quinta-feira, 19 de abril de 2012
Sessão Sai Capeta: Obras Grotescas
A ideia de que a arte consiste em exaltar a beleza do homem e da natureza é muito comum para a maioria das pessoas. Quando em aula eu mostro obras de artistas que não se preocupam com tal conceito, geralmente os alunos costumam tacha-las de feias ou estranhas. Acredito que por causa do senso comum as pessoas na maioria das vezes e até entre alguns artistas retratar paisagens bucólicas ou pessoas de beleza fisica pareça ser a função da arte na vida do ser humano.
Ledo engano! Se olharmos na historia da arte veremos artistas que não se preocuparam em retratar somente coisas belas. É lógico, que em certos periodos da humanidade um tipo de beleza ou padrão que o valha é tido como base para uma sociedade e cultura. Ao mesmo tempo, para talvez quebrar essa hegemônia alguns artistas façam obras onde o que seria chamado de grotesco (desajeitado, feio e exagerado) se torne o ponto de trabalho.
Em certos periodos esse grotesco pode se transformar em um estilo que poderia ser visto, e porque não, virar um padrão de beleza. Foi assim com as esculturas gregas que retratavam monstros mitológicos ou as gargulas que eram motivo de decoração nas igrejas góticas do sul da França.
Um movimento que apoiou o exagero e o aparentemente feio foi o Barroco. Os atlantes colocados em colunas junto com arabescos e motivos florais pintados de ouro contrastava com anjos e santos pendurados em altares que mais pareciam miniaturas de palacios no interior das igrejas.
Os motivos florais e o excesso de brilho iriam se fortalecer no Rococó e nas operas.
Em alguns lugares fora da Italia o feio não era tido como algo estranho. Como os pintores holandeses que precursores da pintura a óleo faziam retratos e temas em que figuras ganhavam um excesso de detalhismo levando ao grotesco. Bosch, Bruegel e os irmãos Van Aeiken se tornaram simbolos desta forma de caracterização artistica.
No inicio do século XX as vanguardas európéias e o movimento expressionista e os resquicios do pós-impressionismo ditariam uma forma de expressar que desprezaria as tecnicas e formas da arte clássica vista como absolutas até então. Pintores como Marx Ernest, Frida Khalo, Kirchner e Duchamp posteriormente se uniriam aos trabalhos de simbolistas como Gustave Doré e até Goya em retratar de forma deformada o mundo e os homens.
Hoje o grotesco tem suas impressões no mundo do cinema de fantasia e terror em que figuras disformes saltam das telas e fascinam os espectadores.
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