Esta lenda urbana surgiu na década de 80 aos arredores das cidades satélites de Brasília. Naquela época havia poucos lugares de diversão para os jovens ( as grandes festas ocorriam em clubes ou em chamadas festas de 'lazer' nas entre quadras). Desta forma os jovens tinham somente poucos lugares como diversão.
Foi com muito entusiasmo que a juventude brasiliense recebeu então as primeira casas noturnas. O Plano Piloto como centro da Capital Federal foi o primeiro a ter grandes boates, que somente atraiam quem tinha um certo poder aquisitivo. Depois algumas cidades satélites começaram a ter também casas noturnas. As sextas feiras e sábados então, deixaram de ser um marasmo.
Katia foi uma das muitas jovens que ficara afoita ao saber que próximo a sua cidade havia uma casa noturna recém inaugurada. Filha única era tratada pelo pai, seu Osvaldo, como uma princesinha. Dificilmente saia de casa sozinha (pois seu pai era um policial daqueles bem rígidos). E como ele sempre dizia: 'Não é qualquer vagabundo, que irá tirar onda com a minha filha!'.
Katia não era a menina mais popular do colégio, mas também não era feia. Tinha cabelos escuros bem compridos e um sorriso cativante. Muitos meninos queriam chama-la para sair, porém a 'cara de mal' do seu pai espantava os pretendentes.
Um dia Márcia (uma das melhores amigas de Katia) conseguiu uns convites para ir ver uma banda internacional que tocaria no dia da inauguração da casa noturna. Pediu para a colega de sala ir com ela e mais algumas outras amigas. Katia apesar de estar no final do ensino médio era menor de idade , enquanto Márcia por ter repetido alguns anos já tinha mais de 18.
Por ser menor de idade as meninas poderiam ter problemas na hora de entrar na boate, pensou Katia, e seu pai com certeza ficaria bravo com ela se algo desse errado. Márcia todavia era esperta e dizia com toda convicção que conhecia o segurança da boate e assim poderiam entrar sem serem descobertas. Mesmo com este fato, Katia não poderia sair de casa à noite sem o seu pai saber.
Suas amigas então bolaram uma mentira para que Katia fosse com elas para a casa noturna: Ela deveria dizer que iria dormir na casa de Márcia, pois as duas teriam que fazer um trabalho de escola que poderia tomar a noite toda para ser concluído.
Motivada pelas amigas Katia resolveu tentar sair escondido. Para sua surpresa ao chegar em casa o pai aceitou a mentira e permitiu que a filha fosse dormir fora. Katia então pegou o seu vestido mais bonito e sua maquiagem e escondeu na mochila que levou junto com os livros, que segundo ela seriam usados para fazer o tal trabalho da escola. Na casa de Márcia ela se arrumou e juntas então foram para a boate que ficava no setor sul de Taguatinga.
Katia por curiosidade perguntou para a amiga o nome do lugar. Márcia disse toda eufórica que a boate tinha nome estrangeiro e bem bacana: se chamava Hell, com neon vermelho e tudo. Quando chegaram na boate viram uma fila enorme que dobrava a esquina. Katia então começou a pensar negativa e dizia em voz baixa para as amigas:
- Acho melhor irmos embora, tá muito cheio esse lugar!
Márcia então rebateu:
-Fica fria! Eu disse que conheço o segurança daqui. Logo a gente entra!
Como Márcia dissera em pouco tempo as amigas já estavam na boate e dançando ao som de bandas de New Wave e House. Para Katia era um mundo novo que conhecia. As luzes, os gases, o neon e o som de enormes caixa e o Dj na cabine pareciam coisa de outro mundo! Logo Katia se viu sozinha na casa noturna, pois suas amigas encontraram pares para conversar e dançar.
Cansada de tanto dançar a moça resolveu ir para uma mesa sentar e pedir algo para beber. Foi então que um rapaz apareceu em sua frente. Katia estranhou o cara, mas também não deixou de perceber que era um menino bonito e bem vestido. Ele olhou para ela fixamente e perguntou se ela estava sozinha. Como seu pai ensinara Katia de inicio não quis falar com o estranho. O rapaz insistiu novamente na pergunta e meio que sem jeito a garota falou que tinha vindo com as amigas.
O rapaz muito brincalhão logo ganhou a simpatia da menina. Não demorou muito e os dois já estavam dançando e bebendo. A noite foi passando e Katia cada vez mais envolvida com o rapaz esqueceu das amigas e do medo que tinha do pai. Pouco tempo depois a menina já estava beijando apaixonadamente o garoto.
De repente Katia perdeu a consciência e quando acordou já estava no carro de Márcia. As duas conversaram sobre a diversão que tiveram e Katia super feliz falava do rapaz que conhecera. Márcia, contudo dizia não ter visto ninguém ao lado de Katia. A garota estranhou o fato e continuou insistindo que havia conhecido um rapaz 'maravilhoso'.
Passaram-se então nove meses desde àquele dia. Katia havia ficado grávida, com certeza do rapaz que conhecera, e seu pai revoltado a expulsou de casa. Morando de favor em um lote pequeno de uma amiga da escola entrou em trabalho de parto. Márcia, sempre a sua amiga fiel, a levou ao hospital assim que soube da notícia.
Após horas de dor imensa, Katia enfim teve o bebê durante a madrugada de uma sexta feira 13. Logo que acordou da anestesia pediu para o médico trazer seu filho. O doutor com o rosto assustado tentou disfarçar que algo havia dado errado. Katia então com desespero pediu para ver o filho. A contra gosto o médico realizou o pedido da mãe. Katia então pode ver a criança que estava envolta sobre muitos panos.
Quando ela conseguiu ver o rosto do bebê teve uma terrível visão: A criança tinha a pele vermelha e portava chifres na fronte, e no lugar dos pés tinha cascos de cavalo e uma causa saindo por entre as pernas. O choro da criança mais parecia um urro de um cão raivoso.
A amiga de Katia ao ver a criança desmaiou. Os funcionários do hospital entraram em desespero ao ver a cena. Depois disso, dizem que Katia cometeu suicidio e que antes matou a criança enforcada com o lençol do hospital. Esta história durante muito tempo foi comentada em várias cidades satélites e jornais locais.