sábado, 31 de dezembro de 2011

Escultura no Campo mais que Ampliado 3

Estou de volta com a postagem sobre escultores e seus trabalhos. Como percebi que muitos ficaram interessados no assunto, trouxe mais uma leva de artistas que trabalham a tridimensionalidade de forma única com os materiais mais bacanas que se tem noticia:

Victor Brecheret (1894-1955)
Ele nasceu na Italia, porém foi no Brasil que fez história. Victor estudou arte no liceu em São Paulo e depois ganhou uma bolsa para estudar em Paris. Começou imitando Rodin e depois, com o incentivo do movimento modernista passou a criar obras únicas como o conjunto arquitetônico da Pampulha. Mesmo depois de morto em 1955, sua contribuição e apoio as artes modernas são inestimáveis. Suas obras são na maioria feitas de granito e mármore e muitas delas estiveram expostas na capital federal.


 Francisco Brennand
Ele é considerado hoje o artista brasileiro mais ativo. Começou a criar seus primeiros trabalhos em 1954. além de escultor, também aprendeu a trabalhar na arte da gravura e da pintura. Sua fama começou quando ilustrou os livros do colega de escola Ariano Suassuna. Hoje quem vai a Recife pode admirar suas obras de cunho erótico (grandes falos e corpos femininos) feitos em cerâmica em seu instituto todo mantido pelo próprio artista.

Pablo Picasso (1881-1973)
Não há como falar em História da Arte sem citar o grande mestre Pablo Picasso. A sua importância é tão grande que seu nome está em instituições governamentais e até em automóveis. Nascido em Malaga (Espanha), Picasso deixou para a humanidade mais de 500 obras ( pinturas, desenhos, colagens e esculturas) entre muitas delas experimentações como esta obra que ele dizia ter feito por acaso. Feito de guidão e um banco de bicicleta ficou conhecida como 'Cabeça de Touro'.



Paulo Af
Seguindo a linha duchampiniana e de Picasso. Paulo Af utiliza o refugo do mundo tecnológico e de escala industrial do consumo: cria esculturas de variados tamanhos usando plástico, durepox, esmalte, tinta acrílica e massa de modelar. inspirado no mundo da espada e fantasia de revistas como 'Conan o Barbaro' e mitos monstruosos confecciona criaturas de 8cm a 10cm com cenários e adereços como miniaturas de um mundo que somente existe na imaginação.
    
Leon Ferrari
Artista plástico argentino, ele estudou em Milão. Ativista politico e bastante experimentalista, já chegou a fazer esculturas de arame e aço oxidável. Depois passou a trabalhar a poética contemporânea fazendo colagens e arte duchampiniana (elegendo objetos do cotidiano e os reorganizando até virarem obras artisticas).

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Escrevendo um Romance 11ª Parte


