domingo, 27 de novembro de 2011

Projeto de Teatro III

Trouxe de volta o projeto de teatro, porque fiquei satisfeito com a procura das postagens sobre o tema. Para ajudar os que pretendem fazer tal projeto vou apresentar os trabalhos expostos por meus alunos.
O bacana deste tipo de projeto é que ele não tem uma idade especifica (muitos podem pensar que somente as crianças podem gostar do teatro de sombras) eu, por exemplo, leciono para a EJA (ensino jovens e adultos) e eles gostaram de trabalhar teatro.
Peço desde ja, desculpa aos meus alunos por ter demorado a mostrar este trabalho. Espero que gostem, mesmo que não tenha colocado trilha sonora e outras coisas que prometi...enfim, que este trabalho sirva de inspiração para outros docentes.

OBS: o filmete é da 5ª série da EJA.

sábado, 26 de novembro de 2011

Sessão Sai Capeta VIII: Galeria do Grotesco 2ª Parte

Na postagem anterior coloquei alguns artistas (pintores) que de certa forma trouxeram o grotesco para o mundo das artes. Logicamente, que quando exponho estes trabalhos não estou diminuindo o seu valor. O que quero mostrar é que o conceito de perfeição estética nem sempre é o motor para se fazer grandes obras de arte. Mostrarei agora outros exemplos:

Ron Mueck
O escultor inglês Ron Mueck é um dos grandes do chamado movimento contemporâneo artistico chamado de Hiper-realismo. Suas obras são esculturas de pessoas comuns que ganham um agigantamento e um excesso de detalhismo provocando admiração e ao mesmo tempo um asco para quem as vê.

Adriana Varejão
No Brasil temos os artistas que surgiram nos anos 80 e que foram chamados de transvanguardas (eles misturavam tudo que já havia acontecido no modernismo com a art pop). Os trabalhos de Adriana Varejão chamam a atenção por serem instalações que brincam com a realidade e dão um toque 'kitch'. Como esta parede de carne, por exemplo.

R. H. Giger
Eu já falei do Giger em outras postagens. O cara realmente é marcante com seus trabalhos que até hoje enfluenciam o cinema de ficção cientifica ( o monstro do filme 'Alien' é um ícone). As suas criações beiram ao 'nojo' e ao terror com seres hibridos de aço, ossos, dentes e garras afiadas.

Exposição Corpos
Até hoje reverbera entre quem visitou esta exposição a seguinte questão: Era uma exposição de arte ou de biologia? Se você considerar a taxidermia (animais empalhados) como uma tecnica artistica então, a Exposição Corpos é uma galeria de arte digna de escultores como Rodin e Michelangelo. Já quem não apreciou a exposição, bem...achou que era tudo horrivel e de mau gosto!

Marina Abramovitch
Quem já viu de perto ou pela Internet os trabalhos de Marina Abramovitch, só pode ter duas reações: amor ou repugnância. Foi por causa dos trabalhos delas que passei a admirar os performances.Sua arte as vezes é perigosa e bruta ( ela se auto flagela em alguns trabalhos até sangrar), outras vezes são delicados, porém muito criticos.

A Mosca
No cinema o grotesco também aparece com muita força e o seu principal representante é o filme dirigido em 1986 por David Cronenberg 'A Mosca'. O filme faz uma releitura da 'Metamorfose' de Frans Kafka de maneira pesada e assustadora com um cientista que por acidente se transforma em uma mosca gigante. A transformação até hoje da reviravolta no estômago de muita gente!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Sessão Sai Capeta VII: Galeria do Grotesco

Continuando a postagem anterior. Resolvi selecionar os artistas, imagens ou cenas que mostram o grotesco. Assim como a galeria das fofuras, poderão ver (e apreciar se fizer o gosto) de coisas bem estranhas e bizarras. Aproveito e recomendo livros que comentam sobre o assunto: alguns de forma mais interessantes, outros nem tanto, mas para quem gosta do estudo da semiologia e de conceitos icônicos (ícone, símbolo, signo, metonimia...) é bom ler o 'O livro dos seres Imaginarios' do Jorge Luis Borges, 'O Diabo: a máscara sem rosto' do Luther Link, 'O Grande Livro dos Signos & Símbolos' de Mark O'Connell e 'Bosch' de Walter Bosing.

Estudos de anatomia de Gericault:
Gustave Gericault fez inumeras pinturas que influenciaram pintores como Deacroix e outros românticos. Contudo, os seus trabalhos para ter mais dramáticidade as vezes estrapolavam o 'normal'. Para muitas de suas pinturas ele usava cadaveres de verdade como este estudo de cabeças de criminosos decepados para fazer obras de arte.

Temas do Velazquez:
Diego Velazques ficou conhecido mundialmente pelo seu semiológico quadro intitulado 'As Meninas'. Ele pintou muita coisa, especialmente retratos como este anão que tinha problemas mentais e que muitos as vezes pensam se tratar de um retrato de criança.

Os medos de Goya:
O pintor espanhol Francisco de Goya tinha uma visão bastante radical e critica da corte espanhola. Seus trabalhos eram vistos como realistas, outros enchergavam nele um romantismo decadente. De toda forma seus ultimos trabalhos (talvez resultado de uma doença degenerativa que o acometeu) fez estes quadros de temática soturna e as vezes bizarras.

