terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Escrevendo um romance 15ª Parte:

CAVALEIROS E EXORCISTAS

©2012 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.


FATIMA E LEONARDO

Fátima nos guiou até uma parte do castelo que diferenciava de todo o resto: havia um cheiro de perfume e pétalas de rosas vermelhas espalhadas pelo chão. A porta do recinto era pintada com uma cor dourada e cheia de detalhes que muito lembravam o ‘portal do paraíso’ de Lorenzo Ghiberti. Na porta havia dois soldados índios à frente de boa aparência e segurando lanças com pontas de aço.
Fátima fez um sinal com a cabeça e os índios entenderam abrindo a porta e assim nos foi dado à liberação para entrar no recinto. Na hora lembrei-me das termas romanas cheias de fumaça e com vários locais de banho. Um índio cuidava de alimentar a caldeira com lenha e pedras enquanto o outro jogava perfumes nas piscinas construídas (duas grandes e uma um pouco menor).
Fátima disse para tirarmos nossas vestes e fossemos para uma das piscinas. Diana e buldica por questão de sua cultura já estavam seminuas eu, porém, tive que tirar o meu habito. Fiquei com vergonha no inicio, mas pensei que como estava diante de pessoas conhecidas nada poderia de ocorrer mal.
Tirei minhas roupas e então fomos para a piscina. A água era quente e refrescava o meu corpo dolorido da noite mal dormida e das surras que levei dos guardas. Diana e buldica ainda estavam meio estranhas e ficaram cautelosas o tempo todo. Depois vi Diana conversar com buldica, talvez, sobre o que ela estava sentindo e como o ‘milagre’ realizado por Atila havia curado seus ferimentos.
Buldica parecia bem e até disse que depois agradeceria a Atila pelo ‘milagre’. Não sei se gostei deste ponto da conversa. Ainda não sei se Atila é um homem bom, ou se estava fingindo para nos expor em alguma armadilha. Resolvi guardar minhas duvidas em meu intimo e deixar as irmãs sentirem-se à vontade.
Aproveitei e continuei a analisar o lugar. Vi que a índia guia, a tal Fátima, estava preparando um perfume para jogar na piscina. Olhei para o seu ventre e percebi que estava bastante protuberante. Com certeza estava grávida de seu amado. Fiquei curioso e fui perguntar pessoalmente. Cheguei perto dela. Ela percebeu e desconfiada perguntou:
-         O que desejas?
-         Quero apenas conversar contigo.
-         Digas então!
-         Vejo que estas grávida. É seu primeiro rebento?
-         Há não! É meu segundo filho. Meu e do meu marido Leonardo.
-         Seu segundo filho?! Qual o nome do primeiro?
-         O primeiro foi uma menina. Chama-se Maria. Esta na aldeia agora cuidando de nossa plantação. Se Deus quiser, agora terei um menino e ele será um cavaleiro como o pai.
-         Que bom! Como você conheceu o cavaleiro Leonardo?
-          Ele chegou com Atila há muitos anos atrás. Quando vimos as suas roupas brilhantes pensamos que era a grande profecia que Tupã revelara pela boca do meu pai, o pajé Esaú.
-         Que profecia é esta?
-         Meu pai disse que o Grande Espírito falou para ele espalhar entre o povo que Tupã viria a nossa terra com sua carruagem e suas roupas brilhantes. Disse também que iria criar uma grande casa e todos que acreditassem em Tupã veriam os seus milagres!
-         Você acredita que Atila é tupã?
-         Não, Atila não é Tupã! Tupã é tudo o que vejo na mata e no céu. Atila é o seu arauto. É o guia enviado por tupã para nos levar aos céus.
Como um cego guiando outro cego, Atila se aproveita do povo para fazer o que quiser. Prometia o céu e os explorava para viver como um rei. E o pior de tudo, usamos a coroa de Cristo como arma de poder e escravidão.
Resolvi perguntar mais coisas a Fátima:
-         E tu Fátima, gosta de Leonardo?
-         Leonardo é o meu grande amor. Nunca houve homem em minha tribo que fosse como ele. É corajoso e mesmo sendo o mais jovem é quem cuida das coisas da tribo. Meu pai o admira e o respeita muito.
-         Acredita que ele sinta o mesmo que você sente por ele?
-         No inicio Leonardo tentou deixar o exercito e queria ser como nós karanyos. Ele aprendeu a falar a minha língua e aprendeu nossos costumes. Porém, o seu chefe, Conrado, disse para não fazer isto. Ele não devia deixar o exercito. Entendo que ele previa é mesmo continuar em sua missão de salvar almas perdidas na mata.

