©2011 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
PROCURANDO OS KARANYOS
Diana e Buldica chegaram na aldeia depois de um longo intervalo da última visita. Com seus trejeitos masculinizados chegaram na aldeia guarani procurando o pajé e querendo saber o que acontecera nos últimos dias. O pajé as recebeu e deu todo o relato do que acontecera: falou da febre de Aquiles e depois do encontro dele com Yara.
As guerreiras perguntaram o que aconteceu durante a conversa de ambos e se Aquiles resolveu finalmente decidir ir embora. Mal elas falaram em seu nome e o monsenhor apareceu como mágica diante das duas. Estava suado e exausto da charrua e assim que viu as guerreiras recuperou as forças.
Diana com sua atitude autoritária disse que queria falar com Aquiles imediatamente. O monsenhor disse que ela deveria esperar um pouco, pois ele queria se limpar. Ele foi até uma bica e molhou a cabeça e os braços e em seguida resolveu dar atenção enfim as visitas. Como os índios faziam quando queriam conversar ficaram de cócoras e iniciaram conversa.
Diana sem adiamentos foi direto ao assunto:
- O que tu decidiu Aquiles? Irá embora com os seus homens da ilha?
Aquiles fitou Diana olho no olho e replicou:
- Não iremos a lugar algum sem antes levar para Roma a relíquia roubada e seu contraventor! Eu decidi que eu e meus homens iremos atrás de Atila e sendo assim, não deixaremos a tribo guarani e nem a ilha.
Diana e Buldica se entreolharam e depois com ar de ira e frustração fitaram Aquiles. Ele resolveu continuar a sua explanação:
- Sei que vocês não gostam de nossa presença na sua terra. Temem o que não é verdade. Digo a vocês se isso as satisfaz, iremos embora assim que capturarmos Atila e seu bando.
Diana percebeu que o monsenhor não iria declinar da sua decisão. Ficou calada por um instante e em seguida resolveu falar:
- Se esta é sua decisão então deixe que os guaranis o levem até os karanyos de uma vez!
- Eu já pedi isso ao pajé, estamos formando uma tropa que irá amanhã de manhã até os karanyos, pois sabemos que a edificação de Atila está próxima. Não podemos ir sem estarmos preparados para uma luta contra ele.
Quando ouviram a palavra ‘luta’, as guerreiras brilharam os seus olhos cor de ocre e Buldica sem pestanejar disse:
- Iremos com vocês, podemos ir com as nossas guerreiras para esta campanha.
Aquiles aceitou a sugestão e chamou Michelangelo para confeccionar mais espadas, escudos e armaduras em sua instalação improvisada de ferreiro. Enrico apareceu para ajudar na confecção de mais armas. Bonelli que estava aprendendo a fazer tapeçaria com as índias, largou os serviços femininos e começou a treinar espada. Senti que estávamos indo para uma cruzada!
Antes de ir embora da aldeia, Diana perguntou a Aquiles o que ele havia conversado com Yara. O monsenhor não quis tocar no assunto e disse que apenas esperava as guerreiras estivessem na manhã seguinte para a busca dos karanyos. Fomos dormir com o gosto de batalha e vingança contra Atila em nossos lábios!
Era de manhã quando os primeiros cantos dos pássaros nos avisaram da vinda do sol. Já estávamos preparados e vestidos com as nossas armaduras e espadas na bainha e montados em nossos alazões. Eu me senti desconfortável usando pedaços de metal sobre o meu corpo, não era o meu costume ir para frente de batalha. Michelangelo estava apreensivo e perguntava á todo momento a Aquiles por que não partíamos de uma vez. O monsenhor respondia que enquanto as guerreiras não aparecessem não iríamos a lugar algum.
Mal Aquiles disse estas palavras e as guerreiras apareceram. Eram num total de vinte lideradas por Diana, Buldica e Harpia com suas lanças e flechas. Diana pediu que o guia guarani fosse a frente, Aquiles consentiu e apresentou um índio que fora batizado com o nome cristão de Estevão. Ele era alto e esguio e com olhar de falcão.
Ele se dirigiu até Aquiles e partiu na frente da tropa em grande correria. Nós então, o seguimos sem pensar duas vezes. Entramos mata á dentro como lanças, atravessamos a floresta sempre em linha reta. Por muito tempo víamos arvores e mais arvores como se estivéssemos na região mais fechada. Nem mesmo os raios do sol atravessavam as copas gigantescas de troncos mais largos que pilares de templo grego!
Depois de muito cavalgar, resolvemos dar uma parada próxima de uma fonte e alimentar os nossos cavalos. O guia guarani disse que estávamos bem próximo da aldeia karanyo e que podíamos nos preparar para algum ataque. Michelangelo disse que estava ‘louco’ para testar a sua clava que confeccionara em ferro maciço na cabeça de algum inimigo.
Comemos alguns frutos que encontramos na mata e continuamos a cavalgar quando nem imaginávamos avistamos dois karanyos. Um deles saiu correndo com medo enquanto o outro ficou parado nos olhando. De imediato ele se ajoelhou diante de nossa tropa e começou a nos chamar de arautos de Tupã. Aquiles não conseguiu tirar a espada para intimidar o nativo e viu que seria um crime matar alguém tão indefeso. Sem percebermos o karanyo que havia fugido voltou com auxilio de alguns nativos armados de machados e lanças.
As guerreiras foram logo tomando dianteira e indo a direção dos karanyos com suas lanças. Michelangelo e Aquiles avançavam com seus cavalos por cima de alguns índios e assim afugenta-los. Estávamos enganados em achar que eles eram indefesos, pois sabiam lutar e muito (percebi que eles lutavam da maneira que os cavaleiros templários) com toda certeza, atila os ensinou a lutar!
Um dos karanyos feriu-me na perna, eu perdi o equilíbrio e caí do cavalo. Aquiles foi a minha ajuda e matou o nativo com um golpe certeiro de espada em seu pescoço. A balburdia tomou conta e o sangue jorrava para todos os lados. Michelangelo como queria, esmagava cabeças com sua clava pesada! Depois de todo o alvoroço os karanyos remanescentes estavam rendidos e feitos de prisioneiros, enquanto outros estavam mortos ao chão.
Buldica com a ajuda de Enrico resolveram amarrar um deles em uma arvore. No fim, Aquiles começou a interroga-lo:
- Onde está Atila? Mostre-me onde ele está e terei pena de tirar-lhe a vida, índio!
O índio relutou e vendo que somente sairia das amarras morto, resolveu falar:
- Tu és o demônio que meu mestre Atila falava... Tu és satã!
- Respeita-me karanyo, ou lhe arrancarei a língua! (disse Aquiles com voz altiva).
- Meu mestre disse que o anjo caído viria no momento do Juízo final. Eu limpei a minha alma e agora sou de Cristo. O que fizer comigo não me distanciará do gloria de Jesus!
- Teu mestre roubou a madre Igreja e será castigado! Mostre-me a casa dele e deixarei você viver!
- Meu mestre está no castelo Pax! Construímos com madeiras, rochas e barro. Tu usas uma armadura brilhante, mas o teu brilho é falso. Nunca será um arauto de Tupã! Quando o mestre Atila chegou fez inúmeros milagres. Ele é nosso deus e tu és o demônio e quando encontrar Atila será morto por sua gloriosa espada de fogo!
Depois da confissão do nativo Aquiles cortou-lhe a cabeça e mostrou o rosto de medo do morto para os outros índios karanyos que haviam sido capturados. Em seguida pediu para que fossemos guiados ao que chamaram de castelo Pax de Atila, para fazermos uma ‘pequena’ visita.