CAVALEIROS E EXORCISTAS
©2012 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
O SACRIFICIO DE YARA
A lua cobria a floresta chamuscada pela fogueira provocada por nossas catapultas. Os corpos de guerreiras amazonas e cavaleiros se encontravam entrelaçados no solo ensopado de sangue quando eu em desastrada corrida tentava chegar à aldeia de Diana e suas irmãs. Passei pelo átrio da aldeia e vi corpos no chão enquanto outros combatentes ainda estavam de pé.
Eu olhava para os lados e não via sinal de Diana e nem do monsenhor Aquiles. Quando resolvi novamente buscar algum rosto conhecido vi o corpo de Bonelli no chão todo perfurado por espadas e lanças. Não pude mais ouvir as suas palavras e nem consolá-lo pela morte de Enrico. Agora os dois se encontrariam sob as bênçãos do Cristo no Céu.
Quando pensei em pegar a sua espada como objeto de lembrança, pude ver ao longe Buldica lutando bravamente. Com sua força descomunal lutava com dois guerreiros ao mesmo tempo. Por outro lado Harpia não tinha a mesma sorte e levou uma espadada bem no centro da fronte. Sua cabeça esfacelou-se com o choque da lâmina como um fruto apodrecido cortado! Buldica viu a cena e com rapidez chegou até a sua irmã combalida.
Por não aceitar tal cena persegui o algoz de Harpia e quando tive oportunidade furei-lhe bem no meio das costas. Harpia estava vingada! Mas isto não secou as lagrimas de Buldica que acolheu nos braços a irmã como uma mãe acolhe uma criança. Pensei comigo que tinha de acabar logo com aquilo. Tinha de alguma maneira de matar Atila. Com este pensamento fui ao seu encalço.
Do nada Diana veio até a mim e perguntou se eu tinha visto o monsenhor. Eu não quis falar-lhe sobre a morte de sua irmã mais nova naquela hora e então desviei o assunto dizendo que estava procurando Atila para matá-lo e assim por fim a esta guerra. Ela concordou com o meu pensamento e resolveu me ajudar a encontrá-lo
Corremos por toda a aldeia e não víamos o nosso inimigo, entramos então na grande oca e encontramos Fúria derrubando um cavaleiro. Diana se emocionou com a cena ao ver que sua mãe, velha guerreira, ainda mantinha forças nos braços mesmo com idade tão avançada. Mas onde estaria Atila? E o monsenhor ainda poderia estar respirando? Vendo a minha aflição, Diana disse os dirigirmos ao rio e quem sabe encontraríamos os dois. Aceitei a teoria e fomos para baixo da aldeia onde o rio se localizava.
Quando conseguimos chegar lá o palpite de Diana se concretizou: Aquiles e Atila lutavam no rio. A luz da lua fazia o reflexo da água fazer brilhar com mais intensidade as armaduras e laminas dos guerreiros. O tilintar de espadas ecoava no ar. Eu pensei em descer e ajudar o monsenhor, porém Diana disse que a luta era entre eles e quem vencesse seria digno de ficar de pé.
Enquanto digladiavam na água pude ver a sereia Yara assistindo a tudo encima de uma pedra que ficava na margem do rio. Não entendi na hora porque a divindade não quis intrometer na contenda dos dois homens. Contudo, do fundo do meu coração entendia a sua posição naquele momento. Yara amava os dois guerreiros e no fim sabia que só um sairia vivo.
Mesmo com a falta de uma das mãos, Atila estava em maior vantagem de luta devido a sua juventude. Ele dava golpes muito fortes e com habilidade conseguia neutralizar as investidas de Aquiles. O monsenhor por outro lado, parecia exausto e mal conseguia manter a espada em combate. Não acreditava no o que os meus olhos viam: o mestre fora vencido pela idade avançada e pela habilidade do seu oponente!
De repente algo inusitado aconteceu. A sereia pulou na água e foi na direção dos guerreiros. Sem eles perceberem ela se aproximou. Atila estava tão concentrado em ganhar a luta que nem percebeu que Yara se colocou na frente de Aquiles. Na hora o guerreiro sem pensar furou o peito da sereia. A reação foi de torpor pelo monsenhor. Ele largou a espada na água e abraçou a criatura ferida.
Aquiles começou a chorar e pedir para que a amada não fosse embora! Os olhos azuis de Yara pareciam estrelas que se apagavam no céu. Com poucas forças ela acariciou o rosto do mestre e então suspirou mantendo um sorriso nos lábios.
Atila também estático pensou em largar a sua arma, todavia gritou para Aquiles que a culpa era do monsenhor e que por isto iria matá-lo. Com muita raiva tentou enfiar a espada no mestre. Sem Atila perceber Aquiles tirou do habito um punhal e cravou no pescoço dele! De forma revés a espada de Atila ainda assim furou o peito do monsenhor. Os dois então se entreolharam e finalmente concluíram que um havia ferido o outro de forma mortal. A luta enfim acabou, mas não como eu esperava.
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