A fé que ela tinha no marido me deu o pecado da Inveja. Desejei ficar cego lembrei-me que nunca teria sorte com Diana, mesmo depois de nos beijarmos. Fátima continuou o seu relato com os olhos vivos e brilhantes de forma entusiasmada:
-vou lhe contar algo: havia um índio muito jovem em nossa tribo. Ele me pediu em casamento para o meu pai, segundo os nossos costumes. Porém, Leonardo tinha feito o mesmo dias antes. O meu pai como grande homem de inteligência para resolver a questão propôs que tanto Leonardo como o jovem índio deveriam demonstrar de alguma maneira o seu amor por mim. Deram a eles três tarefas que somente guerreiros hábeis poderiam realizar: carregar uma tora de arvore mais pesada de um canto a outro da aldeia; nadar por toda a margem do rio que pertencia à região das guerreiras amazonas, correndo o risco de serem devorados por jacarés e tomar um dente da terrível onça de três cabeças. Eles então realizaram todas as tarefas em um único dia, somente a noite é que foram encontrar a grande onça. Os dois estavam bastante cansados, mesmo assim nenhum queria ceder para o outro a vitória. O jovem índio foi primeiro a toca da onça e para atrai-la ele roubou um filhote dela que estava na toca sem ela saber. Quando percebeu que seu rebento não estava na toca, a onça enfurecida deu um rugido que tremeu toda a mata. Ela então foi no encalço do jovem índio. Ele pensou ser mais esperto e ameaçou matar o filhote da onça ameaçando joga-lo no rio. Contudo, a grande onça possuía três cabeças e por isto, era mais esperta e de um único lance se jogou sobre o índio. Este era forte, mas não o suficiente para a onça e foi devorado por ela. Leonardo assistiu a tudo e como viu que seu oponente falhou resolveu fazer uma tática diferente. Ele pegou o filhote e o acariciou na cabeça. A mãe onça muito aflita pediu o filho de volta. Leonardo com pena da criatura resolveu devolver o filho à mãe. Em troca da boa ação a onça deixou que ele tirasse um de seus dentes. Ele escolheu uma das cabeças e assim conseguiu tirar o dente sem perder a vida ou matar a onça. Meu pai viu que ele não era somente corajoso, forte e bonito, mas antes de tudo que ele respeitava a vida. Assim foi lhe permitido que casasse comigo.
Fiquei impressionado com a luta de Leonardo e o Cérbero que ele havia encontrado. Talvez, os guerreiros de Atila sejam realmente homens honrados e dignos de admiração.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Fotografia nas Férias: Quando a imagem vale mais que mil palavras

As férias estão nos seus ultimos suspiros. Já estamos sentindo aquela sensação de saudade do descanço merecido. De toda forma espero que todos tenham se divertido em suas férias. Eu particularmente estive em alguns lugares por pouco tempo e ao mesmo tempo cuidava de nosso blog. Como resultado de uma viagem trouxe umas fotos bastante bacanas de um lugar que já conhecia.

Para os que gostam de Caldas Novas (GO) é um lugar onde os turistas vão para se divertir nas piscinas termais dos clubes. Outros podem não gostar da cidade porque ela está ficando muito parecida com as outras cidades do Brasil: começa a aglomeração, o numero insuportaveis de veiculos nas ruas e a limpeza e manutenção das ruas começam a ficar á desejar.

Eu resolvi ir mais para ver antigos monumentos da cidade e assim resolvi tirar fotos. Dos lugares antigos o que mais gostei foi da antiga igreja que fica no centro da cidade. Trata-se da Igreja da Nossa Senhora das Dores.