As neuras de Salvador Dalí:
O outro pintor espanhol de renome, Dalí é o tipico artista que provoca reações de ódio e amor entre os amantes da arte. Muitos o vêm como um aproveitador e marketeiro que soube explorar o Surrealismo, outros o chamam de gênio. De toda forma não há como não notar em suas obras as suas neuras sobre repressão sexual e a sua obsessão pela mulher.

O Inferno de Bosch:
O pintor holandês Hieronymus Bosch é um dos grandes representantes da pintura dos Paises Baixos. Ele viveu no mesmo periodo em que Leonardo Da Vinci e Michelangelo eram as grandes referencias da pintura européia. Porém, ele não retratava os temas biblicos com beleza e delicadeza. Preferia o bizarro e o grotesco com seus monstros hibridos e pessoas sendo castigadas pelo Diabo.

Os corpos de Schiele:
Egon Schiele pintava homens e mulheres com os corpos extremamente esguios e cheio de músculos e ossos proeminentes,quase como anorexos. Mesmo assim ele queria transmitir sensualidade com elas e de forma inusitada conseguiu!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sessão Sai Capeta VI: O Grotesco na Arte


Para muitas pessoas o sinônimo de Arte é a beleza, a harmonia e a tranquilidade. As pessoas que associam a Arte a estes termos geralmente apreciam pinturas de paisagens, esculturas gregas  e temas de natureza morta. A partir do século XVIII o que era chamado de 'gosto refinado' e intelectual começou a ser derrubado como um muro. Pintores como Paul Gauguin e Van Gogh começaram com o que os criticos de arte e amantes da arte 'bela' chamavam de grotesco.

Mas o que é o grotesco? Etmologicamente a palavra evoca o que seria distorcido, feio e desagradavel.
Durante muito tempo o artista era obirgado a retratar somente a realidade em suas obras. Essa realidade, seria a figura humana de homens e mulheres de corpos perfeitos e bem simetricos. Também era obrigação do artista retratar animais, plantas e paisagens em geral mostrando toda a perfeição da criação divina.
      
Quando olhamos uma obra de Leonardo Da Vinci como 'A Dama com Arminho' achamos que ele está retratando fielmente a natureza. Porém, se olharmos mais detalhadamente, veremos que a figura da obra possui uma cabeça muito grande, dedos exageradamente finos e ombros muito curtos. Se pensarmos na figura real da dama ela em sí não é simetrica ou perfeitamente bela.
  
O mesmo se pode dizer da 'Venus' de Botticelli: uma garota de pescoço muito alongado, ventre dilatado e ombros muito curtos. Anatomicamente a Venus não é perfeita ou bela.
  
Outro que também não seguiu a reprodução fiel da natureza era Michelangelo e suas mulheres exageradamente musculosas que para os que não apreciam o fisiculturismo feminino seria demasiado estranho e pouco digno de beleza.
      
Quando Van Gogh apareceu com os seus primeiros quadros foi ridicularizado e visto como pessimo artista. Depois dele veio o Expressionismo Alemão que se preocupava mais em mostrar o que o artista sentia do que via e por isto, caprichava na deformação e na estilização de figuras. Antes desses já na Renascença pintores como Bosch e Bruegel retratavam monstros e seres bizarros. No fim, se pensarmos direito a simetria e a harmonia existem somente na mente humana e não no mundo real, tanto é verdade que artistas mesmo como Leonardo por mais que copiassem e treinassem olhando a natureza percebiam nela a falta de simetria e tratavam de representar pessoas de uma forma não natural até chegar no que chamamos de arte do belo. Por isto, aprecio tanto pintores como Goya, Parmegianino e Bosch porque a monstruosidade não é real mas, é mais interessante do que pinturas de naturezas mortas e belas mulheres classicas que apenas tentam inutilmente imitar a natureza.


sábado, 19 de novembro de 2011

Escrevendo um Romance parteIV: 4ª Parte

CAVALEIROS E EXORCISTAS

©2011 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

A INVASÂO TUPINAMBÁ

Com surpresa ficamos atônitos ao saber que a nossa busca pela relíquia sagrada e seus seqüestradores havia chegado ao fim. Pensei comigo, que tal fato não seria a mão de Deus  guiando os nossos destinos. Monsenhor Aquiles estava preocupado agora em como poderíamos voltar a nossa missão.
Uma nativa então veio até nós. Com o olhar severo e segurando uma lança fez um sinal para que saíssemos da cela. Aquiles concordou com a cabeça, e com o olhar nos ordenou o mesmo. Levantamos e voltamos a seguir em marcha. Michelangelo cochichou que aquele deveria ser o melhor momento de fuga, porém Aquiles disse que não podíamos, por enquanto, fazer nada. Com toda a certeza o monsenhor estava planejando algo.
Quando chegamos no meio do pátio da cidade das guerreiras, a velha líder delas veio até nós com suas filhas. Nas mãos de uma delas estava o crânio de um cavalo e na outra uma cruz. A velha então com voz rouca disse:
-         Este (o crânio) era parte do arauto que arranquei com as minhas próprias mãos. A outra é a sua fé que nos arruinou!
Monge Aquiles vendo estes ‘presentes’ que nos eram oferecidos teve a vontade de engulho. Segurou a respiração e levantou a mão para falar com a velha. A velha entendeu o sinal e deu-lhe permissão para falar:
-         Nós sabemos quem fez este mal a vós! Assim como tu, queremos vingança contra o infeliz (disse Aquiles com voz impostada).
A velha então voltou a falar:
-          Seus irmãos mentiram para nós. Pensamos que fossem os arautos de Tupã, porém eles eram demônios. Falaram para nós esquecermos nossos deuses e queriam que abraçássemos a cruz. Nos deram nomes estranhos: me chamaram de Fúria, as minhas filhas de Diana e Buldica. Não queremos o seu Deus! Não queremos a cruz!
A afirmativa da velha fez com que as guerreiras apontassem suas lanças para as nossas faces. Seriamos perfurados, como as mãos de nosso Salvador no dia da crucificação! Morreríamos sem cumprir a missão...
Houve uma surpresa... Uma pequena nativa veio gritando para a velha e em seguida outras também vieram, gritando em seu idioma. Elas gesticulavam como loucas e apontavam para a mata. A velha então olhou para as outras guerreiras e falando em sua língua pareceu dar uma ordem.
As guerreiras obedeceram e nos deixaram no pátio, enquanto corriam para a mata. Estávamos livres e poderíamos ir embora! Aquiles perguntou para uma das nativas apavoradas o que estava acontecendo. Ela somente disse uma palavra estranha: ’Tupinambá!’.
Enquanto Aquiles tentava decifrar a palavra enigmática, as guerreiras corriam para as moitas armadas com flechas e lanças e com vontade urravam como se estivessem em um combate.
Bonelli apavorado com a multidão perguntou o que estávamos esperando para irmos logo embora. Aquiles e Michelangelo estavam estáticos e não sabiam o que fazer naquele momento.
De repente, uma chuva de flechas e lanças caíram do céu e começou a acertar a aldeia das guerreiras! Bonelli foi ferido na perna esquerda e enquanto Enrico levou um corte de raspão no rosto.
Aquiles disse para corrermos para algum abrigo. Infelizmente os tetos das cabanas eram feitos de feixe de palha e as paredes de barro não eram seguras: as flechas arremessadas perfuravam tudo!
Olhei a minha frente e via nativas caídas ao chão feridas mortalmente pelas flechas. Bonelli reclamava da ferida na perna e amaldiçoava o dia em que entrou no navio para perseguir Átila e seu bando. Aquiles pediu que fizéssemos silêncio. Por um bom tempo não se ouvia nenhum barulho. Nem as moitas balançavam com o vento.
Saímos e percebemos que os números de vítimas da chuva de flechas eram maiores que imaginávamos. A cena fez Aquiles e Michelangelo se lembrarem dos tempos das cruzadas. Enrico então, apareceu segurando nossas espadas e disse para pegarmos e sairmos correndo daquele lugar!
Resolvemos ir pela trilha aberta pelas guerreiras. Nessa hora a dificuldade de orientação era a menor das preocupações agora. Corremos mata à dentro como gazelas que fugiam de leões! Aquiles era o mais velho, mas corria com ânimo de uma criança e nem suava durante as passadas.
Quando achávamos que poderíamos comemorar deparamos com as nativas lutando com os seus oponentes. Eram feras com a boca no lugar do ventre e olhos no peito! Eles devoravam as guerreiras desarmadas com uma facilidade enorme! A filha da pajé, chamada Diana, lutava bravamente e derrotava os monstros com ferocidade. Com certeza, qualquer exercito gostaria de tê-la entre seus soldados. A índia de braços fortes chamada de Buldica usava sua força física para derrubar dois monstros ao mesmo tempo!

Aquiles no fundo sentiu admiração pela vontade de viver delas, e talvez, por isto tenha mandado que nós entrássemos no combate. Michelangelo disse que não entraria em batalha pelas nativas, pois elas queriam a sua morte caso não tivessem sido atacadas pelas feras. Enrico concordou e disse que não desembainharia a espada. Aquiles retrucou que  antes de guerreiros éramos monges e assim devíamos como filhos de Deus prestar auxilio a quem quer que seja!
Com este argumento que tocou os nossos corações não tivemos alternativa senão atacar os monstros. Bonelli, mesmo ferido, partiu para o ataque. Levantamos as espadas para o alto de nossas cabeças e baixamos suas laminas sobre os troncos das feras! Um jorro de sangue manchou nossas vestes monásticas! Braços e pernas dos monstros caiam ao chão a cada corte profundo.
As guerreiras nos olhavam sem saber o que fazer. Michelangelo disse para haver cooperação ou seriamos todos mortos. As guerreiras entenderam e se reorganizaram para um novo ataque as feras. Era melhor atacar com o aço e pontas de madeiras de maneira unitária do que usar tudo em separado e correndo o risco de sermos eliminados.
Harpia, por ser a mais ágil, arremessou lanças que foram direto na boca dos monstros atravessando as costas! Enrico dava giros com a espada e esta cortava braços que iam caindo como frutas maduras no chão. Sem percebermos um dos monstros feriu mortalmente uma guerreira arrancando um grande naco de carne de suas costelas. Aquiles mostrou a sua perícia ferindo uns três monstros com sua espada e assim fazendo jorrar um mar de sangue!
Os monstros então começaram a recuar.  Um deles, talvez o líder, deu um grunhido tão assustador que os outros debandaram. Ele olhou para nós e partiu com se dissesse ‘isto não ficará assim!’. Olhamos ao redor e o número de cadáveres era tão grande que eu parei de contar no centésimo primeiro: muitas mulheres mutiladas e feras deitadas lado a lado.
Diana nos olhou e ficou esperando algo. Aquiles nos viu em posição de guarda e disse para relaxarmos. Harpia baixou em seguida a sua flecha e as guerreiras remanescentes da batalha fizeram o mesmo. Enfim, Diana baixou também a guarda e como se agradecesse ficou em posição de receber benção. Aquiles entendeu e fez diante dela o sinal da cruz. A trégua entre os monges exorcistas e as guerreiras amazonas havia iniciado.

