sábado, 17 de dezembro de 2011
Mensagem Subliminar: Diga o que tu vês e ti direis quem és
O olho é nossa porta para a alma já diziam os poetas românticos. A verdade é que somos guiados pela visão em quase tudo em nossa vida (podemos contar com os outros sentidos, mas o olho parece em nós o sentido mais dominante). Por isto resolvi fazer esta postagem em homenagem aos que se colocam a estudar o fenômeno da mensagem subliminar.
Logo de inicio me coloco totalmente contra a crença de tal fenômeno. Me lembro que quando eu era estudante eu tinha um grupo de amigos na escola que adoravam conversar sobre este tema. Geralmente era comum eles conversarem sobre o emblema da Coca-Cola onde supostamente aparecia a imagem do Diabo ou os desenhos da Disney com suas mensagens eróticas embutidas para as crianças.
Alguns deste amigos eram extremamente religiosos e passavam uma boa parte do tempo em tentar provar que o Diabo aparecia de forma sutil em objetos do cotidiano. Quem nunca ouviu a historia de que as músicas da Xuxa de trás para frente eram mensagens do demônio? Ou que a música 'Guerra dos Meninos' do Roberto Carlos era uma mensagem de exaltação as forças do mal?
Resolvi brincar com o assunto e fui ver uns cartazes de filmes que supostamente teriam as tais mensagens subliminares. Olhei para o cartaz do filme 'Amizade Colorida', um filme de comédia romantica estrelado pelo cantor Justin Timberlake. Na foto ele e a atriz fazem um gesto que para os amantes da mensagem subliminar seria de apelo sexual: com o dedo indicador ele aponta para a mão da atriz que faz um gesto de Ok. para muitos eles poderiam estar sugerindo o ato sexual em si.
Na internet aparece um monte de 'estudiosos' do assunto que procuram analizar letras de músicas de artistas como Hihanna ou Lady Gaga, dizendo que alí possuem mensagens demoniacas (com toda a certeza as músicas delas são ruins, contudo é exagero dizer que são do demônio). Outros analizam imagens de propagandas de cerveja ( cá entre nós, já é notorio o apelo sexual nestas propagandas e por isto, não são nada sutis para precisarem de mensagem subliminar).
Os primeiros estudos de mensagem subliminar surgiram em 1976 por um curioso chamado Wilson Bryan Key, para ele as mensagens subliminares são um meio de comunicar algo que não é percebido de imediato pelo nosso cerebro, mas assim mesmo fica registrado em nosso inconsciente. O primeiro, dizem, a usar a mensagem subliminar foi James M. Vicary em 1957 para uma propaganda usada em um cinema em uma pequena cidade dos EUA.
Eu particularmente sou adepto da seguinte frase de Freud: ' as vezes um cachimbo na boca de um homem é somente um cachimbo e nada mais.'. Em outras palavras, nem sempre podemos fazer a analise de uma imagem já pressupondo o que ela diz corresponder. As pinturas anamorficas estão aí para provar isso. É preciso que o autor da obra esteja realmente disposto a expor uma mensagem de cunho oculto e não a imaginação de quem a vê.
Quando varias pessoas olham para o céu e admiram as nuvens, cada um pode ver a figura que a nuvem forma de acordo com a sua imaginação ( a nuvem continuará a ser uma nuvem é a nossa mente que diz que ela se parece com uma casa ou um homem...). Qualquer pessoa que tenha um conhecimento básico de semiótica e semiologia vai chegar na mesma conclusão. Na época das vanguardas os Dadaistas e Surrealistas já brincavam com a capacidade do cerebro de gerar imagens que vinham do inconsciente. Freud com seus estudos sobre os sonhos também analizava os medos e os desejos incontidos do homem que apareciam na forma de imagens. Quando Sausurre e Pierce vieram com os estudos de semiótica e semiologia desbravaram a capacidade humana de criar símbolos e imagens.
Se juntarmos tudo isto podemos entender que as mensagens subliminares são muito mais um processo de quem vê a imagem do que quem a cria. Para propor um debate exponho alguns livros que poderão servir de estudo: Arte e Ilusão de E. H. Gombrich, Os 100 Maiores Misterios do Mundo de Stephen J. Spinesi, A Pintura Como Arte de Richard Wollhem e Realismo, Racionalismo e Surrealismo (arte no entre guerras) Briony Feg, David Batchelor e Paul Wood; A Interpretação dos Sonhos de Sigmund Freud.
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