sábado, 30 de junho de 2012

Exposição 2012: "ÍNDIA!"


As ferias de julho já estão bem perto e para aqueles que vão ficar na cidade para descançar vou sugerir uma visita a uma das melhores exposições até agora. Trata-se da exposição intitulada de "INDIA!" e que esta ocorrendo no CCBB.
Esta exposição ficará em Brasilia de 22 de maio até 29 de julho, sempre das terças aos domingos a partir das 9h às 21h. O endereço é: SCES, trecho 02.

Nesta exposição poderemos conferir todo o explendor da cultura milenar indiana com obras que datam de 200 anos a.C. A arte do povo indiano dialoga com o seu dia a dia com tapeçarias e utensilios domesticos de grande valor estético feito com materiais como o bronze.

Também na exposição poderão apreciar a rica teologia dos povos asiáticos com as estatuas de Buda, divindade Ganesha, divindade Shiva e Vishnu além de outras deidades do rico panteão do hinduismo, budismo e jainismo feitos de terra cota, rocha e jade.
Para a nossa surpresa poderemos também constatar o contato que as culturas muçulmanas e cristã tiveram no povo indiano e como este impacto de choque culturais reflete em obras hibridas que misturam arabescos, figuras cristãs de marfim e imagens de heróis e divindades hindus.

Outros trabalhos interessantes são os bonecos de fantoche e o teatro de sombra e inumeros registros fotográficos que mostram desde o olhar estrangeiro aos proprios indianos a sua visão particular de sua vida social.

Enfim, para os que desejam ter contato com um rico material etnográfico esta exposição é perfeita. Ainda mais que existem também obras e instalações de artistas atuais o que provoca uma reflexão sobre um povo que tenta manter suas raízes e ao mesmo tempo dialogar com o mundo globalizado. Vale apena conferir!

domingo, 24 de junho de 2012

Sessão Vitrola: Gilberto Gil e a Tropicália


O ex-ministro da cultura Gilberto Gil está prestes a comemorar 70 anos de vida. Cantor e compositor prestigiado dentro e fora de nosso país, o aniversário de Gilberto Passos  Gil Moreira traz para nós uma reflexão sobre a importância de sua música e antes de tudo do movimento que ajudou a propagar e que até hoje influencia artistas.
Nascido em 1942 em Salvador (BA), Gilberto Gil cresceu ouvindo as cantorias religiosas e os festejos populares com a música nordestina de Luiz Gonzaga. Mais tarde partiu para o Rio de Janeiro disposto a seguir a carreira de compositor e cantor participando dos festivais de músicas daquela época. Era os emblemáticos anos 60 que tinham a Jovem Guarda de Roberto e Erasmos Carlos como musica da juventude.

Foi nesse periodo que o Cinema Novo de Glauber Rocha estava ganhando espaço em salas de cinema alternativas cheias de universitários que depois seriam perseguidos pelos militares durante a Ditadura. Muitos cantores dispostos a propagar novas ideias e a maioria afim de expor sua revolta contra o sistema participavam dos festivais que eram financiados pela Record, Globo e Tupi. A ideia da Tropicalia ainda era um embrião tendo artistas dispersos em vários segmentos como Helio Oiticica na pintura, o já citado Glauber Rocha no cinema e Caetano Veloso, Tom Zé e Gil na música. Somente depois da apresentação de Caetano com a música 'Alegria, Alegria' e Gil com 'Domingo no Parque' é que viria a encruzilhada de artistas (maioria baianos) se berfurcando no que seria chamado posteriormente de Tropicalismo.