Helio Medeiros parou de ler a carta. O publico como antes ficou estático. O professor arrumou os óculos que pareciam cair de seu rosto e falou:
-Este relato do primeiro contato dos colonizadores com os nativos como perceberam, mostra uma certa dificuldade de comunicação. Contudo, o que chama realmente a atenção são os relatos de cenas de batalha. As tais criaturas seriam a lendária raça Tupinambá e sua descrição é típica dos colonizadores que estranhavam o visual dos povos que consideravam grotescos. O mesmo se pode dizer das amazonas que mais parecem as walkirias das lendas escandinavas.  

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sessão Quadrinhos: Constantine, Hq de Terror


Aproveitei uns dias atrás para ver o que circulava de bom nas bancas de jornais na Rodoviária de Brasilia. Fuçando alguma coisa alí e outra acolá, encontrei uma revista do personagem Contantine do Selo Vertigo da Editora Panini. Fiquei surpreso em ver uma revista como a dele em formato estilo mangá ( o gibi era pequeno, tinha quase 220 páginas e totalmente em preto e branco).
   
Achei aquilo bacana. Não é que eu não aprecie os encadernados tipo broxura, colorizados por computador e capa dura (estou colecionando este tipo de formato há um bom tempo), porém este formato menor e preto e branco me trouxe um 'Quê' de nostalgia, dos tempos em que eu era moleque e lia revistas como Tex, Fantasma e hq's de terror. Hum hq's de terror...

Bons tempos em que se podia ir a banca e encontrar os gibis do Lobisomem, Dracula e outros monstros cultuados e adorados pelas crianças e adolescentes! Gostava de ler estes gibis a noite com a luz apagada e com uma lanterna na mãos debaixo das cobertas (é para dar o clima soturno sabe...). As historias eram cheias de erotismo e muita violência, bem ao estilo dos filmes de terror: a garota bonita que encontrava o cara na festa e de repente de noite mostrava sua face vampiresca; ou o grupo de desavisados que encontravam uma casa abandonada no deserto, sem saber que alí era o antro de fantasmas...
Este tipo de revista estava ha um bom tempo longe das bancas. Quase não se encontrava revista de terror no Brasil ( e olha que a maioria dos desenhistas brasileiros dos anos 80 roteirizava e desenhava este tipo de revista).

Pois bem, hoje temos revistas como a do Constantine, que mantem o clima do bizarro e do insolito, mas também um humor cinico e cheio de referências ao mundo contemporâneo. Vira e mexe o personagem cita bandas de rock e programas de tv além de criticar religiões e governos. Criado pelo escritor Alan Moore para a revista 'Monstro do Pantãno' em 1985, Constantine é um detetive do sobrenatural que fez um pacto com o demônio enquanto era musico de rock. Depois de escapar do Inferno foi amaldiçoado a procurar almas refugiadas para assim não ser capturado novamente pelo Diabo.
    
O personagem teve um filme em 2005, estrelado pelo ator Keanu Reeves e as vezes é confundido com o Dylan Dog ( um outro detetive do sobrenatural italiano das revistas européias). Constantine é um personagem totalmente maluco, sofre de cancêr no pulmão e não liga para Deus ou o Diabo e tem mais defeitos que qualidades de um herói. Vale a pena ler suas histórias assustadoras e bizarras!

domingo, 13 de novembro de 2011

Exposição 2011: Rico Lins e Carlos Oswald

Voltei com a nossa seção de exposição! Como estamos em pleno feriadão (muitos devem ter viajado enquanto outros ficaram em suas cidades) podemos aproveitar o que está ocorrendo na cidade.
Falei da Feira do Livro em uma postagem anterior e agora falarei de duas exposições que estão acontecendo na Galeria da Caixa Econômica, SBS Quadra 4-lote 3/4. Estas duas exposições mostram dois artistas brasileiros distintos de periodos diferentes e de trabalhos interessantes:
       
Rico Lins: Uma gráfica de fronteira
Ricos Lins é um artista carioca que reside em São Paulo, que estudou desenho e gravura, porém se formou no ramo da publicidade se tornando designer. Ele já fez capas de várias revistas famosas como Bravo, Veja e fez inumeros cartazes de eventos culturais. Ele começou a se interessar por propaganda e design ainda na década de 60 e foi para o exterior tendo o seu trabalho reconhecido no mundo publicitário internacional.
A exposição que se encontra na Galeria da Caixa e estará do 2 de novembro a 11 de dezembro, cobre toda a sua carreira com cartazes originais, croquis, esboços e videos.
 
