quinta-feira, 17 de maio de 2012
Dinheiro, Fama e as ilusões do mundo artistico
A recente venda da obra do pintor Edward Munch por 119 milhões de dolares, reacendeu em alguns grupos que estudam a arte qual seria a relação dinheiro/fama e valor artistico de uma obra. Estava eu fazendo uma analise em sala de aula da famosa obra em questão intitulada 'O Grito', para os meus alunos do ensino médio da EJA, quando um deles lançou a seguinte questão: Por que esta obra tão 'feia' vale tanto dinheiro?
A sinceridade do aluno e sua curiosidade em saber como uma obra de arte pode ganhar tanto valor financeiro, me fez parar a aula e pensar um pouco (não é fácil explicar essas coisas...). Logicamente, que a sua visão estetica da obra tem haver com o senso comum ( para muitos e especialmente os leigos em arte, uma verdadeira obra tem que ser extremamente figurativa e se possivel mais perto de uma realidade quase fotográfica).
Não levei a serio o seu julgamento estetico, porém a parte ligada ao valor financeiro que a obra agregou ainda teria que ser respondida. Pensar na obra de Munch e como ela atua no mercado de arte traz outras questões sobre outras obras famosas que vez ou outra os alunos me perguntam: Quanto será que vale a Monalisa? Quanto vale o mictório de Duchamp? Será que ha como mensurar financeiramente a Capela Sistina pintada por Michelangelo?
A relação dinheiro e arte para muitos parece contraditória, ainda mais que na história da arte houve inumeros casos de artista que não ganharam nada em vida com suas obras. Sempre alguem irá citar o triste destino de Van Gogh ou claro, a própria morte de Munch (dizem que ele não conseguia vender suas obras em vida e morreu com elas guardadas em sua casa). Existem inumeros preconceitos ligados a quem se dedica as artes visuais do tipo 'fazer arte não é futuro para ninguem', 'estudar arte é sinônimo de passar fome', 'meu filho estude Direito ou Medicina, Artes é para vagabundos!'...
Se olharmos para o passado do mundo artistico veremos que existiram artistas que em vida conseguiram o reconhecimento antes de sua morte ( Basquiat, Picasso, Andy Warhol, Dalí...) e não podemos deixar de dizer que para os afortunados as obras de arte são mais investimento financeiro quase igual a um imovel. Por isto é tão comum os ricos comprarem e venderem obras de arte: um comprador de uma obra de arte costuma mante-la guardada longe do publico por alguns anos, até ele poder vende-la pelo triplo do preço que a adquiriu. A especulação em torno da obra muito parecida com a especulação imobiliária provoca tal fenômeno.
Futuramente a obra de Munch daqui alguns anos será leiloada pelo dobro do preço e assim manterá o tão restrito e milionário mercado de arte que desde os surgimento dos mecenas e burgueses sobrevive desta forma.
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