Mas o que era o Movimento Tropicalia? A Tropicalia seria em modo objetivo um filho direto do movimento antropofágico de 1920. A ideia era absorver a cultura estrangeira e mistura-la como em um liquidificador com as varias expressões artisticas regionais do país. O resultado seria a mistura da guitarra elétrica de Jimi Hendrix com o baião de Luiz Gonzaga e o samba.
Muitas dessas misturas deram origem a estilos musicais inovadores como a Bossa Nova (samba + jazz), samba rock, e estilos que ainda são construidos até agora para o desgoto dos puristas e ufanistas de plantão.
Na época a Tropicália foi mal vista por criticos, talvez porque, o movimento armorial de Ariano Suassuna, que tinha a ideia de preservação de raizes nacionais parecesse lógico e a única forma para combater a invasão cultural estrangeira simbolizada pelos filmes e musicas norte americanas naquela época. Hoje com o mundo globalizado a Tropicalia se tornou mais forte e menos odiada, já que metade dos estilos musicais atuais são uma mistura do nacional com o importado: hip hop, coutry, rock, dance...
Não há como não perceber em movimentos como o brega eletrônico, o sertanejo universitário, o movimento mangue beat e no funk, esta msitura de transgressão e transformação do que vem de fora com o que temos de nossa cultura. O mangue beat de Chico Cience (maracatu + rock+ tecno), o tecno brega ( tecno + forró), o funk carioca ( miami beat + samba) e o sertanejo (moda de viola + country) são reflexos que muitos criticos musicais não aceitam, mas são resultados até hoje do tropicalismo em nossa cultura!

sábado, 23 de junho de 2012

Sessão Papo Cabeça: Livros polêmicos

Estamos no mês de junho. Muita gente está curtindo as festas regionais juninas; também é o mês em que os professores estão fechando as notas e os alunos se descabelam com as provas bimestrais. Logo, logo teremos os recesso de julho, para podermos ter um merecido descanço.
Aproveitando isto, vou logo recomendando uma lista de livro para os que gostam de literatura. Resolvi voltar com a nossa sessão de leitura depois de dar uma olhada na biblioteca em casa e reparei que tinha uns livros com temas bem legais para comentar.
Destes livros os temas vão desde de polêmicas religiosas a questionamentos existenciais. Para quem curte estes temas aí vão os autores e as obras:

Assim Falava Zaratustra, Friedrich Nietzsche, Ed. Escala.
Nietzsche (1844-1900) era filho de luteranos  e alemão. Viveu entre os grandes momentos das mudanças politicas, sociais e culturais da Alemanha: a militarização e o boom industrial dos germânicos, acrescido do crescimento acelerado das cidades e da pobreza das zonas rurais. Fora amigo do compositor Wagner e com sua filosofia discutia o complexo relacionamento do mundo apolineo e dionisiáco. Porém, foi discussando sobre a liberdade e o existencialismo que sua obra rendeu frutos do pensamento moderno ocidental. Obras como 'Humano demasiado Humano' e 'Assim Falava Zaratustra' desnudam o pensamento do homem que se vê perdido entre o passado e o futuro e uma busca pela rejeiçao de tudo que as tradições ditas absolutistas tinham de pior: o bloqueio da liberdade individual em nome de uma sociedade vista como correta e religiosa. Não á toa o termo 'super homem' cunhado por Nietzsche em Zaratrustra e a 'morte de Deus' acenderiam tantas discussões entre filosofos e religiosos. Em Zaratustra, por exemplo, Nietzsche usa  um sabio e  imagens metafóricas para expor sua visão do que 'aquilo que não nos mata nos fortalece' e clama pelo  homem o direito de viver a vida como convier sem dar satisfação a sociedade ou divindade.

A Biblia Não Tinha Razão, Israel Finkelstein, Ed. Girafa.
Por este livro quase fui linchado por um grupo de professores religiosos na escola em que leciono. Também pudera o autor do livro diz que muito dos fatos ditos na Biblia são farsas ou mitos inventados. Israel Finkelstein é  chefe do departamento de arqueologia em Israel. Judeu, ele escreveu um livro em que afirma através de estudos arqueológicos que personalidades como  Abraão, Moisés, Davi e Adão, são mais mitos do povo hebreu que seres reais que um dia existiram. Ainda estou lendo este livro e sei que não é o primeiro que desmente as sagradas escrituras. De toda forma para quem estuda religião deve ser lido por ter pontos bem interessantes para discutir.

Lolita, Vladmir Nabokov, Circulo do Livro editorial.
O russo Vladmir Nabokov escandalizou a sociedade na época em seu livro foi lançado em 1952. O mundo ainda ouvia os ecos dos estudos do Complexo de Édipo de Sigmund Freud e os movimentos feministas estavam dando pequenos ensaios. Logo o mundo teria mudanças radicais... enquanto isso o seu livro Lolita chegava as livrarias. Contando a saga do professor de literatura chamado de Hubert e que fica apaixonado por uma menina de 14 anos. Com a pedofilia em discussão nos dias de hoje, o livro de Nabukov se tornou mais atual do que nunca. Posteriormente a obra de Nabokov iria enfluenciar toda uma geração de escritores como Nelson Rodrigues e sua 'Presença de Anita'.