Carlos Oswald, o resgate de um mestre
Carlos Oswald foi um dos maiores gravuristas braslileiros, mesmo que o seu nome seja desconhecido para uma grande maioria. Por isto e talvez, com a ajuda da filha do falecido artista a Galeria da Caixa apresenta um acervo de suas melhores gravuras em metal. Por ter sido italiano e somente depois ter vindo para o Brasil, Oswald tem em suas gravuras cenas da Italia  e temas classicos da Renascença em seus trabalhos. O apuro técnico de suas gravuras merecem ser descobertas por todos que amam a arte.
A exposição de Carlos Oswald estará de 12 de outubro a 20 de novembro.

sábado, 12 de novembro de 2011

Escrevendo um romance III: 3ª Parte

CAVALEIROS E EXORCISTAS

©2011 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência

OS ARAUTOS DE TUPÃ


Sem nossas vestimentas o frio começou a nos incomodar. Bonelli lembrou de nosso navio e dos mantimentos que estavam nele. Aquiles nos indagou o que poderíamos fazer para sairmos da cela e voltarmos para a embarcação.
O monge espanhol Enrico xingou em sua língua e desesperado tentou romper a cela com chutes e socos. Os troncos que faziam a cela nem sequer moviam. Michelangelo como estrategista de guerra começou a planejar uma tática para atacar as nativas caso elas voltassem, porém Aquiles disse que não seria prudente fazer tal coisa.
O numero de nativas mesmo sendo composto por mulheres era muito grande e como elas estavam armadas, o mais provável é que seriamos trucidados em poucas horas por elas, caso percebessem que iríamos fazer algum ataque ou coisa parecida.
Enrico então divagou que se estivéssemos com nossas armaduras e espadas poderiam equilibrar a luta, pena que tudo que tínhamos de armamento estava no navio. Na mesma hora Aquiles resgatou na memória o que a velha nativa havia dito sobre as “roupas brilhantes” e o que ela chamou de “outros”.
Aquiles explanou que achava que as nativas teriam tido um contacto com outros navegadores que chegaram na ilha antes de nós e que as ensinaram a falar em nosso idioma. Michelangelo questionou tal idéia, pensando que teria acontecido com tais navegadores.
Bonelli com seu jeito alarmista disse que eles deviam ter sido devorados ou terem, na pior das hipóteses, sido estripados pelos monstros da cachoeira. ‘Quantos monstros devem existir nesta ilha?’ perguntou assustado Michelangelo. Aquiles ficou calado e depois pediu para que todos procurassem no chão arenoso um lugar para deitar. Assim foi feito e todos mesmo com medo dormiram pelo cansaço da viagem e da luta com os monstros.
Quando os primeiros raios de sol penetraram pela vegetação, pudemos perceber um manancial de verdes e amarelos na paisagem tão brilhantes que mesmo dentro da cela nos encantava. Michelangelo disse que sentia dores nas costas e que o chão da cela lhe impediu de dominar em uma posição confortável. Aquiles levantou-se rapidamente e disse para ficarmos alertas, pois uma comitiva de nativas estava vindo. A comitiva chegou com a índia mais forte a frente acompanhada pela velha líder da tribo.
Com os seus dedos finos e enrugados ela apontou para Aquiles e disse para ele sair da cela. Aquiles disse que não sairia! A velha com seu olhar calmo disse que caso ele não obedecesse às lanças e flechas de suas guerreiras perfurariam nossos corpos. Como líder que zela pela sua tropa, Aquiles então aceitou sair da cela. A comitiva o carregou e por um bom tempo ficamos sem a presença do monsenhor.
O tempo foi passando e aflição começou a vir em nossas almas. Enrico disse em tom de desespero que talvez Aquiles já estivesse sido devorado pelas nativas. Bonelli acompanhou a hipótese fatídica e disse que logo seriamos os próximos. Eu não queria dizer nada, mas pensava a mesma coisa. ‘Viemos a traz da relíquia sagrada e agora seremos devorados por demônios com corpos de mulher’ pensei comigo. Deus seria imprudente com seus filhos agora?
Michelangelo travou os dentes e disse que vingaria a morte do nosso líder se tivesse oportunidade. Cada um se preparou para o pior a sua maneira. De repente, como se Deus quisesse nos acalmar, nosso líder voltou escoltado por duas nativas. Ele entrou na cela e elas foram embora. Corremos ao seu encontro e examinamos de cima a baixo esperando ver um ferimento de lança ou mordida. Contudo, não havia nada em seu corpo.
Aquiles resolveu se sentar e com olhar espantado disse que tinha muitas informações importantes para nós. Sentamos ao seu redor e ele como um contador de histórias nos relatou: ‘A velha índia me disse que nossos irmãos estão aqui!’.
Eles chegaram a duas ou três luas a traz. Vieram de navio como nós e aportaram com seus cavalos e armamentos. Estavam vestidos com suas armaduras e começaram a andar pela mata. Eles encontraram a aldeia das nativas. A velha pajé havia dito que os outros navegadores seriam os arautos de Tupã.
Elas ficaram maravilhadas com as armaduras e como eles chegaram encima de cavalos. Elas nunca tinham visto animais eqüestres e nem homens de olhos azuis e de roupas tão brilhantes! Elas resolveram então acolher os arautos do deus Tupã em suas tímidas casas.
Eles comeram, beberam e até riram com elas. Provavelmente por alguns anos eles foram amistosos com as nativas e até as ensinaram nosso idioma e a fé que não conheciam.
O tempo passava e eles lhe presentearam com espelhos e panos envelhecidos. A velha disse que o líder dos arautos Atila, era um homem alto de cabelos longos e negros. Olhos azuis e de cicatriz na face. Ele era bom! Tratava bem as nativas e era prestativo. Ensinou táticas de batalha para as guerreiras e dizia a elas que todos habitariam o céu.
Porém, nem todos os arautos eram sinceros, havia aqueles que tinham outras intenções. Um deles chamado de Filippo era bruto e assediava as nativas. Em uma determinada noite ele disse que desejava ter uma nativa em sua cabana. Velha não percebeu o que se tratava e pensou que ele queria um sacrifício e ofereceu a ele a mais jovem da tribo. A moça era pequena, quase uma menina, nem sequer tinha seios formados, porém tinha um corpo formoso.
Filippo deu um sorriso malicioso quando a viu e com força a segurou pelo braço e a levou para a sua cabana. Dentro do aposento o arauto beijou, cheirou e fez caricias obscenas na jovem. Quando ele desejou penetra-la a menina recusou. Felippo então com raiva começou a bater nela! Deu socos fortíssimos e deformou o rosto da menina e assim que ela ficou inconsciente ele fez a desejada penetração.

