sábado, 27 de outubro de 2012
Cruz e Sousa: Negritude e Poesia
O mês de outubro esta acabando e o mês de novembro logo iniciará a contagem regressiva de final de ano. É neste mês próximo também, que se comemora o 'Dia da Consciência Negra'. Não sei se foi de forma estratégica mas, varios veiculos de comunicação já de uns tempos para cá procuram de certa forma falar do assunto. É o caso da novela global das 18:00 h 'Lado a Lado' que fala da abolição da escravatura e do inicio das primeiras favelas no período colonial.
Como entusiasta da valorização do individuo não importa a raça, credo ou sexo em toda e qualquer area, resolvi focar a minha postagem dessa semana em uma figura que representa a importância dos negros na literatura. Não ha como falar de negritude e poesia sem não tocar no nome de Cruz e Sousa.
Primeiro poeta simbolista no país, quando aliás o Simbolismo nem era aqui conhecido. É bom falar em seu nome para uma geração (principalmene afro descendente) que só conhece jogadores de futebol ou rappers como figuras do negro no mundo social.
Nada contra, porém antes de Mano Brown ou qualquer outro representante da poesia cantada, foi Cruz e Sousa o precursor do gênero quando nem o rap existia. De certa forma não ha como entender de poesia simbolista sem entender suas caracteristicas principais entre elas a musicalidade e o ritmo.
Nascido em 21 de novembro de 1861, João da Cruz Sousa viveu em Florianópolis. Filho de escravos sem mescla teve a oportunidade de estudar graças ao apadrinhamento de seu antigo senhor que havia alforriado a sua familia. Depois escreveu em jornais abolicionistas mais tarde se tornou funcionario publico. Nunca escapou infelizmente do racismo e do preconceito que muitas vezes lhe bloqueava boas oportunidades na vida.
Em 1893 casou-se com Gavita Rosa Gonçalves (negra alforriada) e com ela teve quatro filhos. Para a infelicidade do casal todos os filhos tiveram morte tragica o que levou a mulher a uma longa depressão e loucura. Com a morte dos filhos e da mulher e sem emprego, Cruz e Sousa passa a viver na miseria e a escrever suas poesias cheias de aliterações, musicalidade e tristeza.
Sem nunca ter tido um comprovado contato com as obras de Boudelaire, Edgar Allan poe ou Mallarmé; Cruz e Sousa se comunicou instintivamente ao mundo simbolista. Sua obsessão pela cor branca (talvez uma inconsciente revolta ao racismo que sofrera) e sua sinestesia ( sensações invertidas) trouxe um ar espiritual e metafisico a suas poesias:
Carceres das Almas
Ah! Toda alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tarde, natureza.
( Cruz e Sousa)
Tendo pubicado somente uma coletanea de suas poesias intitulada de 'Broquéis', Cruz e Sousa morreu como um indigente em 1897 de tuberculose. Dizem que seu corpo foi transladado de Minas Gerais para o Rio de Janeiro em um vagão de animais. Uma morte muito cruel e injusta para o primeiro grande poeta de cor brasileiro!
Hoje a obra de Cruz e Sousa é super valorizada e esmiuçada nas faculdades e universidades do Brasil e do mundo, o que nos dá orgulho e felicidade e assim espero que sua obra seja mais conhecida principalmente pelos mais jovens.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Sessão Sai Capeta: O Grotesco e os filmes de Terror
Já faz um bom tempo que eu não voltava com a nossa Sessão Sai Capeta. É aqui que relembramos e discutimos o grotesco, o insólito e o bizarro na arte ou em qualquer linguagem de expressão humana. No caso o nosso tema será o grotesco nos filmes de terror. Vi recentimente o ultimo filme do diretor Ridley Scott o 'Prometheus' e também o ultimo filme da franquia 'Efeito paranormal 4'.
De longe gostei do filme do Ridley Scott ainda mais que ele trouxe para uma geração que não conhecia o temivel Alien. Tem tanta cena horripilante no filme que fica dificil dizer qual é a mais bacana: os temiveis protozoários gigantes que entram por goela a dentro dos pobres astronautas, ou a cena em que a heróina do filme tem que fazer um aborto temendo que da sua barriga nasça um terrivel monstro...não posso dizer mais (tem que ver o filme mesmo).
Já o 'Efeito Paranormal 4' tenta manter o clima dos primeiros filmes (confesso que gostei mais da terceira parte, por achar que finalmente seria a ultima). O velho estilo falso documentário parece meio repetitivo e nada de novo acontece no filme. Somente alguns efeitos especiais parecem surpreender em certas medidas. Enfim quem gosta...
Porém não só estes filmes possuem cenas grotescas interessantes. Vamos nos lembrar dos velhos filmes dos anos 80, em que os efeitos eram animatronicos e até simples em alguns momentos. Filmes como Hellraiser (1987) do escritor Clive Barker e os terriveis Cenobitas até hoje assustam a quem vê os filmes.