Eu não costumo fazer apologias ao mundo rural (infelizmente sou muito urbano para viver perto de florestas e chacaras), mas gosto das cidades do interior do Goiás por conservarem ainda um pouco do mundo rustico e simples que nós homens das metropoles deixamos para tras.


o que mais gostei nas igrejas de Caldas Novas é a mistura do mundo barroco ( edificãções de madeira e pilares decorados) com elementos modernos. Sabemos que quanto mais antigo o monumento, mais ele vai precisar de manutenção para continua de pé. Espero que as autoridades de Caldas Novas mantenha a manutenção da Igreja de Nossa Senhora das Dores. Uma obra de arte feita em 1850!

sábado, 28 de janeiro de 2012

Esculturas Vivas: A Arte Funcional & interativa


Desde que o homem tomou discernimento de sua existência e fez a primeira escultura de si mesmo, ele acabou despertando um desejo incontrolável de ser um 'criador divino'. Passando do mito grego do Pigmaleão ( um humilde escultor que fez uma estatua ganhar vida) e pelas primeiras incursões de criação de motores pseudo perpétuos ( moinhos de vento, as primeiras engrenagens dos relogios e as máquinas à vapor) o homem quer fazer algo inanimado ter vida própria.
   
O sonho de um dia poder construir um robô vai muito além do que se vê nos filmes. Neste momento cientistas em varias partes do mundo, colocam-se a serviço da robotica e desejam um dia poder criar uma máquina que ande e fale como o homem ( e quem sabe possa se reproduzir sozinha).
    

Muitos podem pensar qual seria a relação deste desejo tecnológico com as artes. Como eu explicitei as esculturas que os homens criam é uma pequena parte de um desejo incontrolável de construir uma forma de vida. Artistas como Alexander Calder, que criou os mobiles, Marcel Duchamp e Alberto Giacometti, que também criaram obras diferentes que o tradicional, tentam realizar a tão chamada obra artistica funcional ou interativa.

Antes de mais nada, temos que distinguir o que é uma obra funcional. Desde os primordios da história da arte, o que se qualificou como algo artistico seria um objeto que não tivesse função ou prioridade na sociedade. Um exemplo cabal é perceber isto na arte indigena e dos povos tribais africanos: eles confeccionam máscaras, potes, lanças com a funcionalidade em mente, porém sem dispensar a estética ( um pote pode ser um recipiente para pôr comida, mas também ele pode ser um utensilio doméstico bem construido e bonito).Todavia, para muitos historiadores as grandes obras de arte não precisam ter uma função imediata ( pode se viver muito bem sem precisar fazer esculturas ou pinturas, já que não são utensilios de caça ou objetos de funcionalidade).

Foi desta questão (precisamos realmente de arte?) que talvez, Marcel Duchamp tenha pensado nos seus readymades. Não bastava apagar a assinatura do artista em uma obra, mas também torna-la mais próxima de nossas realidades e necessidades cotidianas. Esta mesma questão impulsionou os demais artistas da vanguarda e da contemporaneidade.
 
Os móbiles de Calder  e as esculturas de Giacometti, mostram outro ponto importante: a arte como algo que pode ser tocado e não somente apreciado. As obras destes artistas são feitas para serem tocadas pelo público e por causa de hoje serem consideradas obras apenas de cunho estético se tornam estéril (não se pode toca em obras nos museus por medo de dano) . Um outro artista que  cria obras interativas é o indiano Anish Kapoor.

 Estas criações parecem vivas como se por um momento o sonho de Pigmaleão tivesse finalmente  acontecido. Eu sempre imaginei criar uma obra que podesse ter uma funcionalidade. Penso que poderia criar um tipo de aparelho ou um sistema que podesse funcionar com ajuda de um simples ato de interação.  Uma das minhas primeiras obras na faculdade foi criar uma escultura a partir de uma televisão. Peguei uma TV e a costumizei tentando esteticamente mudar a sua forma. Eu guardo até hoje esta obra e funciona direitinho. Logicamente esta mais para um readymade que uma obra construida como um robô ou mobile...mas ainda não desisti de criar uma escultura viva!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Sessão Papo Cabeção: Livros Lidos nas Férias

Faz um bom tempo que eu não voltava com uma sessão sobre literatura. Aproveitei o final de ano e o mês de janeiro para ler alguns livros que comprei durante o ano e que por falta de tempo, não pude apreciar.
Quem é viciado em livros, como eu, sabe que é dificil resistir em ir para um shopping sem dar uma espiada nas livrarias, ou ir nos sebos á caça de alguma obra bacana. Bem tenho sugestões para todos os gosto e de temas variados. Espero que alguem se interesse por alguma dessas obras e quem sabe não procure adquiri-las, pois posso dizer que são muito boas:

