O MENINO QUE VISLUMBRAVA MONSTROS
©2013 Paulo Af.
Esta obra é uma ficção, não tem dados históricos oficiais reais e todos os personagens são fictícios, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência
CAPITULO IV
A escola Rainha da Paz estava agora em um novo alvoroço: a Semana de Artes começava. Nesta semana os alunos mostrariam os seus talentos, assistiriam filmes e peças de teatro. Como tomava todo o horário de aula as crianças vinham em peso para a escola e se divertiam bastante. Lógico que nem todos os alunos gostavam da Semana de Arte e até alguns pais reclamavam alegando que os meninos tinham é que ter aula com livros e quadro e não ficar pintando e desenhando.
Alguns alunos como o Pedrão, por exemplo, detestavam a Semana de Artes e queriam mesmo uma oportunidade para provocar alguma confusão. Kaué, ao contrário dele, apoiava e por que não dizer se sentia bem em meio o ambiente que transbordava tanta arte e criatividade. Participava de todas as oficinas (desenho, pintura, gravura, escultura e poesia) mesmo sendo visto como problemático na aprendizagem por ser TDH.
Concentrava-se nas tarefas e se se esmerava como ninguém nas oficinas produzindo lindos trabalhos de arte. Os professores sempre acabavam colocando os seus trabalhos no mural e elogiando seus múltiplos talentos artísticos.
No último dia da Semana houve uma apresentação de uma peça de teatro. Uma trupe foi apresentar uma peça do Ariano Suassuna. As maiorias dos alunos jovens costumam rejeitar as apresentações por acharem menos interessantes que cinema 3D ou vídeo game.
Kauê é uma das parcelas de alunos que adora teatro e foi prestigiar a peça. A sala estava escura quando ele chegou e somente uma luz zenital clareava o palco. Devido à quantidade de cadeiras vazias o silêncio imperava no recinto. Kauê aproveitou o vazio da sala para escolher um bom lugar e viu então, uma poltrona vazia na fileira da frente. Para a sua surpresa Izabel estava sentada lá. Pensou consigo: ‘posso sentar ao lado dela e quem sabe conversar’.
Sem muito alarde sentou próximo da garota que parecia não tê-lo notado de inicio. Passados alguns minutos ela finalmente percebeu a sua presença, sorriu e começou a lhe falar:
- E aí kauê! Veio ver a peça também?
- Oi... Izabel! Eh... Você também tá aqui!?
- claro, eu não to falando contigo, cara?
- Ah! É mesmo. Você gosta de teatro?
- Pô meu é o maior barato! Cê gosta?
- Demais, cara!
As luzes então apagaram e em seguida a peça começou: figuras de homens e mulheres fantasiadas de personagens estranhos dançavam, cantavam e recitavam no palco. A luz zenital seguia os movimentos de cada personagem e o riso e a satisfação transpareciam nos rostos que assistiam a peça.
Kauê não tirava o olho das cenas e com seu jeito afoito se animava cada vez mais com a peça de teatro. Naquele momento ele se imaginava como um dos atores e também imaginava Izabel ao seu lado brincando de interpretar personagens. Depois de meia hora a apresentação terminou. A menor platéia aplaudia entusiasmada os atores. Por fim, o elenco agradeceu ao público. Um deles vestido com uma roupa dourada e usando uma máscara africana e de voz empostada se despediu de todo mundo junto com seus companheiros de palco.
Na saída do teatro, Kauê tentou continuar a conversar com Izabel, porém ela já tinha desaparecido. Preocupado, ele olhava para todos os lados e nada da garota. A tristeza veio em seu coração e mais uma vez Kauê perdeu a oportunidade de ficar um pouco mais com sua paixão platônica.
Nem bem o garoto cabisbaixo estava saindo ouviu uma voz cavernosa lhe chamando:
- Kauê, espera um pouco!
Kauê não reconheceu a voz, então virou o rosto rapidamente para ver quem era. Ficou surpreso em ver que quem lhe chamava era um dos atores da peça que acabara de assistir. Meio tímido ele foi então falar com o ator que estava usando ainda a fantasia e uma máscara:
- O senhor me conhece?
- Claro, quem não lhe conhece!? De onde eu vim você é muito conhecido, todos falam de você!
O garoto abriu um sorriso de franqueza e ao mesmo tempo com o olhar espantado foi logo falando:
- É mesmo! De onde o senhor veio, posso saber!?
- Eu vim de um lugar que você não deve se lembrar agora, mas deveria visitar de vez em quando.
- Eu não sei do que o senhor está falando. O senhor conhece a minha mãe?
- Não se preocupe eu te trouxe um presente.
O ator então, fez uns movimentos como de mágico com as mãos e do nada fez aparecer um par de óculos. O menino olhou a mágica e meio que admirado perguntou:
- Como é que você isto?
- Oras, é mágica! É um presente que fiz para você, pegue!
O menino recebeu o par de óculos, contudo não era um par de óculos qualquer. Eram os chamados óculos 3D, daqueles que se usa no cinema para ver os filmes. Aparentemente a lente vermelha e azul não pareciam ter nada de especial. Kauê olhou com desdém e então disse para o ator:
-Eu já tive um destes.
O ator retrucou:
- Estes são diferentes! Coloque diante dos seus olhos e verá!
Kauê pôs os óculos no rosto e então algo estranho começou a acontecer: inicialmente tudo ficou escuro como se fosse noite e então um clarão apareceu como se fosse um sol. O brilho do sol era intenso, mas não o suficiente para cegar. Kauê viu que a escola não estava mais diante dele e no lugar dela aparecia uma enorme porta de ferro.
Quando o menino tirou os óculos para dizer assustado o que viu notou que a escola estava no lugar e que o ator que havia lhe dado o presente sumiu! Algo estranho estava acontecendo e Kauê tentava saber o que era. Colocou os óculos no bolso e saiu assustado da escola.