Os Simbolos Misticos, Brenda Mallon, Coleção Larousse.
Para os que gostam de estudo de ícones (iconologia) e semiotica os livros de Brenda Mallon são bastante simples e até pobres de conteúdo, mas possui a capacidade de atrair os leigos que gostam do assunto. Com varios simbolos que são destrinchados a autora explica de forma objetiva ícones que se tornaram representações de religiões e sociedades como a suástica budista, a cruz irlandeza e os arabescos muçulmanos. Recomendo para os exotéricos em geral.

domingo, 17 de junho de 2012

Sessão Quadrinhos: Duelo de Titãs


O mundo dos quadrinhos ocidentais se divide em dois univesos: os da clássica DC comics e os revolcionários da Marvel. Quer queiramos ou não, são estas duas editoras que formataram o que se conhece de quadrinhos no Ocidente.

Durante anos a guerra entre decenautas e marvetes (estes termos existiam ha muito tempo nos antigos formatos- reivsta pequena- e hoje são quase extintos)ficava restrita as correspondência de cartas nas revistinhas que eu colecionava quando moleque. Depois que o Batman ganhou o seu filme em 1989 e mostrou a rentabilidade dos super heróis para os grandes estudios de cinema, todo mundo passou a comentar sobre as HQ's e sua paixão ou ódio por determinado personagem
  
Tendo a sua origem antes dos anos 50, a DC Comics é o lar dos personagens Super Man e Batman, que são vistos como clássicos e básicos para se entender o mundo dos gibis de super heróis. Por muito tempo foram o símbolo máximo de como deveriam ser os heróis uniformizados e sua exaltação as qualidades do american on life.

Mais tarde apareceria a Marvel Comics tendo como idealizadores Stan Lee e Jack Kirby que criariam personagens singulares como o Homem-Aranha,  o Capitão América, e claro, o Hulk. Os fãs dos gibis da Marvel dizem que os seus personagens são mais humanos e com histórias mais envolventes que os da rival DC, e que por isto são revolucionários.

Durante anos os super heróis da DC reinaram sozinhos em várias midias enquanto a Marvel amargava experiências nada criativas ( um filme ruim da Mulher Hulk e do Quarteto Fantástico nos a nos 80). Logicamente que nem tudo que a DC fazia era um primor (basta lembrar que depois do primeiro filme de sucesso do Super Man em 1978 houveram as continuações ruins e nos anos 90 as pessimas aventuras do Batman e no ano passado o irregular filme do Lanterna Verde).
  
Por outro lado a Marvel foi se reerguendo aos poucos com produções modestas como Blade (hoje infelizmente esquecido) e arrasa quarteirões como Homem-Aranha de 2000 e Homem de Ferro de 2009.
A cuminância em Os vingadores era só uma questão de tempo. Um projeto bem arquitetado e que por isto vem dando certo.
Em contra partida a DC transformou Batman no personagem mais rentável do cinema (se juntarmos a nova trilogia feita por Christopher Nolan eos outros filmes anteriores do Tim Burton é dinheiro que não acaba mais...), porém a DC nunca conseguiu repetir o mesmo feito com outros personagens e espera que o novo filme do Super Man reverta tudo e quem sabe a Liga da Justiça finalmente saia dos gibis para as telas.
Marvetes e decenautas ainda tem muito o que brigar e o cinema ainda, por pelo menos nos próximos anos, ainda terá os gibis como tema para filmes bons e ruins.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A Arte do Kitch e do Insólito


Existem linguagens artisticas que rompem com o que é chamado de tradição e esteticamente harmonioso. Basta lembrar da exposição 'Corpos' que em 2010 chamou a atenção de milhares de pessoas para algo visto por alguns como artistico e por outros como mal-gosto e aterrador.
 
Desde da antiguidade classica o conflito de classico/ anticlássico convive no mesmo espaço, quase de  forma 'harmoniosa'. E´só lembrar das igrejas góticas com os seus demônios de pedra em seus parapeitos. Ou nas cariátides ( colunas em forma de mulher) em alguns templos gregos e posteriormente em edificações barrocas cheias de floreios em seus capitéis.