A Grandes Invenções da Humanidade - Michel Rival, 2009.
Eu costumo comprar as obras que são do selo Biblioteca Larousse por dois motivos: são bastante informátivos sem ser cansativos e possuem uma boa qualidade de papel e imagem. Eles já lançaram uma coleção voltada para as grandes guerras da humanidade (pretendo falar desta mais tarde) e agora resolveram lançar fasciculos sobre as grandes invenções criadas pelo homem. Como eu só li um fasciculo até agora, fiquei impressionado com os fatos sobre invenções interessantes como a roda, o astrolábio e as primeiras maquinas de calcular. Recomendo para aqueles que adoram o mundo da ciência e da tecnologia.

O Livro dos Seres Imaginários- Jorge Luis Borges, 2008.
Um dos grandes da literatura mundial, o argentino Jorge Luis Borges fez um, digamos, almanaque de criaturas que só poderiam existir na imaginação da humanidade. Bestas, seres ligados ao divino  e demônios que aparecem em contos, filmes de ficção e fábulas, tem sua origem explicada neste livro. Um dos pontos que inicialmente eu pensei que fosse ser negativo nesta obra seria a sua falta de ilustração, ja que como fã do grotesco e do bizarro possuo livros que tem texto e imagens sobre o tema. No caso do livro do Borges a falta de imagens apenas ajuda a nos forçar a imaginar mentalmente seus seres relatados com tantos detalhes anatômicos.

Freud: Etica & Metafisica- Olinto A. Pegoraro, 2008.
Este livro só possui 94 páginas e mesmo assim é rico em texto! Formado em filosofia o escritor Olinto Pegoraro fez uma analise de duas obras de Sigmund Freud: O Futuro da Ilusão e O mal-estar na Civilização. Segundo o autor ambas as obras freudianas colocam a visão pessimista de Freud sobre a religião. Pegoraro resolve rebarter as críticas de Freud que acredita que a religião é muito mais uma ilusão infantil humana do que uma verdade. Um livro muito bom para quem curte sociologia, filosofia, psicanalise e teologia.

Pedagogia da Autonomia- Paulo Freire, 2008.
Está obra é obrigatória para quem pretende um dia ser ou é um docente. Continuando sua obra mais famosa a Pedagoria do Oprimido, Paulo Freire resolve ir além no seu discurso da importância de uma educação libertadora e menos bancária. Voltada principalmente para o ensino Jovens e Adultos, o livro é bastante incisivo na visão politica de época do autor. O que me deixa um pouco incomodado nesta obra do Freire é que ela necessita rapidamente de uma atualização sobre o aluno da EJA do século XXI: ao contrário do aluno que Freire usa como estudo, que são de areas rurais e longe das grandes metropoles e inclusive longe de meios de comunicação moderno, o aluno da EJA atual é um semi alfabetizado que lê jornais e usa internet (coisa que não existia quando o livro foi escrito). Com a ascenção financeira da classe C o livro de Freire às vezes soa datado, o que não pode acontecer com uma obra tão importante para nós educadores!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Exposição 2012: Bernardo Cid & Julio Villani

  

As férias estão no fim. Muita gente deve ter viajado, outros preferiram ficar em casa, e claro, houve os que não poderam descançar e que tirarão férias mais tarde. De toda forma para os que ficaram em Brasilia ainda podem aproveitar o resto da semana e ir atrás de lugares bacanas.
Como de costume aproveito a deixa para sugerir uma visita a uma de nossas galerias de arte da cidade. Não posso deixar de notar que algumas de nossas galerias ficam meio que abandonadas durante as férias e alguns pontos turisticos ficam fechados e isto é um absurdo para quem vai sediar jogos durante a copa do mundo! Espero que muitas galerias e monumentos fechados estejam assim, por motivos de manutenção para que fiquem mais interessantes para quem irá visitar mais tarde e não um caso de desleixo de nossas autoridades.