CAVALEIROS E EXORCISTAS



©2011 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

PROCURANDO OS KARANYOS

Diana e Buldica chegaram na aldeia depois de um longo intervalo da última visita. Com seus trejeitos masculinizados chegaram na aldeia guarani procurando o pajé e querendo saber o que acontecera nos últimos dias. O pajé as recebeu e deu todo o relato do que acontecera: falou da febre de Aquiles e depois do encontro dele com Yara.
As guerreiras perguntaram o que aconteceu durante a conversa de ambos e se Aquiles resolveu finalmente decidir ir embora. Mal elas falaram em seu nome e o monsenhor apareceu como mágica diante das duas. Estava suado e exausto da charrua e assim que viu as guerreiras recuperou as forças.
Diana com sua atitude autoritária disse que queria falar com Aquiles imediatamente. O monsenhor disse que ela deveria esperar um pouco, pois ele queria se limpar. Ele foi até uma bica e molhou a cabeça e os braços e em seguida resolveu dar atenção enfim as visitas. Como os índios faziam quando queriam conversar ficaram de cócoras e iniciaram conversa.
Diana sem adiamentos foi direto ao assunto:
-         O que tu decidiu Aquiles? Irá embora com os seus homens da ilha?
Aquiles fitou Diana olho no olho e replicou:
-         Não iremos a lugar algum sem antes levar para Roma a relíquia roubada e seu contraventor! Eu decidi que eu e meus homens iremos atrás de Atila e sendo assim, não deixaremos a tribo guarani e nem a ilha.
Diana e Buldica se entreolharam e depois com ar de ira e frustração fitaram Aquiles. Ele resolveu continuar a sua explanação:
-         Sei que vocês não gostam de nossa presença na sua terra. Temem o que não é verdade. Digo a vocês se isso as satisfaz, iremos embora assim que capturarmos Atila e seu bando.
Diana percebeu que o monsenhor não iria declinar da sua decisão. Ficou calada por um instante e em seguida resolveu falar:
-         Se esta é sua decisão então deixe que os guaranis o levem até os karanyos de uma vez!
-         Eu já pedi isso ao pajé, estamos formando uma tropa que irá amanhã de manhã até os karanyos, pois sabemos que a edificação de Atila está próxima. Não podemos ir sem estarmos preparados para uma luta contra ele.
Quando ouviram a palavra ‘luta’, as guerreiras brilharam os seus olhos cor de ocre e Buldica sem pestanejar disse:
-         Iremos com vocês, podemos ir com as nossas guerreiras para esta campanha.
Aquiles aceitou a sugestão e chamou Michelangelo para confeccionar mais espadas, escudos e armaduras em sua instalação improvisada de ferreiro. Enrico apareceu para ajudar na confecção de mais armas. Bonelli que estava aprendendo a fazer tapeçaria com as índias, largou os serviços femininos e começou a treinar espada. Senti que estávamos indo para uma cruzada!
Antes de ir embora da aldeia, Diana perguntou a Aquiles o que ele havia conversado com Yara. O monsenhor não quis tocar no assunto e disse que apenas esperava as guerreiras estivessem na manhã seguinte para a busca dos karanyos. Fomos dormir com o gosto de batalha e vingança contra Atila em nossos lábios!
Era de manhã quando os primeiros cantos dos pássaros nos avisaram da vinda do sol. Já estávamos preparados e vestidos com as nossas armaduras e espadas na bainha e montados em nossos alazões. Eu me senti desconfortável usando pedaços de metal sobre o meu corpo, não era o meu costume ir para frente de batalha. Michelangelo estava apreensivo e perguntava á todo momento a Aquiles por que não partíamos de uma vez. O monsenhor respondia que enquanto as guerreiras não aparecessem não iríamos a lugar algum.
Mal Aquiles disse estas palavras e as guerreiras apareceram. Eram num total de vinte lideradas por Diana, Buldica e Harpia com suas lanças e flechas. Diana pediu que o guia guarani fosse a frente, Aquiles consentiu e apresentou um índio que fora batizado com o nome cristão de Estevão. Ele era alto e esguio e com olhar de falcão.
Ele se dirigiu até Aquiles e partiu na frente da tropa em grande correria. Nós então, o seguimos sem pensar duas vezes. Entramos mata á dentro como lanças, atravessamos a floresta sempre em linha reta. Por muito tempo víamos arvores e mais arvores como se estivéssemos na região mais fechada. Nem mesmo os raios do sol atravessavam as copas gigantescas de troncos mais largos que pilares de templo grego!
Depois de muito cavalgar, resolvemos dar uma parada próxima de uma fonte e alimentar os nossos cavalos. O guia guarani disse que estávamos bem próximo da aldeia karanyo e que podíamos nos preparar para algum ataque. Michelangelo disse que estava ‘louco’ para testar a sua clava que confeccionara em ferro maciço na cabeça de algum inimigo.
Comemos alguns frutos que encontramos na mata e continuamos a cavalgar quando nem imaginávamos avistamos dois karanyos. Um deles saiu correndo com medo enquanto o outro ficou parado nos olhando. De imediato ele se ajoelhou diante de nossa tropa e começou a nos chamar de arautos de Tupã. Aquiles não conseguiu tirar a espada para intimidar o nativo e viu que seria um crime matar alguém tão indefeso. Sem percebermos o karanyo que havia fugido voltou com auxilio de alguns nativos armados de machados e lanças.
As guerreiras foram logo tomando dianteira e indo a direção dos karanyos com suas lanças. Michelangelo e Aquiles avançavam com seus cavalos por cima de alguns índios e assim afugenta-los. Estávamos enganados em achar que eles eram indefesos, pois sabiam lutar e muito (percebi que eles lutavam da maneira que os cavaleiros templários) com toda certeza, atila os ensinou a lutar!
Um dos karanyos feriu-me na perna, eu perdi o equilíbrio e caí do cavalo. Aquiles foi a minha ajuda e matou o nativo com um golpe certeiro de espada em seu pescoço.  A balburdia tomou conta e o sangue jorrava para todos os lados. Michelangelo como queria, esmagava cabeças com sua clava pesada! Depois de todo o alvoroço os karanyos remanescentes estavam rendidos e feitos de prisioneiros, enquanto outros estavam mortos ao chão.
Buldica com a ajuda de Enrico resolveram amarrar um deles em uma arvore. No fim, Aquiles começou a interroga-lo:
-         Onde está Atila? Mostre-me onde ele está e terei pena de tirar-lhe a vida, índio!
O índio relutou e vendo que somente sairia das amarras morto, resolveu falar:
-         Tu és o demônio que meu mestre Atila falava... Tu és satã!
-         Respeita-me karanyo, ou lhe arrancarei a língua! (disse Aquiles com voz altiva).
-         Meu mestre disse que o anjo caído viria no momento do Juízo final. Eu limpei a minha alma e agora sou de Cristo. O que fizer comigo não me distanciará do gloria de Jesus!
-         Teu mestre roubou a madre Igreja e será castigado! Mostre-me a casa dele e deixarei você viver!
-         Meu mestre está no castelo Pax! Construímos com madeiras, rochas e barro. Tu usas uma armadura brilhante, mas o teu brilho é falso. Nunca será um arauto de Tupã! Quando o mestre Atila chegou fez inúmeros milagres. Ele é nosso deus e tu és o demônio e quando encontrar Atila será morto por sua gloriosa espada de fogo!
Depois da confissão do nativo Aquiles cortou-lhe a cabeça e mostrou o rosto de medo do morto para os outros índios karanyos que haviam sido capturados. Em seguida pediu para que fossemos guiados ao que chamaram de castelo Pax de Atila, para fazermos uma ‘pequena’ visita.
 