Depois que sentiu saciado ele a jogou fora da cabana como quem joga excrementos fora da latrina. A velha pajé viu aquilo e ficou sem entender o que levou o mensageiro de Tupã agir daquela maneira.
Pedindo explicações foi até a Atila, que nem sequer esboçou uma reação. As nativas então trocaram a admiração que tinham pelos arautos por medo e ódio. Passado alguns dias e com a menina violada muito doente, Diana a filha mais velha da pajé pediu a mãe à permissão para expulsar os arautos da aldeia.
A mãe permitiu e depois mudou de opinião. ‘Como poderemos ferir os arautos sem enfurecer o deus Tupã?’ Perguntou a velha guerreira. Diana e sua melhor guerreira que os arautos chamaram de Harpia (devido sua ferocidade) resolveram desenvolver uma tática de ataque. A velha pajé pediu antes o tempo para realizar uma pajelança.
No meio da madrugada capturou um dos cavalos dos arautos. O prenderam com cipós e em seguida ela o sacrificou arrancando-lhe a cabeça. Depois serviu o sangue da cabeça do cavalo como poção para que as guerreiras o tomassem. Após beberem a tal poção as guerreiras se sentiram mais fortes e confiantes para atacar os inimigos.
O que ninguém esperava, no entanto é que o cavalo mesmo sem a cabeça se levantasse e dando pinotes atacasse as nativas e depois partisse para as matas. Depois alguns nativos de outras tribos haviam relatado ver um estranho animal sem cabeça rondando as florestas.
Filippo ficou furioso com as guerreiras, pois o cavalo que fora sacrificado era o seu. Resolveu reunir os soldados e atacar as guerreiras. Atila dissera para não fazer tal coisa, pois ele queria ter as nativas como suas seguidoras. Todavia, era tarde! As guerreiras que estavam armadas e com os rostos pintados para a guerra chegaram até Atila e os seus comparsas com ferocidade. Atila teve que desembainhar a sua espada contra a vontade, pois até ele parecia ter afeição pelas nativas, principalmente por Diana.
Diana também sentia algo por Atila, mas não era amor e sim, raiva! Ela atacou com sua lança dois de seus soldados e derrubou alguns no chão. Percebeu que os tais arautos eram tão feitos de carne e osso quanto elas e, por isto, menos divinos.
Fúria (a mais forte das guerreiras) somente com suas mãos esmagou a cabeça de muitos soldados e quando avistou Filippo partiu para cima dele com vontade de sangue. Quando os dois se encontraram duelaram como dois titãs. Ele era forte e tentava golpeá-la de uma única vez. A guerreira, porém tinha habilidades físicas extraordinárias e lhe deu muito trabalho. Quando ela conseguiu colocar as mãos em seu pescoço, depois que ele perdeu a espada, ela o estrangulou até ele morrer sufocado.
Atila vendo que as guerreiras estavam mais preparadas que eles, pediu que todos os soldados debandassem e assim desapareceram na mata deixando um rastro de destruição na aldeia.
Depois deste relato monsenhor nos olhou e disse com certeza: ‘Atila é o templário. Ele esteve aqui!’.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sessão Biblioteca de Alexandria: do livro ao tablet


A patir de hoje inicia-se até o dia 20 de novmebro a XXIX Feira do Livro de Brasilia de 2011. O evento será no Pavilhão do Parque da Cidade. Confesso, que este é um dos momentos que mais espero durante o ano. De certa forma coloco em minha agenda os eventos anuais que nunca devo perder ( O Porão do Rock, alguma exposição de arte de um artista internacional 'very' importante e claro, a Feira do Livro).

Guardo um dinheirinho já pensando em sair do evento com um punhado de livros que sempre procuro adquirir e não estão mais em catalogo nas grandes livrarias ou sebos. Para quem gosta de literatura este evento acaba sendo o momento para atualizar a biblioteca caseira.
Não posso, porém deixar de notar que o evento do ano passado foi muito fraco (talvez, assim como eu muitas pessoas estavam acostumadas com o clima do Patio Brasil em que movimento era muito grande e a pessoa podia ir comprar livros e ao mesmo tempo assistir a um filme ou comprar outras coisas no Shopping).Não sei se o Pavilhão do Parque é atraente para as pessoas, apesar que o espaço, permite um maior número de estands.