Em termos de exposição de inicio de ano eu recomendo dois que estão ocorrendo no setor bancario sul, mais precisamente na Caixa Cultural SBS Quadra 4 lote 3/4. Trata-se das exposições de dois artistas brazucas que eu não conhecia, contudo passei a admirar o trabalho deles.

A primeira exposição é do artista paulistano Bernardo Cid. Sua exposição intitulada de 'Ordem Oculta' é uma homenagem postuma ao artista que nos anos 60 e 70 trabalhou com uma arte engajada e bastante peculiar. Os que visitarem a sua exposição verão cadernos de trabalho, telas e muitos desenhos feitos à nanquim e carvão.
O que mais gostei na arte deste artista é uma certa referência do Surrealismo e Expressionismo e também elementos de modernismo com figuras bem abstraidas com elementos organicos e geométricos se comunicando.
Outro aspecto bastante interessante em seus trabalhos é a técnica da litografia aliada a montagens de fotos e artigos de jornais sobre a ditadura militar. Enfim, Bernardo Cid é um artista criativo e totalmente ciente de que sua arte tem uma função social e politica.

Já a exposição 'Memoria dos Meus Cem Anos' do artista brasileiro radicado na França Julio Villani é uma visão bastante interessante sobre o poder da fotografia e como ela estatiza o mundo. Após colecionar inumeras fotos de individuos que conseguiu em sebos em Paris, Julio Villani resolveu intervir usando camadas de tinta nas mesma fotos que colecionava.

O resultado é um amalgama entre arte cubista e abstracionismo geométrico com figuras humanas. Claro, cheio de referências e ironias a familia típica de fotografias ( poses solenes, ou imagens de união familiar quase artificiais e forçadas). Um dos elementos simbolicos que mais aparecem em suas obras são as orelhas ou feições de rato nas imagens.
Outra obra bacana é o critico video intitulado 'Complexo' em que o artista faz uma analise da arte moderna brasileira e sua capacidade de imitar e modificar o que vem de fora. Enfim, vale a pena sair de casa, nesses dias chuvosos e ver uma boa arte!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sessão Sai Capeta: A Hora do Açougue


Esta é mais uma sessão educativa do nosso blog. A Sessão Sai capeta é a hora da descontração neste que é em sua maioria um blog de cunho educacional sobre arte. Como muita gente gosta, hoje o tema será os slashes movies!
  

Muitos podem não associar o termo, mas os slash movies são mais populares do que se imagina. Um exemplo bem interessante é a série 'Jogos Mortais'. Onde um psicopata com intensões de fazer justiça castiga pessoas que se comportaram mal de forma extremada e violenta.

Basicamente os slashes movies são os filmes de psicopatas e assassinos em série. Que longe da nossa realidade ( ao contrário dos irmãos cravinho, do massacre de Realengo ou Charles Manson) eles usam máscaras e matam pessoas de forma aleatória.
    
Nestes filmes de terror  os personagens são o clichê de tudo que é estranho: ou foram pessoas que sofreram maus tratos na infância ou bulling na escola e assim passam a usar um visual bizarro e sair matando gente que para eles são responsáveis pelos seus traumas!

A cultura norte-americana com sua conflituosa relação social e comportamental se tornou prodiga em gerar estes psicopátas que praticamente são celebrados em filmes. Personagens como Jason de 'Sexta Feira 13' ou o pedófilo assassino Freddy Kruger de 'A Hora do Pesadelo' sintetizam o medo do americano médio sobre individuos que podem ou se sentem acima da lei ou do que a sociedade legitimou como civilizado.
    
Um dos primeiros filmes de psicopata que se tem noticia foi 'Psicose' de Alfred Hitchcock nos fins dos anos 50. Depois mais tarde coube a Stanley Kubrick mostrar a juventude violenta e perdida no clássico 'Laranja Mecânica' antes mesmo do termo bulling ou delinquência juvenil serem palavras comuns do cotidiano.
Mesmo com estes filmes citados acima eles não são slashes movies. Isto porque o termo tem mais haver com o sangue e exagero sexual que estes filmes possuem que somente a discussão sobre psicopatia. Nos slash movies os psicopatas matam de forma, digamos, nada sutil e podem ser de outra dimensão como os personagens da série 'Renascido do Inferno' ou o próprio já citado Freddy kruger que habita o pesadelo das crianças.