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Foto Arte 2: Usando a fotografia nas férias


Como estamos de férias resolvi voltar a colocar uma postagem sobre um tema artistico que aprecio muito: a fotografia. Mesmo que existam aqueles que não gostam de tirar fotos de si, geralmente a ideia de registrar algo aparece como um meio de querermos provar que passamos e vivenciamos certas experiências na vida. Nas redes sociais existem milhares de blogssites abarrotados de fotografias de todo tipo...Não há como escapar da vontade de dizer através de imagens 'eu estive aqui!' ou 'vivenciei este fato'.
   
Se no inicio do século XIX a fotografia mais parecia uma estravagância de inventores malucos, o daguerreótipo de Louis Daguerre e Nicéphore Niepce, foi mostrando que o homem tinha um desejo de prender o tempo seja no velho formato das pinturas ou nas chapas embebidas de betume. Muitos acreditaram que a máquina dos dois inventores acabaria com o monopólio dos pintores e estes por medo, ou melhor, como modo de sair dos mandos do academicismo e do figurativismo foram para o Impressionismo e assim, abrindo as portas para a arte moderna.
    
Artistas como Edgar Degas usaram as máquinas e seus ângulos como inspiração para os seus trabalhos. Nunca mais o olho humano observou uma paisagem ou o corpo humano do mesmo jeito. Um dos exemplos mais conhecidos era como os desenhistas antigos desenhavam os cavalos em movimento (antes achavam que os animais corriam com as patas em angulos iguais, a fotografia depois mostrou o contrário).
  