De toda forma, temos que aproveitar a oportunidade. Recentimente saiu em um jornal local da cidade que uma escola particular em Brasilia exigirá como material escolar do aluno um tablet. Segundo a direção da escola os alunos terão mais facilidade em adquirir os livros somente baixando no aparelho e assim vão gostar mais de leitura.
Imagino daqui a alguns anos a Feira do Livro se tornar a 'Feira do Tablet'. Confesso, que ainda tenho uma certa resistência em ler livros via tela de computador. Mas penso que este é o futuro! Não podemos esquecer que antes do livro impresso o homem escrevia em paredes das cavernas e depois,  passou usar o papiro e o pergaminho.
Muitos como eu, que possuem biblioteca particular em casa ja sentem saudade de pegar o livro pela lombada e ler o titulo e o autor e depois sentir a textura da folha. Com o tablet este tipo de coisa não ocorrerá mais.  Por outro lado com a preocupação com o meio ambiente o desmatamento para extrair a celulose irá diminuir.
    
Enfim, deixo como dica assitir um filme que fala sobre a importância dos livros: chama-se Fahrenheit 451 de 1966. O filme foi inspirado na obra do escritor Ray Bradbury ( o mesmo que escreveu Laranja Mecânica) e conta a historia de um mundo futurista em que as pessoas são proibidas de ter livros em casa. Todos os livros são queimados em praça publica e assim o governo ditador usa a televisão para controlar o povo. É um filme super atual e bacana de ver.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A Historia da Musica Eletrônica: robos dançantes


A evolução dos intrumentos musicais que o homem vem desenvolvendo tem uma histôria que vai desde os primeiros tambores feitos de coro de animais ferozes e baquetas de ossos, passando por violinos com cordas feitas de tripas de carneiro até chegar aos sintetizadores e samples de micro componentes.
Hoje qualquer um pode usar um smart phone ou um celular moderninho para compor uma música (aliás tal facilidade possibilitou que pessoas que nunca tiveram um estudo formal musical se tornassem, digamos, artistas). Não é de hoje que a tecnologia facilita e abre portas para novos mananciais dentro da arte. No caso da música tecnológica ou eletrônica, criou-se um novo gênero, que para o bem ou para o mal se regenera, se reiventando constantemente.

As primeiras experiencias musicais eletronicas surgiram na Itália de 1912, quando surgiram os movimentos de vanguarda. Foi o futurista Luigi Russolo (1885-1914) que criou a primeira máquina de fazer música: o rumorormônio! Basicamente a função desta máquina era gravar e alterar ruidos que eram captados. Foi deste invento que mais tarde surgiram os gravadores e depois os samples.
No inicio o publico que estava acostumado com operas e musica erudita achou a máquina de Russolo um monstro horrivel e sem sentido. Mal sabiam eles que sem este aparelho não teriamos as mesas de gravação nem sequer os equipamentos de estudios que musicos usam.

Os vanguardistas que queriam transgredir na arte começaram a desenvolver outros aparelhos e formas de criação musical inusitadas. O musico americano John Cage e o austriaco Stokhausen junto com os outros maestros como Edgar Varése estavam cheio da musica tradicional classica e queriam ir mais longe. Foi graças as perfomances de John Cage, por exemplo, que surgiu a ideia de iluminação e de casa de espetaculo como as boates que temos hoje.
Com surgimento do rock na decada de 50, a musica eletronica (que era chamada de experimental) ficou esquecida e somente voltaria a fazer sucesso com a invenção do sintetizador ( um teclado eletronico que gerava o som de outros instrumentos alem do piano) que foi usado por bandas como Pink Floyd e Genesis nos anos 60. Contudo, a banda que iria criar o genero musica eletronica de hoje seria o grupo musical alemão Kraftwerk.

O seu som influenciaria toda uma geração indo desde Depeche Mode passando por Lady Gaga e inclusive os musicos de Hip Hop. Hoje a música eletrônica se divide entre grupos respeitaveis como o New Order, Prodigy e Chermical Brothers e artistas bundões como David Guetta e Katty Perry.

domingo, 6 de novembro de 2011

Escrevendo um romance 2: 2ª Parte

CAVALEIROS E EXORCISTAS

©2011 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

AS AMAZONAS

 