Hoje o que seria mal gosto pelo exagero e até 'forçação de barra' de certa foi já foi apreciado como suprasumo da arte. Se não fosse por isto, por exemplo, a arte pop e o kitch (artificial) não teriam virado tema na arte contemporânea. Muitos artistas trabalham o que seria uma mescla de iconoclastia (quebra de ícones) com uma reavaliação do que seria bom gosto e clássico.
  
Desde os movimentos de vanguardas, passando pelo Situacionismo, e claro pela glamourização do mundo mass media; que os artistas atuais procuram analisar as obras de arte ou pelo apego ao artesanal e o naify ( a arte não acadêmica e presumivelmente pura  não contaminda por conceitos) e a arte dita como conceitual, termo que não concordo, já que ao meu ver toda a arte é conceitual independente da época.
É nesta divisão entre o naify eo conceitualismo ( para muitos uma arte intelectual 'cabeça') que reside as obras grotescas e ktich.
 
Artistas como a fotografa Cindy Sherman ( que brinca com o artificialismo e o não real dos retratos), os monstros boschnianos do canadense Mark Prent e o americano Kris Kuksi e os trabalhos video artisticos de Bill Viola. são representações do discursso de analise do que seria arte legitima e o que é o mero produto para seduzir as massas.
 
Não há como não perguntar aonde se encaixaria as capas de disco do Iron Maiden ou se os celulares multicoloridos seriam objetos artisticos funcionais ou apenas máquinas descartaveis até determinada função de uso. O kitch e o juízo de bom e mal gosto estaria em saber o que pode ser considerado artistico. Seria as estatuas ou monumentos públicos às vezes abandonados porque se tornaram tão comuns na paisagem que não mais chaman a atenção dos transeuntes obras de arte?  Seria o carro bem planejado por designers com suas qualidades chamativas de cores e preço? O ato de empalhar animais mortos e coloca-los em estantes de consultórios para enfeitar o  recinto já poderia enquadrar a taxidermia como tecnica artistica? 
Transformar lixo em algo prazeiroso para os olhos seria arte?  

sexta-feira, 8 de junho de 2012

A Arte e o Dia dos Namorados


Estava eu indo para casa depois de um longo dia de tarefa quando encontrando um dos meus alunos na parada de ônibus ele me perguntou: Professor que dia se comemora o 'Dia dos Namorados'?
Por incrivel que pareça eu não lembrava desta data, aliás os Dia dos Namorados sempre me passou despercebido. Não é que eu seja imprudente com a pessoa que esteja comigo, mas é que eu costumo sair com a amada contantemente e sempre procurei dar alguns presentes sem me preocupar com uma data especifica para demonstrar carinho ou afeição.

Se você está disponivel e sempre presente para a pessoa acaba tendo a impressão que o Dia dos Namorados é todo dia. O mesmo ocorre com o Dia das Mães, Dia dos Pais. Quantos filhos somente presenteiam as mães no mês de maio? Quantos filhos somente abraçam os pais e dizem 'eu te amo' para ele no mês de agosto?


Enfim, para aproveitar o mês de junho vasculhei o tema do amor no mundo das artes e encontrei casos emblemáticos de romances de personalidades famosas do mundo artistico:
-A desolação amorosa de Van Gogh, que o levou a decepar a sua orelha direita por não ter seu amor correspondido por uma prostituta;
-Os casos amorosos e torridos de Pablo Picasso com a depressiva fotografa Dora Maar e o caso de suicidio de Marie Thérese, de 15 anos, que era louca pelo pintor espanhol;
-As idas e vindas dos artistas mexicanos Frida Khalo e Diego Rivera: Ela havia sofrido um terrivel acidente quando jovem e ele era uma celebridade no mundo artistico mexicano. Se casaram e viveram um amor intenso e cheio de traições e aventuras;
-A briga de egos e amor destrutivo de Camile Claudeu e Rodin, que levou a escultora a passar os seus últimos dias no sanatório em Paris;
-O amor criativo e 'canibal' de Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade eclodindo na Semana de 22;
-A poesia triste de amor perdido de Cruz e Souza por sua amada falecida e que inaugurou a poesia simbolista no Brasil;
-O amor não consumado de Romeu e Julieta na mais famosa peça de Shakspeare;
-O amor desoluto que levou Dante para o Inferno em nome de Beatriz.
Tantas histórias de amor...Dedico esta postagem a uma pessoa muito especial. Feliz Dia dos Namorados!

domingo, 3 de junho de 2012

Luiz Gonzaga: Rei do Nordeste


As festas juninas deste ano tem um sabor todo diferente dos anos anteriores. E mesmo os que não gostam dos festejos acabam se contaminando com os eventos. No caso específico o sabor de diferença vem com o centenário de Luiz Gonzaga.

