CAVALEIROS
E EXORCISTAS
©2012 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não
tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios,
qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
O
TERRIVEL DEBATE COM A MORTE
Após ouvir a história de Fátima comecei a
questionar o que nos motivou a caçada a traz de Atila. Poderíamos estar
enganados sobre os nossos inimigos? Poderia Atila estar certo sobre as atitudes
da Igreja? Poderia o monsenhor Aquiles ser o verdadeiro vilão desta história?
Sai da piscina e depois de enxugar o meu corpo
troquei de roupa. Os karanyos eram muito organizados até mais que os guaranis.
O castelo era limpo e todos andavam semivestidos, as mulheres cobriam o busto e
os homens usavam tangas largas para encobrir a genitália. Tudo era diferente e
bastante civilizado aos meus olhos.
Percebi que Buldica e Diana estavam em uma
varanda do castelo. Fui falar com elas. Diana olhou para mim com seus olhos
castanhos luminosos e com um sorriso me paralisou. Aproximou bem devagar e
comecei a falar:
-
Vejo que estás feliz!
Diana abaixou a cabeça e passando a mão sobre a
cabeleira negra e olhando a sua irmã retrucou:
-
Como não estaria?! Eu e você estamos bem e
minha irmã saiu dos braços da morte.
Olhei para Buldica e ainda não acreditava no
seu bem-estar. Lembrei-me que como eu a vi mortalmente ferida e agora, estava
muito mais forte do que antes. Resolvi fazer perguntas a ela:
-
Buldica, o que sentiu durante o processo de
magia de Atila?
-
Senti que uma luz entrava no meu coração. Mas,
antes também senti uma dor constante sobre minha cabeça, como seu uma faca
perfurasse a minha nuca.
-
Sempre imaginei que os milagres fossem suaves e
nunca dolorosos (retruquei desconfiado).
-
Realmente foi doloroso, contudo só no inicio.
Depois, estava me sentindo como se flutuasse no ar.
O ar de felicidade de Buldica me intrigava.
Nunca imaginei presenciar um milagre. Como poderia eu um homem de fé ficar
descrente do poder de Deus? Diana se aproximou e tocou em meu braço. Fitamos um
ao outro e ela falou:
-
Devemos ir embora daqui. Quero voltar para
minha aldeia.
Olhei para ela e falei:
-
Eu também queria retornar para os guaranis. Mas
como? Até agora monsenhor Aquiles e seu exercito não vieram nos resgatar.
(comecei a pensar que fomos abandonados).
Disse então a Diana que iria me deitar em um
dos aposentos que Atila nos ofereceu. Elas disseram que iriam depois: queriam
caminhar mais pelo recinto. Despedi-me e fui dormir e que sabe espairecer a
minha cabeça cheia de indagações.
No aposento encontrei uma cama feita de palma,
coberta por um lençol e um travesseiro de penas. Deitei a cabeça sobre tão
macia superfície e adormeci rápido. Durante o sono clarões e escuridão
digladiavam e depois cenas enevoadas se formavam em minha mente. Vi-me então,
sentado diante de uma mesa parecida com a tavola redonda do rei Arthur. Ao seu
redor varias cadeiras ocupadas por cavaleiros de armaduras negras. Senti um ar
gelado no ambiente. Mais à frente avistei uma arvore seca no alto de um vale.
Comecei a perguntar aos presentes onde eu estava, mas ninguém respondia. Todos
os cavaleiros mantinham silêncio fúnebre e isto me assustava.
De repente um barulho como de trovão se fez no
lugar. Uma figura do nada veio até a mesa. Estava vestida com um manto negro e
de cabeça abaixada como um monge beneditino. A figura veio em minha direção.
Olhei e vi que em uma das mãos segurava uma foice manchada de sangue.
A figura parecia não ter rosto, contudo, senti
os seus olhos me observarem. Senti o frio aumentar naquele lugar cheio de
vazio. Comecei a perguntar a figura o que eu estava fazendo naquele lugar. A
figura de manto resolveu então levantar a cabeça.
O espanto me veio quando percebi que a face da
criatura era desprovida de carne. Oh vossa Santidade! Imagine um homem com
expressão de caveira, pois bem era a Morte que veio me visitar em meus sonhos!
Os buracos no lugar dos olhos pareciam à
escuridão eterna. A criatura levantou sua mão e apontou para um dos cavaleiros
que estavam sentados. Ela então começou a apresentar:
-
Este cavaleiro é a Fome.
Depois apontou para o outro:
-
Este outro é a Peste.
E por último mostrou-me um enorme guerreiro que
saiu da escuridão com duas faces e quatro braços. Para o meu torpor as faces do
monstro se assemelhavam a de Aquiles e Atila. Em seus braços sustentavam
espadas e escudos e no peito o brasão em forma de um dragão de doze cabeças. A
morte então falou:
-
E este é o meu melhor cavaleiro. Chamo este de:
Guerra!
Percebi então que estava diante dos flagelos do
Apocalipse. A Morte então levantou a sua foice ate o alto de sua cabeça e
falou:
-
Tu deves saber que tua hora chegou! Toda a sua
raça está condenada ao fogo do Inferno e o teu Deus te deixou á deriva no mar
da desolação. Eu como ceifeiro vim
colher o plantio. Agora morra como deves!
Comecei a gritar e a pedir misericórdia a Deus.
Porém, o Senhor não me socorreu. A Morte riu de minhas orações e com seus
cavaleiros escarneceram do meu medo. Tentei dialogar com a Morte:
-
Por favor, sou um temente de Deus! Poupe a
minha vida, por favor. Volte para o Hades e me deixe em paz!
A Morte então enfiou a ponta da foice em meu
peito. Vi o meu rosto ficar manchado do meu próprio sangue. A Morte sorriu e
com raiva enfiou a mão cadavérica em meu peito. Em seguida ela puxou o meu
coração e falou:
-
Eu irei para o Hades sim! Contudo, levarei o
teu coração junto comigo!
Acordei do sonho espantado e transpirando
muito. Ouvi um barulho de explosão. Levantei e vi pela janela uma cena muito
esperada: era o exercito do monsenhor Aquiles atacando o portão do castelo de
Atila!