poder.
Atila com seu ar de soberba respondeu:
-         Que bom que vês que estou com a coroa do Nosso Senhor Jesus Cristo. Agora farei bom uso correto dela e não a usarei para intimidar as pessoas como o papa fazia em Roma.
-         O que tu fez de útil com a relíquia?
-         Fiz muitos milagres: curei doentes, aleijados e fiz surdos ouvirem. A coroa dá o poder de Deus a quem usa-la na cabeça!
-         Como pode um assassino de mulheres e crianças como você operar tais milagres?!
-         Eu não faço milagres é a coroa de espinhos quem realiza. Eu apenas a coloco na cabeça...
-         Tu não tens coração limpo para usar tal tesouro!
-         E tu Aquiles?  Tu que como eu é também assassino e pior, religioso! Como pode dizer que eu não sou digno de Deus. Tu és um assassino a serviço da Igreja, matando milhares em nome da fé.
O monsenhor ficou calado. As palavras sumiram de sua boca. Ele parecia ter sido derrotado verbalmente pelo inimigo. Atila levantou do trono e se dirigindo até onde estávamos falou mais perto:
-         Eu abandonei a Igreja porque via muita contradição. Deixei as cruzadas e vim parar aqui com a relíquia para enfim, encontrar a paz junto de meus guerreiros. Fundamos a nossa missão e com os karanyos estamos restaurando a tranqüilidade e a harmonia entre as tribos. Quando chegamos aqui havia contenda entre os nativos, agora pacificamos tudo! Todos são irmãos agora e crêem em um único Deus e seu servo na terra: Eu! Eu soube que tu tentaste pacificar os índios assim como eu, porém eu tenho a coroa e sendo assim, unifico todas as tribos.
Atila fez um sinal e assim apareceu seus soldados. Alguns deles Aquiles já os conhecia por terem lutado nas cruzadas a seu lado. Também veio juntos o pajé da tribo karanyo e sua bela filha indígena. Em seguida Atila falou:
-         Eu apresento os meus soldados de confiança: Alexandre, Conrado e Leonardo, infelizmente tínhamos Fillipo que morreu nas mãos de sua guerreira Buldica.
Buldica sorriu ao lembrar que havia quebrado o pescoço de Fillipo, pois este havia violado a sua irmã mais nova. Atila continuou  a apresentação dos seus consortes:
-         Este é o pajé Esaú. Foi ele quem nos acolheu e viu em nós a imagem de Deus. Do seu lado está a sua filha Fátima. Ela se casou recentemente com o nosso soldado, Leonardo. Como podem ver somos uma família e tão logo faremos uma dinastia aqui!
O monge Aquiles viu que os nativos não pareciam amedrontados perto de Atila, pelo contrario, havia uma união fraterna entre eles que por hora gerou inveja no monsenhor. Depois desta constatação resolveu falar:
-         Nós também somos uma família! Os guaranis nos respeitam e são felizes conosco.
Atila sorriu e replicou:
-         Podemos conviver juntos se tu quiseres! Basta se ajoelhar diante de mim e teremos toda a região sob controle. Faremos do Éden um lugar perfeito!
Aquiles respondeu:
-         Não! Tenho uma missão e é leva-lo para Roma! Venha Atila, deixe teu trono e venha comigo para ser julgado pela Santa Inquisição!
-         Esta louco? Tu irás embora daqui antes que eu lhe corte a cabeça! Para saber que não brinco ficarei com seu guerreiro mais novo e as amazonas como cativos!
Estávamos desarmados. Não tínhamos como revidar. Aquiles teve que aceitar a ordem e partir deixando eu e as amazonas como reféns de Atila.
A tropa de Aquiles foi embora mais tarde e do alto de uma masmorra com uma pequena janela depois de acorrentado pude ver tal cena triste. Tanto Diana e Buldica como eu estávamos desolados e perdidos na prisão do castelo de nosso inimigo.

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