Até Marcel Duchamp brincou com a fotografia e faria a sua obra mais famosa o 'Nu Descendo a Escada' a partir de uma fotografia. Hoje se podemos apreciar as obras de Vick Muniz e Sebastião Salgado é porque perceberam que a fotografia não é somente um fenomeno cientifico, mas também uma forma de analizarmos o nosso mundo. Deixo como inspiração algumas fotos feitas por mim usando efeitos e temas diferentes com a máquina. Aproveite as férias e use sua máquina de modo diferente e divirta-se:

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sessão Nostalgia: A trilha sonora de sua vida


Atire a primeira pedra quem  nunca após assistir um filme no cinema ou na TV, ficou cantarolando ou lembrando a música que tocava durante a exibição da pelicula. Pois é, desde que o cinema passou a ser em cores e ter som, a música deixou de ser um mero adereço para fazer parte da realização de um filme.
Toquei em uma banda durante quase 10 anos, e de vez em quando a gente tirava uma música de um filme para se divertir nos instrumentos. A minha preferida até hoje é o tema do filme 'Conan O Barbaro' de 1982, contudo tem também a música do filme 'Os Caçadores da Arca Perdida' ( fiquei empolgado quando aprendi a tocar esta música em um teclado Casio vagabundo).

Enquanto estava fazendo esta postagem estava ouvindo um CD do filme 'Demolidor' de 2002. O meu irmão tem um grande acervo de Cd's de trilha de filmes e passamos horas, as vezes, conversando sobre este e aquele compositor que fez musica tal e etc... Geralmente quem gosta muito de cinema acaba tendo como hobby colecionar as trilhas pois elas de forma subjetiva conectam o espectador a imagem.
   
Durante as décadas de 20 e 30 o cinema ainda era mudo. Os atores gesticulavam pois sabiam que suas falas não podiam ser ouvidas. Foi nesta época que as comédias pastelão de Charles Chaplin (bastante dependentes de um humor fisico) eram populares. Neste periodo os filmes eram exibidos em teatros (as salas exclusivas de cinema ainda não existiam) e os filmes tinham um som ao vivo feito por um pianista que ficava no canto do tablado enquanto o filme passava na tela.
Este processo foi acontecendo até o dia em que consiguiram finalmente colocar sons nas peliculas ( o primeiro filme falado foi o 'Cantor de Jazz' em que um ator se pintava de negro e cantava). Na época achavam os atores que os filmes perderiam seu encanto e muitos deles poderiam ficar desempregados. Charles Chaplin, como grande inovador que era, nem ligou para isto e como era compositor aproveitou o som para criar as trilhas sonoras de seus filmes. Hoje músicas de filmes como 'Luzes da Ribalta' e o 'Grande Ditador' são lembradas até hoje por quem gosta de cinema e aprecia música pop.
Com a importância  nas cenas e o surgimento dos videoclipes, as músicas feitas para os filmes cairam no gosto popular. Hoje quando se fala em um filme, na maioria da vezes, as pessoas já lembram logo de cara da música. Além disso, inumeros compositores criativos ajudaram a dar mais credibilidade e importância para as trilhas: John Williams (compositor dos filmes 'Super Man', Indyana Jones, 'Star Wars'), Howard Shore ('Senhor dos Aneis', Batman Begins'), Danny Elfman ('Edward mãos de Tesoura', 'Cavaleiro sem Cabeça', 'Homem-Aranha'), Hans Zimermann ('Gladiador', 'Falcão Negro em Perigo'), Basil Poulidoris ('Conan O Barbaro') e Vangelis ('Carruagens e Fogo', '1492 A Conquista do Paraíso')...

Todos eles e muitos outros deixaram o cinema mais envolvente e mais divertido e sentimental, com suas músicas que gravam na retina as imagens  em nossas almas!