O recente sucesso de 'Jogos Mortais' e de 'Albergue' mostram que os fãs de terror querem é ver sangue espirrando na tela, mesmo que a qualidade das peliculas e os efeitos dos filmes sejam constrangedores!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Escrevendo um Romance 14ª Parte

CAVALEIROS E EXORCISTAS


©2011 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.


O MILAGRE DE ATILA

Diana não conseguiu mais dormir e passou o resto da noite ao lado de sua irmã tentando amenizar as suas feridas. Buldica suava frio e o seu corpo tremia. Poderia estar doente? Diana disse que não, mas a perda de sangue e o cansaço poderiam lhe tirar o animo e sendo assim, Buldica estaria demonstrando uma grande fraqueza.
Enquanto observava as duas eu pensava no beijo que havia dado em Diana. Olhei para o crucifixo que levo na cintura e no habito que uso. Lembrei-me do meu primeiro dia no mosteiro e de que como estava eufórico com as aulas de aritmética e filosofia. Pensei no orgulho que meu pai, um humilde lavrador dos campos de Florença, ao saber que seu rebento seguiria carreira religiosa. Agora vejo passar toda a minha vida diante dos meus olhos e percebo que por mais que eu fosse convicto na minha escolha, jamais pude ter uma real certeza.
Poderia eu ser realmente um servo de Deus? Por que não hesitei em beijar Diana? Será que no fundo do meu intimo o que eu queria realmente não era estar com ela, afinal? Todos os meus votos diante da Santa Sé foram em vão? O que sinto por Diana nunca senti por ninguém. Nunca em Florença cortejei uma donzela, aliás, nenhuma mulher me interessava até então. Ficava mais tempo contemplando a natureza e tentando alcançar Deus com os meus estudos das Escrituras e orações.
Percebo que Diana nota a minha distância e olha para mim como se cobrasse a minha ajuda. Não sei o que fazer e resolvi me reservar na minha ignorância. Diana levanta e vem até minha pessoa, senta ao meu lado e começa a falar:
-         Atila machucou demais a minha irmã. Quando sairmos daqui vou atravessar uma lança entre seus dois olhos. Eu juro que vou fazer isto! O que vai acontecer conosco amanhã, Francisco?
Eu não conseguia dizer nada, pois estava hipnotizado olhando para os seus olhos. De repente voltei em mim e resolvi responde-la:
-Jurar é pecado sabia?
-         O que?! (Diana ficou contrariada)
-         Você disse que juraria matar Atila. Jurar é pecado mortal!
-         Não se preocupe com o meu pecado Francisco. Temos é que sair daqui e encontrar Aquiles!
-         Não se preocupe com Aquiles. Se bem conheço o monsenhor deve estar planejando um meio de nos resgatar e dar cabo de Atila.
-         Será que ele conseguirá entrar neste castelo? Ele é muito fortificado e possui muitos guardas.
-         Este castelo é menor e mais frágil que os castelos que vi na Itália. Não será difícil para o monsenhor encontrar a fraqueza dele e derrubar isto tudo como poeira ao vento!
Depois que eu disse isto Diana ficou mais tranqüila e voltou a dormir. Na verdade eu não sei se o monsenhor conseguirá tal feito. Nunca fui com ele para uma cruzada ou saquear castelos no oriente. Contudo, creio que ele saberá o que fazer.
Quando finalmente estava conseguindo dormir ouvi um tilintar de metal entre as grades da cela. Era o soldado nos chamando para acordar. Trouxe umas tigelas cheias de uma mistura, bem parecida com lavagem (as moscas sobrevoavam a comida). Diana se negou a comer, porém tentou alimentar a sua irmã combalida.  O soldado riu e disse ironicamente que ‘cadelas’ só deveriam roer ossos e não tomar sopa.
Fiquei enfurecido e ataquei o guarda puxando-o pelo braço. Ele mais forte revidou e meteu o cabo de ferro em minhas costas. A batida foi forte e eu caí. Diana correu e me socorreu e prometeu que quando fosse libertada mataria o guarda insolente.
O guarda disse para sairmos da cela, pois Atila queria ter uma audiência conosco. Eu e Diana íamos saindo, mas o guarda disse para levarmos Buldica junto. Eu falei que ela estava muito fraca. O soldado disse para eu leva-la nos braços, e assim eu o fiz carregando aquela enorme e musculosa mulher por masmorra adentro.
Quando encontramos Atila sentado em seu trono como um monarca ele nos avistou e sorriu. Perguntou como foi a nossa estadia e se sentíamos falta de alguma coisa. Não levei em consideração o seu escárnio e já fui perguntando o que ele queria conosco. Ele levantou do trono e mandou que eu colocasse Buldica encima de uma enorme mesa de madeira de lei que se encontrava no canto do salão. Eu meio que desconfiado a levei Diana ficou preocupada e tal logo perguntando que ele iria fazer. Atila disse para ela se calar e que tinha tudo sob o seu controle.
Buldica estava imóvel deitada na mesa. Atila passou a mão sobre a sua cabeça com uma delicadeza estranha. Gritou para o guarda trazer uma caixa que estava próxima de seu trono. O guarda correu como um relâmpago e trouxe esbaforido a caixa. Atila resolveu abri-la e mostrar o seu conteúdo: era nela que ele guardava a coroa de Cristo.
Ele pediu para o guarda colocar a coroa na sua cabeça, esse prontamente, fez o mandado. Em seguida Atila pediu para que prestássemos a atenção. O ex-templário fechou os olhos e colocou suas mãos sobre Buldica e em seguida pediu para que Deus realizasse um milagre de cura.
A coroa de espinhos de repente ficou dourada como ouro e Atila parecia também brilhar. Dos dedos se suas mãos saiam raios luminosos. Na hora pensei que tipo de bruxaria seria aquela e que trama diabólica ele estaria realizando contra nós.
Passado a cena mágica, Buldica estava de olhos abertos e sem nenhuma marca de ferida em seu corpo. Ela levantou e olhou para Atila como se estivesse em transe. Atila disse a ela que tudo estava bem. Diana não acreditando passou as mãos sobre o corpo da irmã e em seguida em prantos e a abraçou.
Atila disse então para que ficássemos calmos que ele não faria mal algum e pediu desculpas por ter castigado Buldica e nos postos na cela. Em seguida chamou a índia Fátima e pediu que fossemos levados por ela para tomar um banho e vestimos roupas confortáveis.
Não entendi como tal milagre aconteceu, toda forma, o poder de Deus reside na relíquia e agora sei porque a Igreja estava tão preocupada. Não sei o que será de Buldica e Diana agora depois deste fato. 




