sexta-feira, 1 de julho de 2011
Sessão Sai Capeta III: Mito desfigurado
No mundo do terror existem algumas figuras que ficaram gravadas no inconsciente coletivo. Dentre os varios mitos do mundo laico europeu medieval que sobreviveram ao tempo estão os lobisomens e vampiros. Era comum nos Paises Baixos a crença de homens que se transformavam em bestas feras nas florestas escuras. Nos povoados mais afastados das cidades e onde o analfabetismo era comum de vez em quando alguem relatava ter visto um morto vivo ou monstro saindo pela floresta para devorar criançinhas e virgens destraidas.
Mesmo com a expansão cristã e a luta da Igreja para banir a 'ignorância' o medo de monstros persistia. Essa vontade de persistir na crença dos mitos laicos é muito estudada por antropologos, psicanalistas, filosofos e historiadores. Jung, por exemplo, percebia que a crença nos mitos era algo ancestral e por que não dizer totalmente comum ao comportamento humano. Se creio logo existo! poderiamos pensar desta maneira se percebermos que todas as sociedades e culturas do mundo tem uma crença, um mito como mote de sua origem na Terra.
Os povos medievais acreditavam nas bruxas e em vampiros como meio de explicar o que para eles era inexplicavel. O escritor irlandes Bram Stoker transformou a supertição dos vilarejos da Europa em mito universal ao lançar em 1897'Drácula'. Ele transformou o morto vivo desfigurado em um elegante homem de fraque e modos refinados para atrair moçoilas que podessem lhe fornecer o sangue. Drácula era um galã machista que chupava sangue de lindas mulheres (claro com um desejo sexual descontrolado). Na mesma linha de Drácula havia a Condessa Bartory, chamada também de 'rainha de sangue', que matava mulheres virgens para banhar no sangue delas para obter vida eterna. Em suma o vampirismo era quase uma simbologia para o desejo sexual e a vaidade tão criticados pela Igreja na Idade Média.
Nos ultimos tempos a figura do vampiro passou por releituras adversas. No cinema ele passou de homem inglês refinado nos filmes dos anos 60 para um caçador de vitimas sanguinolento nos anos 80. O vampiro passou do fraque para o sobretudo e cabelo e atitudes de roqueiro gótico. Na literatura as mudanças foram mais drasticas ainda. A escritora norte americana Anne Rice trouxe para os aficcionados do genero o vampiro homoxessual através da imagem androgena do vampiro Lestat. Nos anos 2000 as obras de Stephanie Mayer relatam sobre os vampiros adolescentes emos que falam de modo simbolico sobre o amor virginal e ingenuo.
Cada geração tem o vampiro que merece! Eu confesso sinto saudades do Drácula de Bram Stoker: cinico, cruel, morbido e aterrorizante.
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