domingo, 17 de fevereiro de 2013
O Ato de Desenhar e o Estilo
Por muito tempo na históra da arte, a ideia de reproduzir o que o olho via (ou acreditava ver) era o sinônimo de arte de qualidade e de quem a realizava ser chamado de 'o artista'. Colocar no papel a reprodução de um retrato exato de alguém ou desenhar fielmente uma árvore ou qualquer outro elemento da natureza era quase uma prova de fogo que separava o joio do trigo ( o bom artista do péssimo artista).
Os estudos deixados por Leonardo Da Vinci em seus famosos livros de anatomia e ciência, e os esboços deixados por Michelangelo e Dürer no século XV, deixam isto bem claro. Todo o artista daquele período e do posterior tinham que se esmerar no ato de captar visualmente um objeto e colocá-lo no papel. Somente a partir do seculo XIX este formato de averiguação de qualidade técnica seria questionado pelos chamados artistas pós-modernos.
Ainda no século XV (mais precisamente entre o fim da Renascença e o ínicio do Barroco) surgem alguns espamos do que poderia se chamar de Estilo. O termo seria bastante citado na França moderna, mas o que podemos entender literalmente sobre o termo é que se trata antes de tudo de um modo ou forma individual de expressão ou visão sobre a maneira de se vestir pensar, e no caso especifico a que dirijo, desenhar.
O movimento Maneirista representado por El Greco e Parmigianino, já demonstrava um desejo de um grupo de artistas que à sua maneira (daí que veio o termo) por em prática o aprendizado técnico dos antigos mestres como Rafael e Michelangelo.
Na busca de tentar copiar a tecnica dos mestres os maneiristas acabaram por criar uma forma de expressão que ao mesmo tempo era criticada ou mal entendida, que depois seria a base para muitos artistas que procuravam novas formas de representação. A evolução da era industrial e da produção em grande escala e a força das máquinas como a máquina fotográfica que desmitificava o olhar humano, sem esquecer dos trabalhos dos impressionista (Cezanne e Monet) derrubaram a convicção de que o homem realmente desenhava ou pintava fielmente a natureza.
O estudo do sol e das cores pelos impressionistas e as fotos que mostravam como realmente era o ambiente, tiraram o peso de que o artista precisava realmente reproduzir ou seguir o olho como uma verdade absoluta. Os trabalhos em pastéis de Toulouse Lautrec, Gustav Klimt e até os quadrinhos de humor do século XX mostravam que o estilo dava um ar vivo as obras e um valor nunca antes dado aos artistas não acadêmicos. Somasse ainda as descobertas e estudos etnográficos de povos e culturas diferentes que tinham sua forma distinta de representar o mundo e confrontar o pensamento artistico europeu à ponto de influenciar grandes nomes como Picasso ( que admirava e se inspirava na arte africana e da Oceania), Matisse e os Expressionistas.
O estilo então, não era mais um ante acadêmissismo e sim uma forma alternativa de estudar a arte. No entanto para uma grande maioria a ideia de representação fiel de natureza ainda é vista como a verdade artistica. Muitos ainda clamam pela volta da arte campestre e da chamada arte realista. Em sentido contrário, a arte abstrata encanta e ganha espaço ao mesmo tempo que ainda é vista como mera brincadeira por leigos. O grafite urbano, que nem de longe tem Leonardo Da Vinci como base técnica, também contribuiu para mostrar que a fidelidade ao olho humano é bastante questionável.
Enfim, todo artista tem um estilo, e sua forma de ver e representar individualmente a natureza tem de ser respeitada. A grande maioria dos artistas atuais são expressionistas ( ou agir conforme o termo), porém ainda há espaço para os naturalistas e fã da chamada arte clássica.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário