quarta-feira, 26 de março de 2014

Sessão Contos Bizarros: A Estranha Paixão de Um Necrófilo

Sebastião era o típico cara tímido. Morava com a mãe e sendo filho único ganhava muita atenção da doce velhinha de quase 72 anos. Não era muito de sair a noite. Passava a boa parte do tempo assistindo a programas de auditório e series policialescas. Não tinha namorada e não tinha amigos.
Para não dizer que era um homem totalmente solitário, criava um gato preto de nome Judas. Sebastião tinha um emprego: trabalhava a quase dez anos no IML da cidade de Timbó. Era mais um lugarejo que uma cidade na verdade, porém como toda localidade pequena todo mundo se conhecia. No IML de Timbó quase ninguém trabalhava. Tudo porque quase ninguém morria. A maior parte da população era de velhos e que já beirava a casa dos cem anos. Com poucas mortes nem o cemitério da cidade funcionava. Quando alguém morria era um verdadeiro alvoroço, faltava soltar fogos e ter uma festa, só da falta que dava de ver um enterro.
Certa noite chegou o rabecão na cidade em alta velocidade. Os tripulantes do veiculo vieram deixar no IML o corpo de uma vítima de afogamento. Sebastião que trabalhava especificamente na necropsia começou a se preparar para o serviço: pegou uma daquelas macas de ferro e trouxe todo o aparato para abrir o defunto. Quando o cadáver foi posto na maca de ferro, Sebastião levou um susto. O defunto era uma linda moça no alto de seus vinte e poucos anos. Ela tinha cabelos longos e pele amorenada. 
Delicadamente Sebastião tirou as vestes da defunta e começou a preparar o exame de corpo de delito. Como não tinha muitos funcionários no IML Sebastião trabalhava sozinho. Com luvas e um bisturi nas mãos Sebastião já estava pronto para começar o seu trabalho. Contudo, ele exitou. Olhou fixamente para a moça e ficou mais um pouco admirando a sua beleza fria. 
Começou a alisar a pele sem vida do cadáver. Na sua cabeça imaginou como seria a morta em vida: poderia ter sido uma boa filha, poderia ter sido uma garota que gostava de se divertir e enfim, por sua beleza devia atrair a atenção de vários rapazes. Sebastião então imaginou que se tivesse conhecido a moça em vida quem sabe não poderia te-la chamado para sair, ir ao cinema ou curtir uma festa, sei lá...
Sebastião então se viu apaixonado pela recém morta. De repente uma ideia estranha passou pela sua cabeça. Olhou para os lados e foi até a porta da sala de necropsia para ver se algum guarda viria. Vendo que ninguém aparecia, Sebastião correu até a maca onde estava a defunta. Olhou para a morta com um olhar de compaixão e então...deu um beijo na boca já azulada da morta. Para um cara que nunca arrumou uma namorada Sebastião parecia satisfeito com a situação que passava. 
Perdidamente apaixonado pela defunta como um adolescente que tem a primeira namorada, Sebastião resolveu dar mais um beijo no seu amor morto. levantou a cabeça caída do cadáver e como que imitasse um galã de novela resolveu dar um beijo cinematográfico. Fechando os olhos  resolveu beijar o seu amor. 
Os lábios se tocaram  e Sebastião beijava a defunta como se ela estivesse viva. De repente o inesperado ocorreu! A defunta abraçou Sebastião com força.  Os olhos dela se abriram e pareciam vermelhos como o Inferno. Sebastião não acreditava no que estava acontecendo. Debatia-se contra o cadáver que o segurava com toda força do mundo.O pesado corpo da defunta caiu sobre o de Sebastião e este veio ao chão. 
O guarda da portaria ouviu o barulho e resolveu ver o que estava acontecendo. Chegando na sala de necropsia não encontrou nem Sebastião e muito menos o corpo da moça morta. No chão havia apenas o bisturi que Sebastião segurava e uma poça de sangue.
Depois de anos ninguém mais soube de Sebastião e muitos tentam entender como ele desapareceu sem deixar pistas. Essa história é até hoje muito contada pelos arredores de Timbó! 

quinta-feira, 6 de março de 2014

Tim Burton: O Cineasta Gótico


Existem filmes que nos causam impacto quando o vimos e nunca mais somos os mesmo. Dentro de minhas memórias nunca esqueci quando assisti nos anos 90 na Sessão da Tarde o filme Edward Mãos de Tesoura do diretor americano Tim Burton.
Johnny Depp era somente um galã que era retalhado por Fred Kruegger no emblemático A Hora do Pesadelo, quando me surpreendeu com sua interpretação de um monstro que tinha tesouras afiadas no lugar das mãos lá nos idos de 1990.