Divulgador do xote, maxixe e do baião no Sudeste, Luiz Gonzaga nasceu em Exu em um 13 de dezembro de 1912 no Recife. Seu pai que era lavrador e músico de arcodeon foi quem lhe ensinou a tocar o instrumento que o faria famoso mais tarde. Depois de muitas aventuras que incluem romances proibidos e alistamento militar o jovem Luiz Gonzaga resolveu se mudar para o Rio de Janeiro onde participa de programas de radio famosos como o de Ary Barroso em 1941.

Com o passar dos anos a sua fama foi aumentando, talvez, por causa das grandes migrações de nordestinos que saiam de suas terras a procura de melhores oportunidades e sair da seca. Como sofreu dificuldades para se estabelecer na cidade grande, Luiz Gonzaga praticamente se tornou a voz dos oprimidos com suas letras que falavam da dificuldade do pobre e do nordestino em meio as adversidades. Musicas como 'Asa Branca' que eram do cancioneiro popular nordestino logo penetraram no gosto dos exigentes sulistas.e derrubavam um muro que existia entre a cultura nordestina e das cidades grandes tidas como 'modernas'.
  
Pai do não menos criativo Gonzaguinha, Luiz Gonzaga faleceu em 1989 de parada cardiáca em Pernambuco. Sua morte apenas intensificou o poder de suas músicas transformando-o em um mito que influenciou novas gerações que tocam o forró 'pé de serra' e chegando inclusive a ser revereciado por musicos de outros estilos (o roqueiro baiano Raul Seixas adorava as músicas de Luiz Gonzaga e até Renato Russo parafraseou o 'xote da cajuína' em seu último show ao vivo com a Legião gravado em cd).
Enfim, nas escolas de todo o Brasil Luiz Gonzaga virou tema de festa junina.

Ele merece!

sábado, 2 de junho de 2012

Escrevendo Um Romance: 22ª Parte

CAVALEIROS E EXORCISTAS


©2012 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.


O CONTRA -ATAQUE DE ÁTILA

Fúria ficou aflita com o relato do guarani moribundo e perguntou a Aquiles o que ele poderia fazer. O monsenhor olhava para todos os lados e passando a mão ligeiramente sobre a cabeça calva e de poucos fios esbranquiçados demorava a dar uma resposta.
Diana então tomou a frente da situação e disse que deveriam as amazonas preparar uma barricada e fortificar a aldeia com todas as lanças e flechas que pudessem ser usadas. Buldica concordou e correu para montar um exercito de guerreiras dispostas a uma batalha tão inesperada.
Fúria então com orgulho da filha disse para Aquiles:
-         Minha filha lutará por uma guerra que não é nossa. Aproveite o momento e faça a sua parte!
Como se sentisse desafiado, o monsenhor gritou pelo nome de Michelangelo. Este veio correndo perguntando o que havia acontecido para o mestre. Aquiles deu uma ordem para nos prepararmos para o ataque de Atila. Perguntou quantas de nossas armaduras ainda tinham serventia.
Michelangelo disse que poucas armas eram aproveitáveis. Mas na hora de uma luta até mesmo pedaços de paus e pedras seriam armas mortais se bem usadas. Aquiles ficou satisfeito com a resposta e disse para todos nos vestirmos nossas couraças e cotas de malha, pois, iríamos finalmente por um fim aos nossos rivais.
O sol já estava em estágio crepuscular quando começamos a ouvir um barulho de tropel. As guerreiras amazonas de Diana estavam estrategicamente encima das árvores mais frondosas para não serem vistas e com estranhas pinturas sobre os corpos para se confundirem com a vegetação.
Outras guerreiras estavam montadas em cavalos portando escudos e espadas como valquirias do reino de Odin. A maior parte dos homens de nosso exercito estavam vestidos com suas armaduras e de frente a entrada da aldeia das guerreiras prontas para a vinda de Atila.
O tropel de cavalos se tornou um barulho ensurdecedor quando finalmente vimos os soldados de Átila chegando. Um de seus homens portava um estandarte com a figura de um unicórnio. Um indiozinho karanyo estava à frente batendo um tambor primitivo enquanto outro menino índio tocava uma flauta.
Atila então veio encima de seu corcel negro com olhar imponente e escondendo a ferida produzida pela ultima luta. Com altivez começou a bradar:

-         O fim se aproxima Aquiles! Eu disse que iria decepar a sua cabeça e coloca-la na ponta de uma lança. Pois bem, prepare-se para morrer!