domingo, 22 de janeiro de 2012

Sessão Sai Capeta: A Volta da Galeria das Fofuras

A Sessão Sai Capeta é uma das postagens mais lidas deste blog. Por alguma razão o povo adora quando eu posto temas ligados ao sobrenatural ou sobre monstruosidades seja na arte, mitologia ou quadrinhos. Isto só pode significar uma coisa: Tem gente mais louca do que eu para gostar da temática do grotesco e do monstruoso!
Resolvi então trazer de volta a 'Galeria das Fofuras', com os seres mais bizarros do mundo do entretenimento. Desta vez selecionei os monstros mais feios do cinema, capazes de revirar o estômago de qualquer um. Vamos aos contemplados:

Alien
Quando o Alien apareceu no filme do Ridley Scott em 1978, o conceito de terror basicamente era sobre casas mal-assombradas ou de vampiros e outros monstros clássicos. Foi só aparecer esta criatura hibrida de ossos de metal e corpo de inseto em uma nave espacial sinistra que o cinema de terror passou a flertar com a ficção cientifica. Não tem como ter medo deste que um dos montros de visual mais bacana do cinema moderno.


O Exorcista
Confesso que ainda tenho pesadelos com o personagem da garotinha que fica possuida pelo capeta. Imagina o inusitado: garotinha meiga e bonitinha revira os olhos e o pescoço e jorra um vomito gosmento na cara do padre. Somente a mente perturbada do autor William Peter Blatt, que escreveu o livro homônimo que inspirou o filme, poderia criar tal cena (dizem que o livro foi baseado em fatos reais).

O Enigma do Outro Mundo
Este filme é inspirado em um outro filme de terror dos anos 50. A diferença está que na versão de 1982 e aque saiu recentimente no cinema, o monstro é feito com os melhores efeitos especiais possiveis. Só a cena em que o monstro sai da barriga de uma de suas vitimas da um nojo horrivel!