O tom sombrio do filme aliado a trilha do inseparável parceiro de Burton, o compositor Denny Elfman, ajudou a gravar em minha mente aquela figura estranha que mais parecia ter saído de alguma pintura surrealista ou de um filme expressionista alemão.
Passado todos esses anos continuo a me conectar com o cinema que Tim Burton faz e que de certa forma mudou os padrões de Hollywood. Recentemente revi o filme do Batman dirigido por ele em 1989. Naquele ano o filme do homem morcego era o grande arrasa quarteirão do final da década. Nada de Stallone ou algum brutamontes musculoso destruindo prédios ou soviéticos. O herói desta vez era um homem soturno vestido de morcego e voando por uma cidade gótica e bizarra.

Sem perceber Tim Burton que antes havia sido um funcionário da Disney e que era incompreendido por seus trabalhos excêntricos, se tornaria uma marca e referência para toda uma geração nos anos seguintes. Diretores como Alex Proyer (O Corvo e Eu, Robô) e Paul Anderson (Resident Evil) tentam seguir a cartilha de expressionismo gótico que Burton assina em seus filmes.
Desde criança Burton já nutria um fascínio pelo estranho e o insólito: era leitor assíduo das obras de Edgar Allan Poe e de filme de monstros dos anos 50 e 60.
O seu primeiro trabalho foi o curta metragem chamado Vincent, uma homenagem ao famoso ator de filmes de Terror Vincent Price. Logo neste trabalho Burton já mostrava as suas características autorais, como os bonecos de estilo deformado e olhar triste e cenas escuras com um toque de humor negro. Com grande talento para a animação ele faria mais tarde filmes como O estranho Mundo de Jack e claro, A Noiva Cadáver. 

Entre seus trabalhos o que eu mais gosto é o A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, e o controverso Planeta dos Macacos. Para muita gente talvez, os seus últimos filmes mais voltados para as fábulas sejam os mais lembrados como Alice no País das Maravilhas e A Estranha Fábrica de Chocolate.
Não importa o filme, desde que seja soturno e legal é do Tim Burton!

quarta-feira, 5 de março de 2014

A Arte de Confeccionar Escultura de Monstro de Durepox 3


Olá  meus amigos do blog! Depois de um descanso no feriado de Carnaval agora sim, viveremos o ano de 2014 ( muita gente costuma dizer que o ano realmente se inicia depois do Carnaval). Esperemos que  esse ano seja de realizações e oportunidade para todos.
Para os que curtem as postagens voltadas para a confecção de trabalhos escultóricos feitos por mim, deixo uma obra recente que fiz no feriado último. Trata-se de uma escultura de um homem sem pele (somente os músculos e com asas). Como sempre explico:
Adão (durepox e tecnica mista)

1- A base da figura é um boneco de plástico;
2- Eu customizo o boneco com durepoxi;
3- Depois de seco o durepoxi, passo a pintar o boneco com tinta acrílica;
4- Enquanto o boneco seca eu confecciono as asas com papel sulfite;
5- Colo sobre as asas de papel palitos de dente;
6- depois de colar os palitos eu pinto as asas com spray acrilex;
7- colo as asas de papel na escultura e depois coloco-a em um pedestal feito de abertura de lata de aluminio recortado.
E aí esta a escultura de durepox!Quem gostou desta postagem espere mais pelas próximas. OBS: para fazer esta obra me inspirei em alguns livros de anatomia, na famosa exposição 'Corpos' e nas ilustrações do pintor romântico William Blake para o livro 'Paraíso Perdido' de John Milton.