Exposição de Arte 2011: Maria Bonomi, Rectrospectiva


2011 está no fim. Já estamos sentindo aquela sensação de dever cumprido e uma certa saudade (dependendo de como foi este ano, é claro para você). Fico feliz de ter conseguido levar este blog até aqui. Quando comecei as postagens em fevereiro nem pensei que haveria pessoas enteressadas em assuntos como arte, quadrinhos, literatura, músicas e coisas afins... Obrigado a todos que leram o que eu escrevi e peço desculpa se coloquei alguma informação errada ou se faltou mais coisas legais para colocar nas postagens. No ano que vem ( essa frase soa como algo distante, mas 2012 até bem aí) prometo melhorar.

Agora deixo como dica de exposição para visitar, esta ocorrendo no CCBB, Setor de Clubes Sul, a Exposição: Restropectiva Maria Bonomi. Até dia 12 de janeiro de 2012. Geralmente em final de ano as galerias costumam deixar a desejar e não expõem trabalhos de artistas relevantes, no caso da Maria Bonomi está exposição é muito boa.
   
Pintora, cenografa e gravurista esta descendente de italianos trabalha em suas obras (mais especificamente nesta exposição) o tema da ditadura militar no Brasil e o corpo feminino em forma variadas tecnicas de gravuras (xilogravura, gravura em metal e litogravura) e instalações e videos. Também esculturas de bronze e metal.

Trabalhando a violência e a sensualidade em formas abstratas, as obras de Bonomi requerem uma certa reflexão e uma calma do observador para serem entendidas. Com uma cidade quase vazia e todo mundo de descanço vale apena ficar olhando sem pressa as obras desta grande artista.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Escrevendo um Romance 10ª Parte

CAVALEIROS E EXORCISTAS

©2011 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.


O SEGUNDO ENCONTRO DE AQUILES E YARA

Já estava amanhecendo quando o pajé serviu em um pote de barro as ervas misturas com água e mel para o monsenhor Aquiles beber. Ele parecia resistir as goladas e engulhava a cada digestão do remédio.
Enfim, após a luta entre estomago e liquido, o monsenhor descansou. Dormiu como uma criança como não fazia há muitos dias. Michelangelo ficou mais tranqüilo e com pensamentos de esperança foi avisar os outros.
Continuamos a trabalhar na aldeia. Fui colher umas verduras frescas para o nosso almoço, quando um índio me veio dizer que o monsenhor havia despertado. Vossa Santidade sabe que não acreditava no poder das ervas mágicas do pajé, mas depois mudei de idéia e pretendo levar algumas como presente para Roma.
Monsenhor Aquiles estava com a aparência melhor que antes. Perguntou o que aconteceu como se sua memória tivesse sido devorada pela febre e o desânimo. Contei-lhe os últimos momentos até onde ele acordara. Pasmado com o que lhe falei ele não acreditara no que lhe aconteceu.
Enrico e Michelangelo perguntaram se ele sentia fome e resolveram leva-lo para um banquete na cabana grande. Eu o olhei indo embora e pensei se valeria apenas tocar no assunto da deusa Yara. Pensei e conclui que falar da deusa poderia leva-lo a febre novamente e então resolvi esquecer tudo relacionado a ela.
O tempo passou e Aquiles continuou treinando espada e ajudando os guaranis. Nem parecia que ele esteve doente alguns dias atrás. Em nenhum momento ele tocava no assunto ou no nome de Yara. A febre realmente havia apagado a sua memória, ou talvez, na pior das hipóteses, o monsenhor estaria fingindo.
Passado mais alguns dias, Aquiles veio até a mim e com um olhar amedrontado dizia que ainda tinha a Sucubus lhe assombrando o sono. Francamente falou que não havia esquecido Yara e que por mais que tentasse o pecado do desejo persistia. Com pesar senti novamente pena do monsenhor e resolvi falar sobre o encontro que tive com Yara para cura-lo da febre.
Ele ouviu tudo em silêncio e depois cerrou os dentes ao saber que o amor que tinha por Yara estava sendo disputado por seu maior inimigo: Atila.
De sua boca brotou impropérios que jamais pensei que um monge poderia dizer. Ameaçou a e rogou pragas a linhagem de Atila e jurou que quando o encontrasse seria para ver seu rosto ser desfeito pelo golpe de sua espada.
Para acalma-lo disse que Yara o estava esperando na beira do rio. O monge de inicio indagou por que não falei antes. Eu disse que temia pela sua saúde. Depois, ele se fez entender e me perdôo e em seguida em desabalada correria foi para a mata.
Preocupado eu o segui pela floresta adentro. Quando pensei tê-lo perdido o encontrei na beira do rio ajoelhado esperando por sua amada. O fenômeno mágico aconteceu e novamente Yara apareceu para o monsenhor fazendo um sorriso largo aparecer em sua velha face.
Ele entrou no rio e nadou até onde estava a sereia. Os dois se entreolharam e quase simularam um abraço. Contudo, Yara estava com um olhar ríspido e assim sendo resolveu iniciar a conversa. Disse que sabia dos sentimentos que o monsenhor nutria por ela e que este amor seria impossível de se concretizar.
Aquiles indagou se ela não sentia nada por ele. A sereia ficou calada e depois respondeu que também sentia algo pelo monge, mas também nutria sentimentos por Atila. Aquiles não entendia como uma deusa poderia gostar de um ladrão assassino.