A Coisa
Este filme passava muito no SBT em decadas passadas. Um produto em forma de Iorgute Danone chega nos supermercados e vende muito. As pessoas começam a ficar viciadas na goloseima e de repente ficam estranhas. Na verdade o iorgute é um monstro que controla e deforma as pessoas.

O Incrivel Homem que Derreteu
Este filme é daqueles dificil de achar em locadoras e necessita de uma boa pesquisa na internet para encontra-lo. Astronauta vai ate os anéis de Saturno e quando retorna a terra esta contaminado por uma radiação que o transforma em um monstro canibal que se desfaz aos pedaços. A maquiagem do monstrengo é super podreira e nojenta!

A Morte do Demônio
Sam Raimi (Homem-Aranha) não era famoso quando fez este filme de baixo orçamento e cheio de cenas de morte e sangue. Grupo de amigos vai a uma casa abandonada no meio da floresta e encontra um livro que pode evocar o capeta. O resultado, só assistindo o filme...

Omar Kadafi
Este não apareceu em nenhum filme. Mas a sua reputação de ditador era digna de qualquer monstro cinematográfico. Dominando com mão de ferro ha anos o mundo arabe, Kadafi teve um fim dramatico nas mãos dos rebeldes que lutavam contra ele ha anos. Um ditador a menos na Terra, afinal!

sábado, 21 de janeiro de 2012

A relação da Arte e os Jogos Enigmáticos

   
Eu voltei de viagem recentimente e trouxe na bagagem algumas coisas que achei legais: fotos, livros, roupas e...jogos enigmáticos. Quando criança o meu pai costumava me dar de presente quebra-cabeças, abacos e coisas do gênero. Quando se é criança temos uma certa necessidade de imediatismo e queremos que os brinquedos sejam estimulantes e que nos provoque uma interação.

Eu não conseguia isto com os quebra-cabeças que meu pai me dava. Não tinha paciência para monta-los, e assim me desfazia deles. Como fui ingênuo! Hoje depois de velho comecei a colecionar cubos mágicos (tenho uns 3 ou 5 de varios tamanhos), na epoca que ele era moda nos anos 80 eu nem ligava para este tipo de brinquedo.
   
Também tenho um tabuleiro de xadrez ( também confecciono os meus) e passo um bom tempo jogando com o meu irmão. É engraçado como a gente percebe que perdeu alguma coisa na nossa infãncia e adolescencia e depois ficamos loucos tentando resgatar! Desta minha ultima viagem comprei um tangram feito de madeira e uns brinquedos feitos de metal que  você precisa separa-los sem danifica-los.
Pretendo usa-los em sala de aula com os meus alunos. Você questiona qual seria a ligação de jogos ludicos com as aulas de arte. Bem... Se remontarmos ao passado das guildas em que os artistas eram obrigados a estudar filosofia e aritmética junto com tecnicas de pintura, desenho e escultura; tudo tem um real sentido.
 
Leonardo Da Vinci e Brunellesch, por exemplo, não foram só artistas,mas gênios da engenharia e  da matemática, então podemos pressupor que a arte caminha de mãos dadas com a lógica e seus estudos.
Os jogos ludicos cobram muito do raciocinio lógico e da concentração do individuo. Na escola no ano passado trabalhei o xadrez com os meus alunos e em seguida com algumas turmas fiz trabalhos com o cubo mágico. Estes brinquedos por mais que pareçam estranhos ao mundo educacional são extremamente eficazes para trabalhar a concentração dos alunos (geralmente as crianças e os adolescentes são dispersos e impacientes e os jogos acabam ajudando-os em adquirir concentração).

Outro dado interessante é que jogos como o cubo mágico (do inventor hungaro Rübick) surgiram de tentativas de unir a arte e a matemática. Os egipicios confeccionavam tabuleiros de jogos e estes tinham todo um capricho artistico para faze-los. A India foi prodiga com os numeros decimais e com a invenção do xadrez com suas peças ornamentadas de marfim. O tangram foi uma brincadeira criada por monges budistas para brincar com a capacidade humana de criar formas antes somente desenhadas. Em suma, na minha modesta opnião não existe nada mais artistico que um bom jogo ludico!