CAVALEIROS E EXORCISTAS
©2011 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
PRISIONEIROS
Estevão foi levando a tropa para o caminho de volta a aldeia guarani quando pude ver os olhares pesarosos de Aquiles e Michelangelo olhando para traz para a enorme muralha do castelo Pax. Penso agora que fomos infantis e tolos em não termos nos preparados melhor para ir enfrentar Atila e seu exercito. Que ingenuidade colocaria no coração de um guerreiro despreparado a idéia de que venceria seu adversário somente contando com a sorte?
Comecei a aceitar o destino de que a qualquer momento Atila poderia jogar meu corpo inerte na fogueira ou quem sabe me decapitar durante um banquete com os seus guerreiros. Ao mesmo tempo vi o olhar perdido de Diana e Buldica. Elas pareciam tão assustadas quanto eu, e já prevendo o pior.
Não passou muito tempo e um guerreiro de Atila veio até a cela e disse com voz cavernosa que queria a guerreira dos ‘braços fortes’. Buldica viu que se tratava de sua pessoa e se preparou para ir. Diana começou a marejar os olhos e queria pedir para que sua irmã não fosse, porém sabia ela que Buldica não teria escolha há não ser ouvir as ordens do soldado.
As duas se despediram com um olhar como se nunca mais fosse se encontrar novamente. Buldica foi então conduzida enquanto Diana gritava pelo nome da irmã em sua língua nativa. Fui até ela e a consolei deixando sua cabeça deitar sobre os meus ombros. Seu choro encharcava o meu manto, e suas mãos esmurravam o meu peito como se quisesse me derrubar.
O tempo foi passando e depois de todo o choro e desespero Diana dormiu ao meu lado. Tentei não me mexer para não acorda-la, enquanto Diana dormia eu pude olhar pelas grades a luz da lua brilhando. Somente eu e ela naquele lugar. Poderia recitar uma canção de amigo senão estivéssemos diante da morte, além do mais, Buldica não voltaria para a cela e estávamos ainda preocupados com ela.
A luz da lua tornou a face ocre de Diana resplandecente, seus cabelos negros pareciam fios de ouro refletindo o sol. Senti um desejo de tocar a sua face e acaricia-la. Passei os dedos suavemente sobre os seus lábios carnudos. Oh Vossa Santidade! Vós sois homem como eu, antes de ser santo e sabe que a carne é fraca! Nunca senti algo assim por nenhuma mulher. Agora eu estava com a minha amada em meus braços e nada poderia fazer.
Como se ela ouvisse os meus pensamentos os seus olhos se abriram e fitaram os meus. O contato olho no olho parecia hipnótico e com serpentes não desviávamos o olhar um do outro. De repente senti as mãos de Diana sobre a minha face, e eu como de instinto passei os meus braços envoltos da sua cintura.
Fechei os meus olhos e então beijei os seus lábios... Foi um momento de silêncio e de paz para o meu coração naquela hora. Tudo ficou iluminado, como se o sol estivesse no lugar da lua quanto mais nos beijávamos e abraçávamos poderíamos unir carne e sermos um só.
Depois dos beijos Diana ficou cabisbaixa e como se a tristeza tivesse voltado ao seu coração ficou calada. Eu não sabia o que dizer e deixei que a hora passasse, já que não podíamos fazer mais nada. Em seguida ela levantou e foi em direção as grades. Olhou para os lados e nada de sua irmã aparecer.
Diana então voltou a olhar para mim e com ar de tristeza parecia entender o que eu já suspeitava. De repente ouvimos passos vindo do corredor escuro. Era um soldado segurando uma tocha e um outro guiando uma figura pela corrente. Quando se aproximou da cela o soldado da tocha pegou a chave e abriu o cadeado. O outro então, puxou o prisioneiro acorrentado pelos braços e o jogou na cela. O prisioneiro estava envolto me trapos velhos.
O soldado com escárnio falou:
- Vamos ver se ainda mantém a língua afiada agora!
Corremos para o prisioneiro e vimos que se tratava de Buldica. Estava cheia de marcas de chicote e queimaduras horríveis de ferro quente pelas costas, braços e pernas. Diana abraçou a irmã e o choro e o desespero voltaram a cela. Buldica estava inconsciente, mas muito fraca por ter sofrido o flagelo por toda à tarde.
Senti o sangue quente ferver nas minhas veias. Olhei para os guardas e pela primeira vez desejei ter um gládio para poder cortar a garganta dos inimigos. Um ódio me veio e pedi para Deus me dar serenidade e não me tornar um animal. Os soldados trancaram a cela novamente e foram pelo corredor rindo alto depois da demonstração de bestialidade que nos expuseram.
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