Ela pediu para Aquiles não reprimir seus sentimentos, pois ela afirmara que o amor não escolhe. Aquiles apelou então para que ela tivesse discernimento entre o bem e o mal e que ela deveria ver Atila como um representante de Satã na terra.
A sereia replicou que ela estava acima dos conceitos dos homens e que o Satã não fazia parte de seu mundo. Porém, entendeu que Aquiles é um homem que quer a paz mesmo fazendo o uso da força para tal intento.
Aquiles disse que sua febre fora causada por Satã que viu que ele estava amando o impossível. Chorou diante da deusa como uma criança pedindo uma cura para a paixão que ardia em seu coração. A sereia como que sentisse culpa aproximou os lábios nos do monsenhor. O beijo o acalmou e por um instante o tempo parecia parar diante de tal momento mágico.
Após o beijo Yara mergulhou e somente a sua cauda de peixe apareceu para em seguida sumir nas profundezas do rio cristalino. Mais uma vez Aquiles ficou sozinho com o seu olhar pesaroso e vendo que não mais veria Yara, saiu da água cabisbaixo. Fui ao seu encontro e contei que vi tudo. Ele não disse nada e colocou a mão em meu ombro e foi embora. Percebi que depois deste encontro muita coisa iria mudar.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Escultura no Campo Mais Que Ampliado 2



Aproveitando as férias e a minha dica de que deveriamos fazer um hobby para passar o tempo. Resolvi mostrar o trabalho de alguns artistas que trabalham o tema da escultura. Muitos podem achar o ato de criar algo tridimensional trabalhoso e dificil ( mas desenhar também não é facil e pintar é tão trabalhoso como esculpir). Nas férias é comum cursos de verão para os que praticam habilidades artisticas em escolas e faculdades, ou os que somente querem aprender algo diferente do habitual. Muitas pessoas que nem sequer imaginavam criar alguma coisa se surpreendem ao ver que possuem capacidade para moldar em argila ou talhar na madeira uma figura.
Os artistas que mostrarei não trabalham somente com este material. Muitos usam materiais inusitados e que ninguem imaginaria que serviriam para trabalhos artisticos. Espero que esta postagem ilumine a sua cabeça e quem sabe não queira experimentar fazer um artesanato, desenhar, estudar música, sei lá...Carpie diem!

Luise Nevelson
A escultora norte americana Luise Nevelson (1900-1988) queria criar algo entre a pintura e a escultura. Resultado criou verdadeiros paineis em que misturava restos de trabalhos de carpintaria e os colava criando um mosaico tridimensional. Depois ela pintava e assim tinhamos uma pintura sólida com 'cara' de escultura.