Outro que entrou no inconsciente coletivo e deixou 'saudades foi o Fred Krugger no primeiro 'A Hora do Pesadelo' (1985) e claro, 'A Mosca' (1988) de David Cronnenberg.
Outro filme marcante era 'A Hora do Espanto' (1985) em que um vampiro procurava de todas as maneiras matar um jovem que havia descoberto o seu segredo. Depois deste somente 'Dracula de Bram Stoker' (1989) de Francis Ford Coppola mostraria um vampiro tão violento e cruel.
Cada filme desses tinha uma ou mais cenas que tinham algo de insolito e tão grotesco que deixaria qualquer pintor surrealista assombrado. Por falar em Surrealismo não ha como não esquecer do filme 'Alucinações do Passado' (1990) de Adrian Line onde um ex-soldado do Vietnã, retorna para os EUA com delirios e alucinações que beiram as pinturas de Dali e do pintor Francis Bacon. Para terminar um filme que não é de terror mas possue cenas insólitas é o filme musical 'The Wall' (1979) dirigido por Allan Parker é que retrata a viagem aterradora de um músico conturbado ( o grande ponto está na trilha do grupo Pink Floyd).
Se você nunca assistiu a estes filmes veja e se diverta bastante com eles!
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Sessão Papo Cabeça: Edir Macedo e as suspeitas Auto biografias
Recentimente adquiri um livro sobre personalidades famosas chamado de 'As 100 Maiores Personalidades da História'. O livro escrito pelo cientista e escritor Michael H. Hart tenta traçar a evolução da humanidade apartir de pessoas que em varias areas marcaram o mundo. Controverso o autor logo diz que a personalidade mais importante da humanidade não é Jesus Cristo... e sim Maomé!
O mais bacana do livro é tentar ver que muitas personalidades mesmo com grandes trabalhos como Leonardo Da Vinci são desconsiderados ( e o autor explica o porque de suas escolhas). O estudo da vida de uma celebridade histórica requer uma grande pesquisa e claro, na maioria das vezes um contra balanço entre os que falam bem e os que falam mal do biografado.
Nos ultimos anos tem aparecido inumeros livros de biografias de pessoas importantes e também muita picaretagem no meio. Costumo dizer que os melhores livros de biografias são das personalidades que já morreram, pois assim não podem se defender das criticas e nem manipular as informações.
E aí que entra o meu desconfiar nas auto biografias. Aqueles livros em que o biografado ele mesmo escreve a sua história ou paga para alguem fazer isto. As maiorias das auto biografias são um show de prepotencia e falta de humildade dos biografados ( eles mostram a sua propria vida com um ar de novela e heroismo duvidosos).
Um dos exemplos bem drásticos são as auto biografias da Lady Gaga e o do emblemático bispo Edir Macedo. Duas figuras que alem de estarem vivas tem muito ainda o que deixar de material para poderem ter suas biografias. Lady Gaga, por exemplo, só tem quatro discos gravados e a trajetoria se comparada a outros artistas como um Bob Dylan ou Michael Jackson é muito prematura para se darem um trabalho de escrever alguma coisa. Quem sabe quando estiver com uns 14 discos gravados e bem velhinha...
Já o nosso 'querido' bispo... Todo mundo sabe como Macedo ganhou a sua fortuna: milhares de pessoas humildes, sem instrução e de problemas sociais são o pilar de sustentação da carreira bem sucedida do dono da Record. Sem preconceito eu penso que duas coisas proliferam a exaustão na periferia: botecos e igrejas da Universal.
A falta de oportunidade de boas escolas e o não contato maior com os livros fazem que a população carente busque ajuda nestes lugares. Eu ainda sonho com a maior construção de bibliotecas publicas em periferias para aplacar estes sangue sugas que aproveitam da população. Nem mesmo a Igreja ´Católica consegue ir além do absolutismo, com as biografias do Papa Hatzinger (que nem de longe reflete o carisma e o poder de João Paulo II).
Na maioria das auto biografias o biografado se faz de vitima da sociedade e posa de herói. É o incompreendido e um gênio não percebido pelo mundo. Na auto biografia do bispo Macedo ele se diz vitima da imprensa que o julgou como um criminoso e transforma a sua prisão como uma reflexão espiritual (como se todo criminoso virasse Buda depois de ficar em uma cela fria e cheia de grades...). Depois 'magicamente' o cara descobre como fazer fortuna com palavras de motivação e citações estrategicas da Biblia. Daí para frente é dinheiro e compra de emissoras de Tv...
Enfim, sei que muitos torcerão o nariz a esta postagem. Porém, acredito como fã de biografias que podemos ter acesso a livros bacanas e bem legais de personalidades que de alguma maneira deixaram a sua marca na história da humanidade.
Assinar:
Postagens (Atom)