Aquiles não deu resposta ao insulto. Desta vez não queria falar e sim lutar até o fim. Esperou Atila desembainhar a sua espada e dar um grito de ‘avante’, para então a batalha começar.
Os guerreiros de Atila correram em nossa direção e não perceberam que Diana e suas irmãs amazonas estavam nas copas das árvores. Sem notar eles foram surpreendidos com chuva de flechas e lanças que caiam sobre as suas cabeças. Diana com sua agilidade felina caiu por cima de um cavaleiro fazendo a sua lança atravessar o elmo até transpassar o peito.
Atila parecia não querer acreditar na armadilha preparada para ele e continuou avançando. Aquiles esperou acontecer outro revés para Atila para assim iniciar o seu ataque pessoal: os cavaleiros do inimigo sem perceberem caíram em buracos que foram cavados horas antes de sua chegada. Cada buraco estava forrado de estacas pontiagudas. Para cada cavaleiro que caia na armadilha morriam um cavalo e seu cavaleiro empalados.
Desesperado por causa da situação Atila começou a recuar. Foi o momento propicio para Aquiles atacar. Michelangelo e eu abríamos caminho perfurando couraças com nossas lanças. Bonelli liderando outros homens usou as catapultas que arremessavam de dentro da aldeia bolas de palha embebidas com óleo e depois incendiadas sobre os inimigos.
As labaredas caiam sobre as árvores e espalhadas pelo vento tomaram conta do campo de batalha. Tanto guerreiras amazonas quanto os cavaleiros inimigos tinham suas peles queimadas pelas chamas. Enquanto homens morriam inflamados, as guerreiras com suas táticas peculiares lançavam flechas em outros adversários.
Aquiles e Atila chocaram suas espadas enquanto mantinham controle sobre suas montarias. O monsenhor aproveitou que seu inimigo estava em desvantagem física e assim dava golpes fortíssimos. Sem ter como se equilibrar Atila caiu do cavalo e perdeu o seu elmo na queda. Aquiles para demonstrar justiça resolveu descer do seu corcel e assim a luta se deslocou para o solo. Em outro lugar eu podia ver Michelangelo derrubando cavaleiros com sua clava. De repente, a arma caiu de suas mãos após receber um golpe de lança pelas costas. Tentei voltar com o meu cavalo para perto dele para acudi-lo. Contudo, eu não sabia lidar com a montaria e em vez de ir para a direção que eu indicava o cavalo ia para outra.
‘Besta inútil!’ Eu gritava para o pobre animal, enquanto Michelangelo era cercado como um cervo por cães de caça ferozes. Como grande guerreiro ele desembainhou a espada mesmo ferido e assim passou a lutar de igual para igual com os oponentes. Sua técnica de luta invejável fez que ele matasse dois inimigos de uma só vez e em seguida cortasse outro ao meio.
Eu tentava imita-lo, mas não tinha as mesmas habilidades: cortava os meus inimigos sem leva-los a morte e os que eu tirava a vida era por sorte do destino. Vi então o que era inacreditável: Michelangelo fora ferido novamente, só que desta vez a lança do inimigo atravessou o ventre e saiu pelas costas. Pulei do cavalo e corri para socorre-lo. Com muita raiva matei dois dos seus assassinos e assim pude acudir meu amigo ferido.
Segurei forte a sua mão e ouvi seu ultimo suspiro:

-         Amigo! Eu lutei pela relíquia. Espero que Deus veja isto com bons olhos e me dê um lugar no Céu.

Ouvi aquilo com lagrimas nos olhos e não me sentia preparado para lhe dar a extrema unção, mas assim mesmo fiz um sinal da cruz em sua testa.
Voltei para olhar ao redor e vi os soldados de Atila invadindo a aldeia das amazonas. Precisava agora ajuda-las!