Meret Oppnheim
Nascida na Suiça, Meret Oppnheim (1913-1985) começou na pintura expressionista e depois se envolveu com os surrealistas May Ray e Marcel Duchamp. Criou esculturas como esta xicara coberta por pelagem para falar da relação conforto/estranhamento sensualidade e outras temáticas típicas do movimento surrealista.

Daniel Lee
O artista coreano Daniel Lee ou Li Xiaojing, trabalha com fotografias em que suas imagens dão a impressão de serem esculturas com textura. Os seus temas vão da mutação de homens e animais. Muitos podem coloca-lo na linha da arte grotesca em alguns casos e também surrealista.

Paulo Af (henderson marx 01)
Desenhista por vocação, Paulo Af cria obras que misturam temas do fantástico usando bonecos e miniaturas customizados. Sua arte entraria na visão grotesca e surrealista. Aqui ele trabalha o tema do mundo medieval com uma escultura de 10cm feita de massa de modelar, durepox, esmalte e pedaços de plastico.

Tatiana Blass
A artista paulistana Tatiana Blass realiza obras onde podem fundir a estalação e a performance. Em uma de suas obras podemos ver uma escultura feita de cera se desfazendo na frente do público encima de uma chapa de aço quente, mostrando a não duração dos objetos.

Nicolas Vlavianos
Escultor grego radicado no Brasil, Vlaviano já expôs em Brasilia diversas vezes. O seu tema fala da contradição do leve/pesado através de esculturas de metal que lembram passaros e homens de ferro com asas.

Yong Hoja
o escultor coreano Yong Hoja pode se considerar um artista que se preocupa com o meio-ambiente. Os seus monstros são feitos de pneus tratados e depois moldados. O resultado são criatuas mitológicas em tamanho gigante.

Mensagem Subliminar 2: O olho e a imaginação


Continuando a postagem anterior sobre mensagem subliminar. Trago mais evidências de que na maioria das vezes é a imaginação do espectador que criam estes fenômenos e não a obra analizada. Um dos exemplos bastante usado pelos adeptos da mensagem subliminar e o chamado backmasking em musicas de artistas famosos com intuíto de passar mensagens malignas. O termo em si significa, volta ou retorno para algo mascarado, ou escondido.
Ha quem acredite que os artistas fazem estas coisas para promover os discos já sabendo que existem curiosos que irão rodar as músicas em sentido contrário. Para os extremados religiosos é uma conspiração de corporações ou grupos demoniacos que querem propagar o poder do Belzebu na Terra.
Este disparate surgiu nos anos 50 entre protestantes e fanáticos religiosos americanos que estavam preocupados com as atitudes de rebeldia dos jovens. Como bode expiatório disseram que eram as músicas de rock in roll e os quadrinhos que estavam deixando os jovens 'loucos' por terem mensagens demoniacas em seus conteúdos.
   
Qualquer pessoa inteligente e ciente dos fatos históricos saberia que as mudanças dos jovens apenas acompanhavam um mundo que estava no meio de guerras (1ª e 2ª Guerra Mundial), as mudanças politicas como a ascenção do Comunismo no Leste Europeu e as mudanças comportamentais das chamadas minorias (mulheres, negros...). Fica muito mais facil entender a mudança dos jovens por estes fatores do que se apegar a ignorância da crença  em seres miticos que manipulam a alma do homem.
Se você rodar um disco de trás para a frente o máximo que você ouvirá e sons de silabas e vogais em distorção. Dependendo da imaginação de quem ouve, você pode escutar um monte de sons desconexos e sem lógica ou mensagens ocultas bizarras e engraçadas. Uma banda que brincou com este tema foi o grupo britânico Queen: em umas de suas músicas chamada de 'One Vision' na última estrofe se escuta Fred Mercury cantar de tras para frente uma frase que no inicio da música seria "Deus fala conosco de modo estranho" na verdade a tradução distorcida da frase seria " frango com batata frita, por favor". Uma brincadeira hilária em cima do Backmasking.

Para jogar logo uma pá de cal neste tema vou aos trabalhos do psicanalista suiço Hermann Rorschach. Que usava cartões com imagens de manchas na qual o intuito era investigar a personalidade de individuos expostos aos seus estudos.
Na mesma linha do metodo da projeção de Freud, a ideia de Rorscharch era fazer o paciente projetar através de manchas o que lhe afligia ou que poderia ser seu objeto de obsessão. As manchas podem ter qualquer significado dependendo de quem as olhas. Resolvi pegar um exemplo da Internet para mostrar como funciona. Você poderá dizer o que vê, sabendo que não existe uma resposta definitiva e de acordo com a sua imaginação pode se ver inumeras figuras nas manchas.


Gostou do metodo de Rorscharch? Com isto, espero ter falado sobre as mensagens subliminares. Não quero dizer que elas não existem, mas apenas que é um metodo muito mais de tecnica publicitaria (quando sabiamente utilizado) do que um fenômeno sobrenatural ou ligada a fatores demoniacos. Crer em alguma coisa e importante, porém mesmo a crença requer raciocinio, para não cair em fanatismo. Deixo como leitura os seguintes livros: A Alegoria de Frlavio R. Kothe, Obra Aberta de Umberto Eco, A Ordem do Discurso de Michel Foucault, Imagens & Símbolos de Mircea Eliade.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

São Francisco de Assis e a arte dos presepios


Não existe data mais emblemática e mais importante para o Ocidente que o Natal. Já não é de hoje que se discute se realmente Jesus Cristo nasceu realmente em uma noite de 25 de dezembro a dois mil anos. Historiadores, arqueólogos e teológos discutem o porque da comemoração natalina, e existem vários motivos para isto:

 Os europeus comemoravam o solsticio de inverno neste e agradeciam aos deuses do tempo como Odin e Thor pela boa colheita. Para neutralizar estas festa pagãs a Igreja instituiu que neste dia seria comemorado o dia do nascimento de Cristo.

 A controversa figura do Papai Noel: para a Igreja Católica ele foi um bispo que costumava presentear os pobres com sacos de moedas jogado nas chaminés das casas; para os pagãos existia uma divindade que tinha como bom comportamento presentear os desafortunados, principalmente crianças.
Mesmo com estas questões levantadas, o Natal já está em nosso incosciente coletivo e acho dificil que por estudos cientificos e históricos as pessoas irão deixar de festejar o nascimento do Salvador. O importante da data está em trazer para o coração do homem a paz e o 'amor ao próximo' como os ideias que Cristo pregara independente da época.

É por isto, que penso na figura de São Francisco de Assis. Foi ele quem criou a arte dos presépios, tentando levar a humildade da familia cristã para os pobres e iletrados. Filho de um rico comerciante e como todo jovem despreocupado com a vida; Francisco foi para os campos de batalha expulsar os sarracenos e os mouros que estavam invadindo a Europa. Voltou da guerra doente e foi nessa situação conturbada, que ele disse ter ouvido a voz de Deus pedindo para ele restaurar a Igreja. Depois disso se tornou eremita e foi viver entre mendigos e leprosos. Costumava pregar sobre a fraternidade e sobre o valor do homem, bem como da importância da natureza ( muitos o consideram o primeiro ecologista da história).
Depois que ele construiu o primeiro presépio feito de bonecos de barro ( e fez encenações com atores), o artigo virou um dos símbolos do Natal. Hoje todo mundo pode comprar, ou melhor ainda, confeccionar o seu próprio presépio com menino Jesus, Maria, José, os pastores e os três reis magos.
      
Antes de São francisco o tema do nascimento de Cristo só era retratado em forma de pinturas (retabulos). Nas igrejas é comum os grupos paroquianos fazerem os seus presépios de argila, papel, e cola. Com advento do plastico muitos compram os bonecos e criam o resto da decoração ( a gruta pode ser feita de isopor ou papel de embrulho amassado). De toda a maneira não existe forma mais artistica e tocante de contar a história de Cristo.