CAVALEIROS E EXORCISTAS
©2012 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
UM MOMENTO PARA REFLEXÃO
Helio Medeiros estava exausto de ler seguidamente as cartas de Francisco. A platéia entusiasmada soltou urros contra a parada repentina da leitura. O professor fez um sinal de ‘pare’ para a platéia e sentou-se na cadeira que estava no palco ao seu lado.
O reitor interveio e pediu silêncio e calma para a turba. Explicou que o leitor precisava de uns minutos para recuperar o fôlego. No mesmo momento Helio tomava dois goles de água para resfriar a aquecida garganta. Passado os minutos resolveu ele mesmo tomar conta da situação.
Levantou e olhou para a platéia e disse:
- Esperem um momento! Prometo continuar a leitura, mas primeiro vou explicar o que li até agora para vocês: pelo que pudemos perceber temos um embate que se sucede após os soldados de Aquiles terem finalmente encontrado o castelo de Atila. Os karanyos que parecem ser uma tribo pacifica se tornaram soldados de guarda dos colonizadores e assim são peões no que seria uma guerra inevitável pelo poder.
A explicação de Helio Medeiros é cortada por uma intromissão de um estudante na platéia que resolveu perguntar. O reitor e o palestrante lhe deram a permissão e este fez a pergunta:
- O que o senhor acha que seja a relíquia sagrada, fonte verdadeira da disputa de poder pelos colonizadores?
Helio depois de pensar um pouco respondeu:
- Acredito que a relíquia sagrada seja um mito. Uma lenda que foi criada para romantizar uma batalha que tinha como verdadeira intenção o domínio da terra dos índios.
Depois de expor o seu ponto de vista, Helio voltou à leitura pegando um novo maço de documentos.
O ATAQUE AO CASTELO
Saí dos aposentos e fui direto à procura de Diana e Buldica. O tumulto tomava conta do lugar: índios corriam de um lado para o outro. De repente vi soldados armados com armaduras e lanças correndo de um lado para o outro.
Um guerreiro chamado de Conrado conduzia a tropa para proteger o castelo. Ele gritava palavras de ordem misturadas com motivação e empunhando a espada para o alto em direção dos soldados do norte da edificação: ‘morte aos invasores!’.
Na parte leste do castelo, um outro guerreiro chamado de Alexandre conduzia os arqueiros. Com um movimento da sua mão direita eles lançavam flechas para o alto para conseguirem altura e velocidade suficiente, a fim de acertar os inimigos que estavam a baixo.
No meio de tanto alvoroço, Atila estava guarnecido em uma torre mais alta, de onde ele avistava toda a cena de batalha. Daquele lugar ele gritava para os soldados que preparassem azeite fervido para jogar nos inimigos que atacavam o castelo.
Nunca havia visto uma batalha em minha vida e ao contrário dos jogos de xadrez, não se podia prever a jogada feito pelo adversário olhando o tabuleiro. Olhava para os lados e tentei chegar perto do parapeito do muro para ver a ação do monsenhor Aquiles para tomar o castelo.
Senti alguém tocar no meu ombro. Era buldica que esbaforida perguntava a mim o que iríamos fazer. Diana apareceu e disse que estava até então em um canto da muralha e de forma segura assistia os que estava abaixo do castelo. No primeiro momento fiquei feliz em vê-la. A felicidade foi tanta que me deu vontade de abraça-la, contudo ela não notou minha alegria. Estava mais afoita em ver a guerra que qualquer outra coisa.
Com medo ficamos abaixados, pois por mais que os soldados de Aquiles não quisessem nos fazer mal, um de seus golpes poderiam nos ferir. Diana com medo disse para aproveitarmos a situação para sair do castelo. Como os soldados de Atila estavam ocupados tentando impedir os ataques do monsenhor não nos veriam quando saíssemos no meio da multidão assustada.
Enquanto corríamos sentíamos as paredes do castelo balançarem como se um gigante estivesse caminhando pela terra. Buldica aproveitou o alvoroço e tomou de um soldado assustado uma lança e com sua astúcia cobriu a nossa retaguarda caso alguém quisesse intervir em nossa fuga.
Quando alcançamos o grande pátio do forte, vimos uma tropa de vinte homens montados em seus cavalos a espreita do enorme portão do castelo. Eles pareciam já esperar que o ataque do monsenhor a qualquer momento derrubaria os portões.
Vi que montado em um dos cavalos estava Leonardo. Lembrei-me da história contada por sua mulher, Fátima. Tentei ver o personagem corajoso e audaz que enfrentara a temível onça de três cabeças. Infelizmente notei que ele era um menino, quase da minha idade e senti pena do terrível destino que o aguardava.
Nos escondemos na cocheira e então ficamos esperando o grande momento da derrubada dos portões. Ouvíamos enormes batidas de aríete que faziam o chão tremer e a muralha balançar.
Dos céus começaram a cair flechas que acertavam os soldados de Atila com precisão. Um dos guerreiros teve a cabeça destroçada por uma flecha que perfurou o elmo. Outro teve o peito atravessado por uma lança que veio da mesma direção das flechas. Leonardo aflito gritava para os seus comandados manterem os escudos próximos do corpo para evitar o mesmo destino dos guerreiros mortos.
Diana me abraçava forte sentindo um medo (que até então nunca pensei que ela pudesse sentir). Buldica arregalava os olhos e não acreditava no turbilhão que via. Os estrondos do portão pareciam mais altos e fortes. Alguns guerreiros de Atila faziam barricada para evitar a derrubada do portão.
Porém, quando menos esperavam os portões foram rompidos. As pesadas madeiras que os formavam caíram sobre os pobres soldados da barricada. Uma nuvem de fumaça cobriu o pátio assustando os cavaleiros liderados por Leonardo. Eu e as guerreiras amazonas nos cobrimos para não entrar terra em nossos olhos.
O chão voltou a tremer agora mais intensamente. Os meus ouvidos foram invadidos por barulhos de tropel de um exercito! ‘Grande Deus!’Exclamei em ver que eram os guerreiros liderados por Aquiles invadindo o castelo de Atila com fúria. Agora eu vejo que a verdadeira guerra havia iniciado!
Nenhum comentário:
Postar um comentário