De repente quando a amazona de corpo atlético disse estas palavras, uma outra índia de formas mais delicadas e não menos formosas segurou a sua lança e apenas com o olhar fez a outra retroceder. Depois disso a índia maior pegou distância de Aquiles, a outra em contrapartida se aproximou dele e com voz firme falou: ‘Vamos leva-los a nossa tribo e cuidaremos de seu destino!’. A fala intimidadora da nativa não trouxe nenhuma expressão de medo para a face de Aquiles.
Ele guardou a sua espada na bainha e pediu para que todos outros monges fizessem o mesmo. Em seguida ele se fez de escravo abaixando a cabeça e pedindo para ser conduzido. As nativas guerreiras e outras acompanhantes levantaram as pontas das lanças para o alto e seguiram marcha. A comitiva seguiu enquanto as criaturas e os corpos dos marujos e do capitão ficaram para traz junto com as já manchadas de sangue a paisagem paradisíaca da cachoeira.
Enquanto caminhávamos sentíamos os nossos pés criarem calos e serem mordidos por formigas no solo úmido e cheio de galhos e folhas. As nativas conseguiam caminhar e se abaixar antes dos galhos e troncos aparecerem em sua frente. Bonelli não teve a mesma sorte e nem Michelangelo: ambos meteram as testas em galhos retorcidos e machucarem as mãos se apoiando em troncos espinhosos.
Na hora que andávamos o frio se tornava mais intenso. O sol desaparecia em meio às montanhas e vales verdes. Com toda a certeza, estávamos próximos da noite. As índias conversavam entre si em sua língua, o que dificultava para nós sabermos dos reais planos delas. Uma delas a minha direita olhou para mim de cima para baixo e passou a mão sobre minha cabeça, depois tocou o meu manto e pareceu sentir a maciez de minha roupa já ensopada de suor. Com certeza ela nunca tinha usado algum traje, pois estava confortavelmente nua em meio ao frio.
Quando finalmente parecia que andaríamos mais olhamos para uma estranha fumaça saindo de uma moita enorme. A índia menor abriu a moita com as suas mãos e como se quiséssemos nos mostrar deixou a vista a sua cidade e de suas compatriotas. A índia mais forte empurrou o monsenhor Aquiles que simplesmente foi à frente e entrou na cidade. Nós fizemos o mesmo e com atenção olhávamos para todos os lados.
Qual foi o nosso espanto ao percebermos que a comunidade da cidade inteira era de fêmeas e não havia sequer um varão nas proximidades. Todas elas empunhavam arcos e flechas e lanças, enquanto outras trançavam cestos ou pitavam um cachimbo primitivo. Fomos levados a uma das casas feitas de barro e palha, tudo de estética simples muito longe da beleza de uma basílica ou de um castelo de um rei.
A casa para onde nos levaram era a maior da cidade e lá deitada em uma cama suspensa entre troncos estava uma velha senhora. A senhora pitava um cachimbo que soltava uma longa fumaça. Ela saiu de sua cama suspensa e nos olhou. Viu a espada na cintura de Aquiles e pediu que para que uma das nativas trouxesse até ela. A nativa obedeceu e trouxe para a velha a espada do monsenhor.
A velha examinou a espada passando a lamina entre os dedos e então fez um movimento desastrado com ela. Em seguida sorriu e então perguntou em nosso idioma: ‘Onde está a sua roupa brilhante? Não usa a roupa de ferro como os outros?’.
Sem entender nada Aquiles disse não saber de outro e em seguida perguntou a ela como podia falar nosso idioma. A velha com semblante serio disse apenas que já nos conhecia e que não éramos de confiança. Aquiles não entendeu a resposta e perguntou novamente como ela sabia falar nosso idioma.
A velha ficou calada. Na mesma hora ela falou em outra língua para as suas companheiras. O tom era de ordem com certeza. A índia mais forte nos guiou até uma espécie de cadeia feita de troncos ocos e duros. Lá ficamos.
As nativas então pegaram nossas espadas e pediram nossas roupas. Fizemos envergonhados, pois, as nativas antes de tudo eram mulheres e não seria bom para um monge tirar sua roupa de penitência diante de uma mulher.
Depois de uma ameaça de sermos perfurados por lanças tiramos as nossas roupas e em seguida ficamos na cela de troncos.  As índias foram embora e ficamos sós. Bonelli ficou aflito e perguntou a Aquiles o que faríamos para sair dali. Aquiles ficou que deveríamos ficar calmos e que tudo se resolveria quando o sol nascesse.


continua...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Santa Polêmica: As faces de Cristo no Cinema


O mês de novembro passará rapidinho e logo veremos o fim do ano. Nos serviços muita agente se prepara para as viagens de férias. Nas escolas, alunos se descabelam para conseguir resgatar as notas perdidas e professores se desdobram para fechar as notas. Enfim é fim de ano!

Na TV as propagandas de Natal já começaram e o velhinho de gorro vermelho estampa várias lojas. É no mês de dezembro que também comemoramos o nascimento de Cristo. Geralmente as emissoras de TV mostram a saga do Filho de Deus nesta época. Muitos filmes que são reprisados constantemente quase transformam a vida de Jesus em uma novela lacrimosa. Na Pascoa os filmes mais dramáticos são destaques, principalmente aquele dirigido pelo diretor de Romeu & Julieta o Franco Zefirelli (que a Record passa toda sexta feira da Paixão).
         
Foi aí que resolvi vasculhar outros filmes que mostrassem Jesus de uma forma menos caricata ou melodramtica em escesso. Destes filmes dois se destacaram (para o bem ou para o mal) são: A Última Tentação de Cristo (1988) de Martin Scorsese e A Paixão de Cristo (2004) de Mel Gibson.
Inicialmente o filme de Martin Scorsese é o melhor filme, por várias razões: Ele não é inspirado nos Evangelhos e sim no romance do escritor grego Kalazanskis; A ideia do filme é mostrar um Cristo mais humano e menos milagroso e por isto, cheio de defeitos e por último a trilha sonora feita pelo musico inglês de rock progressivo/new age Peter Gabriel que usa a musica africana e arabe para ilustrar o filme.
A Última Tentação é um filme denso e tem como premissa a ideia de que Jesus é um simples carpiteiro e que teria casado com Maria Madalena ( na época tentaram proibir o filme da passar no Brasil alegando que era herético). No fim é o filme talvez, mais religioso e mais cabeça sobre Jesus até hoje. Um homem que era filho de Deus e que tinha momentos de crise de fé como todo mundo!
   
Já a Paixão de Cristo de Mel Gibson mostra os ultimos momento de Jesus antes da crucificação. Muito violento o filme foi acusado de anti-semita e exagerado. Porém, não há como segurar as lagrimas em cenas de flagelamento sofrido pelo Salvador e ao mesmo tempo analisar toda a mensagem de paz que ele queria passar para o seu povo.

Em época de panetone e especial de fim de ano de Roberto Carlos, com certeza vale apena ir mais longe e assistir esses filmes e pensar como estamos sendo como cristãos nesse mundo.